Arte
Alunos transformam traços em desenhos que ganham vida no papel
Com lápis e cor, crianças soltam a imaginação

Um prédio amarelo vibrante, com traços coloridos que chamam a atenção. A decoração é alegre por dentro e por fora. Essa é a sede da escola Baú Arte e Cultura, localizada na rua Amazonas, 335, no centro de Sorocaba. Lá, alunos de todas as idades podem aprender com aulas de canto, teatro, teatro musical, piano, violão, dança, ukulele, bateria, dublagem, bordado, pintura, escrita criativa e desenho.
Ao seguir por pastas quadradas, blocos de papel de diferentes tamanhos e muitas cores, os alunos da turma de desenho entram na sala reservada para os pequenos artistas. Nas paredes, há traços cheios de talento: desenhos pintados de animes famosos como One Piece e Dragon Ball Z, páginas de mangás no teto e produções dos próprios alunos em exposição.
As crianças, já acostumadas com a rotina, chegam, pegam seus papéis, colocam nos suportes e logo a aula começa. O professor, como diz o ditado “quem sabe faz ao vivo e a cores”, desenha junto com a turma. Ensina desde como segurar o lápis até a força certa para os traços, passando por diferentes técnicas. Para os alunos, a folha em branco vira um mundo inteiro de possibilidades: é diversão, expressão, imaginação, um espaço onde a criatividade cresce livre.
A pequena Júlia Kosaca Gujel, de 9 anos, se encantou ao ver o amigo desenhando e pediu à mãe para procurar uma aula. Teve de escolher entre o piano e o judô, e preferiu trocar o judô pelo desenho. Com a nova descoberta, Júlia já faz planos para o futuro. “Quando eu crescer, quero trabalhar com administração. Mas, no meu tempo livre, quero desenhar e talvez vender quadros”, conta.
Milena Schoti Moura, de 8 anos, também pensa no futuro com lápis na mão: “Quero aprender a desenhar para fazer obras de arte e desenhar coisas bonitas na escola. Quero desenhar para fazer alguma coisa quando crescer e também para me divertir”, diz ela.
Já Ryan Gabriel Inácio Castilho, de 12 anos, se apaixonou pelos detalhes. Depois de visitar um museu e ver desenhos de mangás, decidiu fazer aula de desenho e já está estudando há um ano. “Gosto do realismo, dos desenhos detalhados, dos mangás e das cores das pinturas. Estou aprendendo a fazer desenhos realistas e a usar cores mais chamativas”, explica. Para Ryan, desenhar é mais do que uma aula: “Ajuda a tirar a atenção do celular. Quando estou em casa e não tenho nada para fazer, pego um caderno e fico desenhando.”
Para Ísis Potapovas Martin, de 7 anos, desenhar faz parte da rotina desde os 3 anos de idade. Com incentivo dos pais, ela mostrou facilidade para copiar desenhos. O talento logo chamou a atenção também na escola. “Eu já gostava, porque desenhava bem. Na escola todo mundo me pedia para fazer desenho, eu desenhava bastante, sempre. Aí minha mãe começou a desenhar flor para eu ver e desenhar também, e resolveu me colocar nas aulas”, conta.
Vivendo da Arte
O artista plástico, músico e professor de desenho Anderson Antonio da Rosa, de 42 anos, conhecido como Andão, é um exemplo de que a arte pode ser mais do que um passatempo. “Trabalhei em muitas coisas, em empresas, mas nunca deixei de desenhar. O desenho, por um tempo, era só um hobby. Depois virou uma renda extra. Após a pandemia, entendi melhor que era possível viver da arte”, explica.
Na sala de aula, Andão enxerga muito mais do que apenas traços. “Toda criança começa a desenhar sem pensar se vai ser artista ou não”, afirma. Mas desde cedo ele ensina técnicas e, principalmente, incentiva a criatividade. “Estimulo muito esse lado criativo. Uso técnicas e dinâmicas para ajudar nesse desenvolvimento.”
Para ele, o desenho também é um respiro no meio de tanta tecnologia. “Hoje em dia, as crianças ficam muito no celular. Aqui elas se divertem, se conhecem, observam os desenhos dos colegas. Isso é muito importante”, conclui.
Galeria
Confira a galeria de fotos