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O gambá que não estava

26 de Julho de 2025 às 21:09
Cruzeiro do Sul [email protected]
O gambá que não estava
O gambá que não estava (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Publicado pela primeira vez em 1950 e relançado no Brasil pela editora Boitatá, “O gambá que não estava” continua sendo uma história que dá o que pensar. O livro parece simples: um conto ilustrado sobre um gambá pequeno e sorridente que vivia feliz, pendurado de cabeça para baixo numa árvore, no meio da floresta. Mas, por trás dessa história, existe uma crítica muito importante sobre como as pessoas, muitas vezes, acham que sabem o que é melhor para os outros mesmo sem escutar ou entender de verdade.

Tudo começa quando um grupo de humanos vê o gambá e decide que ele está triste, só porque o seu sorriso é diferente do que eles conhecem. Eles não acreditam quando o gambá diz que está bem e o levam para a cidade para “consertar” o que, para eles, era um problema. Lá, tentam fazê-lo feliz com atividades barulhentas, brinquedos e ideias sobre o que deveria ser divertido tudo muito rápido e cheio de regras. Mas... será que alguém perguntou ao gambá o que ele queria?

Com frases que se repetem e situações que vão se acumulando, o livro mostra como é injusto quando algumas pessoas impõem suas próprias vontades, sem respeitar o jeito único de cada um ser feliz. As ilustrações em preto e branco ajudam a mostrar o contraste entre o mundo calmo e natural do gambá e a cidade barulhenta e cheia de pressa.

Essa história também nos faz pensar sobre como a publicidade e o consumo as propagandas na TV, nos jogos e nas redes tentam dizer o tempo todo o que a gente precisa ter ou fazer para ser feliz. Crianças, especialmente, escutam muitas dessas mensagens: que precisam do brinquedo da moda, das roupas certas, do último celular. Mas será que tudo isso é realmente necessário? Ou estão tentando nos convencer de que falta algo em nós, quando na verdade só precisamos ser ouvidos, respeitados e aceitos como somos?

Ao final do livro, pra mim, ficou a pergunta: quantas vezes os adultos, mesmo querendo ajudar, acabam tentando mudar as crianças só porque elas não seguem um padrão esperado?

“O gambá que não estava” é uma leitura para todas as idades, que nos faz pensar sobre respeito, liberdade e o valor de ser diferente. Porque nem tudo o que parece estar faltando está realmente ausente às vezes. Só não está do jeito que os outros esperam.

Vanessa Marconato Negrão é professora e sócia efetiva da Academia Sorocabana de Letras.