A pandemia de Covid-19 teve um impacto profundo e duradouro no desenvolvimento das crianças em todo o mundo. O fechamento prolongado de escolas, a interrupção de atividades sociais e a necessidade de distanciamento físico trouxeram à tona uma série de desafios. Muitas crianças enfrentaram pela primeira vez o sentimento de isolamento, ansiedade e incerteza. As desigualdades na educação foram amplificadas, já que nem todas as crianças tinham acesso às tecnologias necessárias para o ensino online. O desenvolvimento social também foi gravemente afetado. Crianças em fase pré-escolar e de educação infantil perderam oportunidades cruciais de desenvolvimento de habilidades como compartilhar, cooperar e resolver conflitos. Ainda hoje estamos superando os desdobramentos da pandemia, seja pelos prejuízos citados acima, seja pela dor de ter perdido alguém querido nesse processo.

“Vovó virou semente”, livro da Editora Nós, traz um recorte desse período histórico pelo qual passamos e nos apresenta a história de Luiza, uma criança alegre e sensível que nutria uma relação de afeto incondicional para com a avó.

Eram dias inesquecíveis os que a menina passava junto dela, com cheiro de café, bolinho de chuva e muitas histórias. Com a chegada do vírus e do isolamento, esses dias deixaram de existir e de repente, só lhe restaram as lembranças. Por mais difícil que parecesse, todas as conversas que antecederam aquele tempo serviram de remédio para a saudade: ninguém passa pelo mundo sem deixar um legado, uma herança, e a posse dessas memórias, ninguém poderia tirar dela.

“Vovó Virou Semente” escrito por Rodrigo Ciríaco e ilustrado por Priwi traz de forma sensível e cuidadosa uma história sobre encontros e despedidas, com autenticidade cheia de significado.

Vanessa Marconato Negrão, professora e sócia efetiva titular da Academia Sorocabana de Letras