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Conhecimento aplicado em prol da sociedade

01 de Agosto de 2019 às 23:56

Conhecimento aplicado em prol da sociedade Desde sua criação, o LIS já teve a participação de cerca de 800 voluntários. Crédito da foto: Divulgação

Uma mesa para auxiliar na fisioterapia e recuperação dos movimentos das mãos de vítimas de queimaduras, que será destinada à Associação de Ajuda a Vítimas de Queimaduras de Sorocaba, a Aviq. Um projeto de iluminação que funcionará com energia solar e ajudará a ONG Litro de Luz Brasil, que leva luz por meio de garrafa pet a comunidades ribeirinhas. E, por fim, um trocador para atender alunos de uma escola pública de Sorocaba, desde bebês até crianças com obesidade, e jovens com deficiência, que são colocados no chão para essa ação. Esses são os principais projetos desenvolvidos atualmente por estudantes da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens) ligados ao Laboratório de Inovação Social (LIS). Desde sua criação, já foram entregues à comunidade mais de 50 projetos, que contaram com cerca de 800 voluntários participantes.

Coordenado por Raquel Barbosa Rogoschewski, o LIS teve início em 2016 e reúne todos os projetos do centro universitário, que envolvem ações voluntárias em prol da sociedade. “A ideia é que eles se sintam parte de algo maior na sociedade, que tenham uma atitude cidadã.” Os alunos se dedicam a tudo. Já fizeram limpeza da margem do rio (com orientação de equipe da Prefeitura), pintaram ONGs, costumam digitar notas fiscais para gerar crédito para as entidades, entre outras demandas. Há, ainda, projetos em que eles preparam alimentos e têm contato com moradores em situação de rua. “Isso tudo expande para eles a ideia do que é uma sociedade. Vêem que tem escassez, uma série de problemas sociais, e têm de saber aplicar a bagagem técnica que estão estudando para entregar valores para a sociedade”, diz a coordenadora. De acordo com Raquel, não são apenas os alunos que se voluntariam, mas os professores também.

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Conhecimento aplicado em prol da sociedade Poste de iluminação, com energia solar, ajudará a ONG Litro de Luz Brasil. Crédito da foto: Divulgação

Entre os projetos de destaque, ela lembra do trabalho feito para a Associação dos Deficientes de Votorantim (ADV). Foram desenvolvidos cinco equipamentos para treinar crianças com deficiência intelectual e motora, de vários tamanhos, modelos e cores. “Entregamos no começo de 2017”, diz.

Também foi feito em 2017 um projeto para o Centro de Orientação e Educação Social, o Coeso. Guilherme Pereira de Souza Del Rio Bertola, 22 anos, estudante do 10º semestre do curso de Engenharia Química, foi um dos participantes e conta que a Coeso tem uma fábrica de sabão em pó e em pedra, mas estava precisando melhorar as fórmulas. Além de prestar esse auxílio, alunos criaram sabão líquido e em gel. “A fórmula que eles tinham deixava o sabão rançoso, ardia a mão e também tínhamos de tentar remover o cheiro, para facilitar a venda para a instituição”, comenta.

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O pH ideal para um sabão tem de estar entre 8 e 10, afirma Guilherme. “O deles estava com 13, quase 14, aí reduzimos para 8.9 e deixamos com um aroma agradável, uma aparência mais bonita”, orgulha-se. “Foi muito interessante fazer esse trabalho, ver tudo aquilo que eu aprendia acontecendo na minha frente. Outra coisa, ver o resultado foi significativo, tem um peso social por trás, então foi muito emocionante mesmo. Fizemos algo por eles que eles tivessem condição de continuar com a receita nova.”

Conhecimento aplicado em prol da sociedade Mesa auxiliará na fisioterapia e recuperação de pessoas vítimas de queimaduras. Crédito da foto: Divulgação

Programa é incentivo ao desenvolvimento de um olhar cidadão

O Laboratório de Inovação Social (LIS), que hoje faz parte de um departamento e tem inclusive verba para gastar em seis projetos anuais, surgiu por iniciativa de quatro alunos: Graziela Amanda Martins dos Santos, 23 anos, aluna do 8º semestre do curso de Engenharia de Produção; Bruna Cesar de Oliveira, 26 anos, do 9º semestre do curso de Engenharia de Produção; Cláudio Augusto Cartabiano Leite, 24 anos, do 9º semestre do curso de Engenharia Civil; e Felipe Luís dos Santos Araújo, 24 anos, também do 9º semestre do curso de Engenharia Civil. “Nos inspiramos no programa Engenheiros Sem Fronteiras, que servem à sociedade a partir de seu conhecimento”, afirma Graziela.

Conforme a estudante, ela e os colegas sentiram a necessidade de quebrar o paradigma de que engenharia é uma área apenas racional, para mostrar que o trabalho também pode ser humano. “Começamos em outubro de 2016 com pequenas mobilizações, incentivando um olhar de cidadão”, lembra. Mais tarde surgiu o LIS, que abrange todas as iniciativas solidárias da faculdade.

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A estratégia inicial do quarteto foi divulgar o projeto e tentar envolver os estudantes da faculdade na causa voluntária. “A Facens tem 4.300 alunos. A LIS impacta 25% com palestras e workshops, incentivando a aplicar o conhecimento para impactar positivamente a sociedade”, afirma a engenheira civil Tamara Nanni, 28 anos, aluna de pós em Gestão de Projetos e Inovação e responsável pelo programa Engenhando Para o Bem, que faz parte do LIS.

Conhecimento aplicado em prol da sociedade Graziela, uma das idealizadoras do projeto de voluntariado, faz um trabalho para a Associação dos Deficientes de Votorantim. Crédito da foto: Divulgação

Muitas iniciativas surgiram ao longo do tempo. Thiago Enzo Kagiyama Corrêa, 24 anos, aluno do 10º semestre do curso de Engenharia Química, lembra que na Facens há um curso que se tornou tradicional: inclusão digital para idosos. “Eu era tímido, então para ministrar aulas foi um pouco difícil. Mas como a intenção também é para o aluno conseguir desenvolver a oratória, o fato de ter de explicar que o já é do nosso cotidiano facilitou, então melhorei minha comunicação e perdi a timidez”, conta. Ageu Mendes de Proença Júnior, 24 anos, coordenador das aulas de inclusão digital, afirma que é muito gratificante ver o desenvolvimento dos alunos da Facens e também manter o contato com os idosos. “Alegra nosso dia, deixa a gente com um pique a mais. Sentir o carinho deles e realizar essa troca é um crescimento muito grande para uma pessoa”, disse. Outra colaboradora do projeto que se sentiu muito gratificada foi a Cristiane Satie Okada, 23 anos, aluna do 9º semestre de Engenharia de Produção.

Como O LIS foi ficando cada vez mais conhecido, escolas, entidades e instituições passaram a procurar pelos serviços dos alunos. Camila Abreu Yatsuda, 25 anos, aluna do último ano do curso de Engenharia Mecânica, participou do projeto Pescar, da Emerson, que visa oferecer formação para jovens de baixa renda com idades de 14 a 19 anos. “A gente dá aula não só de engenharia, mas de diversas matérias, complementando o que é ensinado no ensino médio e no técnico. Nossa missão é qualificá-los como técnicos, numa formação sócio-profissionalizante.”

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Camila contou, emocionada, que esse é um trabalho voluntário que marcou a sua vida. Ela, que até então pensava em ser engenheira, agora cogita seguir carreira como professora. Além de ter gostado muito de dar aulas, houve uma aceitação grande por parte dos alunos. Um deles, inclusive, a escolheu como uma das pessoas que marcou a sua vida. “Isso foi muito especial para mim”, diz.

Referência em inovação, a Facens conta com nove cursos de Engenharia, um de Arquitetura e Urbanismo e um de Tecnologia em Jogos Digitais, além de cursos de pós-graduação, MBAs e especializações. “Oferecemos oportunidades para todos participarem de projetos voluntários”, afirma Raquel Rogoschewski, coordenadora do Laboratório de Inovação Social (LIS).

Interessados em ter demandas atendidas pelos estudantes podem enviar pedidos para [email protected]. (Daniela Jacinto)

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