Nova era
Experiência pedagógica precisa estar conectada à realidade
Busca é pela ampliação de unidades que utilizam a tecnologia como ferramenta educacional

Nos dias atuais é praticamente impossível imaginar um ambiente sem nenhum equipamento tecnológico por perto, como o celular. É claro que, se o uso de tablets, smartphones e notebooks é tão comum em ambientes profissionais e pessoais, a escola precisa acompanhar essa evolução.
Segundo pesquisa com crianças e adolescentes, entre 9 e 17 anos, o número de acessos girava em torno de 86%, o que equivale a 24,3 milhões de indivíduos conectados, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil em levantamento realizado em 2018. A organização não divulgou um novo dado referente às crianças em 2021/2022, porém é inegável que a pandemia da Covid-19 provocou uma mudança, um tanto quanto forçada, da necessidade de inserção da internet em diversos ambientes. Com isso ocorreu um salto no número de dispositivos digitais em uso. Em junho deste ano foram registrados 447 milhões aparelhos ativos, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, ou seja, mais de dois dispositivos por habitante no país, sendo que antes a média era 1.6 por usuário.
No ambiente educacional, com as escolas fechadas em 2020 e 2021, professores, coordenadores, gestores de educação, alunos e até os pais precisaram se readaptar a nova realidade com aulas online, vídeos criativos e apoio familiar nas atividades. O começo foi difícil, mas com o tempo e a pandemia apresentando melhoras, as aulas presenciais foram retornando aos poucos. Só que tudo mudou, os alunos estavam mais conectados do que nunca.
O que por um tempo foi tido como tabu ou algo ‘a mais, mas quando sobrar tempo’ teve que entrar definitivamente como metodologia complementar nas unidades de ensino. Mas como equilibrar o uso tão intenso da tecnologia com as práticas e metodologias já existentes e que fazem parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?
Ferramentas para a criatividade
Thais Lucindo é professora de educação infantil há nove anos e vê o quanto a tecnologia auxilia na criatividade dos alunos. É possível utilizar esse recurso para trabalhar dentro de um tema ou mesmo várias disciplinas. “Daqui alguns anos eles sairão com a tecnologia totalmente inserida e as crianças amam essa interação”, explica.
A professora leciona na escola municipal Duljara Fernandes de Oliveira, no Jardim Santo Amaro, na zona norte da cidade, há três meses. Ele conversou com a reportagem do jornal Cruzeiro do Sul na chamada “sala maker”, que tem como objetivo proporcionar a prática e a vivência do que aprendem em aula, como profissões, novidades tecnológicas, robótica, entre outras atividades. A sala é uma novidade e busca ampliar as vivências obtidas pelos alunos. Agora os computadores vão até os alunos. “Achamos muito importante trazer esse mundo para eles, tanto para os que já têm a ferramenta como para os que não têm acesso à internet”, explicou a gestora de desenvolvimento educacional do programa Edutec, responsável pela introdução das metodologias e técnicas tecnológicas vivenciadas nas escolas municipais de Sorocaba.
“Hoje cerca de 70 escolas já possuem a escola 100% conectada e estamos ampliando esse número. Em breve, haverá uma cobertura total das unidades de ensino em Sorocaba, de acordo com o nosso planejamento de inserção de tecnologia para as salas sorocabanas”, contou o Secretário de Educação de Sorocaba, Márcio Carrara.
Entre os alunos que adoram “sair da sala de aula” para viver novas experiências estão Mirella Gouveia Cancio e José Pedro de Lima, ambos com 9 anos. Para eles, a interação com a tecnologia é muito legal porque é diferente do que fazem em casa. “Isso agrega bastante pra gente, né?”, ponderou o estudante José.
E como agrega. Com experiência há 12 anos na educação, o diretor da escola, Alex Sandro dos Santos, contou que a proposta da tecnologia na escola não deve ser apenas para ensinar a manusear equipamentos eletrônicos, até por que as crianças de hoje são nativos digitais aqueles que já nasceram com a vivência tecnológica englobado em seu dia a dia. O papel do educador é ensinar, principalmente, a organizar a informação e entender que a tecnologia veio para contribuir e não nos controlar. “A escola precisa fazer esse equilíbrio entre o digital mostrando que, além do digital existe um mundo presencial, das relações, do afeto, de troca de conhecimento, de brincadeiras, então, a gente tem que trabalhar nisso e ensinar o aluno a interpretar essas informações disponíveis na rede”, finaliza o educador. (Thais Marcolino)
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