Enquanto muitos adultos contavam os dias para o fim das férias, a criançada aproveitava a melhor parte do ano: aquele tempo em que a escola dá lugar à liberdade, à brincadeira e à criatividade. Em Sorocaba, quem passou pelo Sesc ou pelo shopping Iguatemi Esplanada durante o recesso percebeu que os espaços se transformaram em verdadeiros mundos paralelos, onde areia virava praia, quadras se tornavam pistas de patinação e desenhos ganhavam vida pelas mãos pequenas e cheias de tinta.

No Sesc Sorocaba, o local virou o “point” das férias para dezenas de crianças da cidade. Um verdadeiro parque de diversão, cheio de bicicletas, patins, brincadeiras na areia e muita energia acumulada. Por ali, nenhuma tela parecia mais interessante do que o chão para correr ou a quadra para deslizar.

Rebeca Oliveira Silva, 9 anos, é daquelas que vivem as férias intensamente. “Eu vim aqui pra andar de patins. Aí tô brincando bastante! Em casa eu brinco com minhas cachorras, meus gatos e aqui também. Ontem andei de bicicleta, patins, brinquei na areia e nos brinquedos. Hoje tô na areia e já já vou patinar de novo. É a minha primeira vez andando, mas já sou uma ótima patinadora!”

Ela mal terminava de falar e já se jogava de volta na areia, construindo um enorme buraco. Do outro lado da quadra, Gabriel Rodrigues Campagna de Almeida, de 7 anos, ajustava o capacete com a ajuda da mãe antes de subir na bicicleta. Ele estava focado e falava com a concentração de quem levava o aprendizado a sério. “Hoje eu aprendi mais um pouco, né? A gente vai treinando. Quanto mais treina, melhor vai ficando. Meu pai me ajuda a dar impulso. Quero aprender a pegar o embalo e virar a bicicleta direitinho.”

Mesmo de férias, Gabriel ainda tinha “lições de casa” na cabeça. “Tem lição de matemática, e também de música. Eu faço aula de música. As outras eu não lembro muito. Mas dá pra treinar a bicicleta também!”

Já Anny Rodrigues Rangel, 8 anos, era puro entusiasmo. Seu patins novo, presente de Natal, foi a estrela do dia. “Andei dentro de casa quando ganhei, mas minha mãe disse pra guardar e usar na quadra. Hoje vim aqui só pra treinar. Eu me senti feliz e realizada!”

Anny ainda emendava que já tinha ido ao cinema, visitado a casa da avó, pintado o famoso Bobbie Goods, só não tinha entrado na piscina. “Queria muito!”, dizia ela, rindo.

A poucos quilômetros dali, em um ambiente cheio de crianças animadas, estava a Oficina Bobbie Goods, no shopping Iguatemi. A atividade virou sensação nas férias escolares. Inspirada nos traços fofos e coloridos da marca Bobbie Goods, conhecida por seus desenhos lúdicos e estética “cute”, a oficina tinha como missão convidar as crianças a colorir, criar e soltar a imaginação.

No espaço, mesas cheias de canetinhas e desenhos ganhavam vida com as mãos atentas dos pequenos artistas. Para alguns, a experiência era nova; para outros, já tinha virado rotina das férias.

Thales Augusto Ferreira, de apenas 4 anos, exibia seus desenhos com orgulho. “Hoje eu tô pintando sapos! Eu tenho dois Bobbie Goods: um de dinossauro e um que tem um pintinho.” O pequeno estava com a mão na massa, pintando e com um sorriso no rosto. “Hoje eu pintei um sapo. O corpo é verde e a barriga é amarela. Minhas cores favoritas são verde e amarelo!”

Cada traço, cada cor, tinha um significado para os pequenos, mesmo que ainda não soubessem explicar o porquê.

Sophia Kanashiro Ta­shiro, 8 anos, avaliava a oficina com uma sinceridade divertida. “Não tenho pintado muito, porque pintar o Bobbie Goods dói muito a mão”, contava. Desenho favorito? Nenhum em especial. Mas quando o assunto era cor, ela não titubeava: “Eu não tenho um desenho preferido. Mas a minha cor favorita é azul.”

A honestidade infantil dava o tom das férias: nem tudo precisava ser perfeito, desde que fosse vivido com verdade. Entre uma pintura e outra, ela contava que também gostava de pular corda e brincar de queimada. “Mas não tenho muitas brincadeiras favoritas”, admitiu com uma risadinha.

Maria Eduarda Solá Garcia, também de 8 anos, é fã declarada de Bobbie Goods. E detalhista: “Tá sendo muito legal. O que eu mais gosto de pintar são os detalhes.” Ela completava com um dado impressionante: “Tenho cinco Bobbie Goods em casa! Tem dias que prefiro um desenho, tem dias que prefiro outro. Mas meu preferido é o ‘Dia e Noite’. Pinto os dois!”

Maria Eduarda levou a sério a escolha das cores e carregou seu conhecimento de artista como um verdadeiro tesouro.

Enquanto muitos viam as férias como tempo de “parar tudo”, para essas crianças foi o contrário: foi tempo de começar descobertas. E se fosse de capacete, com patins nos pés ou com as mãos sujas de tinta, melhor ainda, porque brincar também é um jeito de aprender.

João Frizo - programa de estágio