Ônus da pandemia
Pesquisa aponta aprendizado menor para crianças vulneráveis
Segundo estudo, crianças aprenderam, em média, 65% do que geralmente aprendiam em aulas presenciais

Uma pesquisa publicada no dia 16 de setembro na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação mostra o impacto da pandemia com o fechamento das escolas e a adoção de aulas remotas. Segundo o estudo as crianças aprenderam, em média, 65% do que geralmente aprendiam em aulas presenciais. Isso equivale a cerca de quatro meses de aulas perdidos. Contudo, as crianças em situação de maior vulnerabilidade social aprenderam, em média, quase a metade, 48%, do que seria esperado.
O trabalho dos pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University, na Inglaterra, observou 671 crianças do segundo ano da pré-escola, com idades entre 5 e 6 anos, de 21 escolas da rede privada e conveniada na cidade do Rio de Janeiro. As conveniadas são escolas privadas parceiras da rede pública, que atendem alunos que não encontram vaga nessa rede.
Vale lembrar que levantamentos que medem o impacto da pandemia no aprendizado dos estudantes foram realizados em outros países, mas esse é o primeiro feito no Brasil com foco na educação infantil. Os dados revelam que aumentou a desigualdade de aprendizagem durante o ano de 2020 e causou impacto sobretudo nas crianças de famílias com perfil socioeconômico mais baixo.
Foram realizados testes individuais em dois momentos: no início e no fim do ano letivo para medir o aprendizado ao longo dos respectivos anos letivos, 2019 e 2020, e compará-los. Os professores das escolas e os responsáveis pelas crianças também responderam a um questionário sobre o desenvolvimento infantil.
Os resultados mostram que as crianças que cursaram o segundo ano da pré-escola em 2020, a maior parte do tempo no formato remoto, aprenderam 66% em linguagem e 64% em matemática em comparação com o aprendizado em 2019.
A pré-escola é a etapa que antecede o ensino fundamental e os aprendizados ali influenciam o processo de alfabetização, que se iniciará na etapa seguinte. No teste feito pelos pesquisadores foi considerada, por exemplo, a identificação das letras e dos números.
O trabalho ainda está em andamento. Estão sendo coletados dados para estimar os impactos da pandemia em médio prazo, equivalente ao ano letivo de 2022. A pesquisa, que é financiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. (Da Redação com Agência Brasil)