Um meio a um mundo digitalizado, onde as telas dominam o entretenimento infantil, um grupo de crianças se destaca ao cultivar um hobby que parece pertencer a uma era passada: fazer coleção de objetos. Seja de figurinhas, carrinhos, pedras, brinquedos ou selos, esses jovens colecionadores encontram na prática não apenas uma fonte de diversão, mas também uma maneira de desenvolver habilidades essenciais. A atividade de colecionar incentiva a organização, a paciência e o aprofundamento em conhecimentos específicos sobre os itens colecionados.

Para muitos desses pequenos entusiastas, cada peça adicionada à coleção é um novo tesouro, e cada troca com amigos, um momento inesquecível.

Hoje, vamos conhecer três crianças que têm esse hobby superlegal. Elas colecionam brinquedos de heróis, bolinhas, dinossauros, carrinhos, bonecas e bonecos. Vamos descobrir por que começaram, como conseguem seus itens e como a família e os amigos ajudam. (João Frizo - programa de estágio)

Kaleo e seus dinossauros

Kaleo Sobral Lima Graziano da Silveira tem sete anos e mais de 130 itens de dinossauros. Ele começou a sua coleção aos dois anos quando ganhou um dino do avô, mas sua paixão cresceu bastante no início da pandemia depois de ele assistir a “Jurassic Park”, o filme da década de 90. Hoje, sua coleção de brinquedos de dinossauros é enorme, possuindo uma variedade das espécies.

O sonho de Kaleo é ser paleontólogo, aquele profissional que faz escavações em busca de rastros como os de dinossauros, que ficaram preservados nas rochas sob a forma de fósseis. Ele sempre está atento às novas descobertas, assistindo a documentários e lendo livros sobre o assunto. Ele também adora fazer desenhos e ver tudo que envolva dinossauros.

Kaleo fez 7 anos no mês passado e o tema da festa não podia ser outro: dinossauros! A mamãe de Kaleo, Luana, nos contou que desde os seus três anos, o tema de aniversário de Kaleo são os dinossauros. “Às vezes, ele ganha dinossauros repetidos, mas ele não liga, diz que é bom para fazer batalhas entre eles”.

A mamãe, Luana, e o papai, Vinícius, incentivam o pequeno a continuar sua coleção e descobrir cada vez mais sobre os dinossauros, presenteando ele com novas espécies de dinos, levando em parques temáticos e livros sobre diferentes espécies. Agora, um desafio! A espécie favorita de Kaleo é o Deinonychus. Quem aí consegue ler esse nome?

Carrinhos do vovô para o Theodoro

Colecionar bolinhas e carrinhos é algo que o Theodoro de Oliveira adora. Theo tem 4 anos e sempre foi apaixonado por bolinhas pula-pula, aquelas encontradas em máquinas de um real. Segundo a mamãe, Caroane, “quando ele descobriu que colocando uma moeda na máquina devolvia uma bolinha, pegou gosto e sempre que vê uma máquina, quer comprar”.

Com essa paixão pelas bolinhas pula-pula, Theo sempre junta suas moedas de R$ 1, para assim que achar uma máquina, ele possa comprar e aumentar a coleção das bolinhas.

Mas as bolinhas não serviram apenas para brincar e se divertir. A mamãe aproveitou a quantidade e diversidade das cores das bolinhas para ensinar o Theo a contar, as cores e também sobre o cuidado com os brinquedos. Brinquedo bom mesmo é aquele que a gente se diverte e aprende com ele.

A mamãe Caroane ensina ao pequeno a respeito das bolinhas. ‘‘É mais fácil para ele assimilar, que aquela moedinha de um real é referente a uma bolinha’’.

Theo sempre junta suas moedas e quando vai ao shopping ou supermercado leva algumas para pegar as bolinhas na máquina. “O mais divertido é que você não sabe qual bolinha vai sair”, contou o pequeno.

Mas a coleção não para por aí, já ouviu falar sobre uma bolinha que vem surpresa dentro? Então...O Theo também coleciona!

Ele tem também uma coleção de carrinhos muito especial, que foi passada de geração em geração. Seus carrinhos vieram de seus primos que hoje em dia têm 20 e 25 anos, com isso, Theo foi guardando esses carrinhos e hoje em dia sua coleção conta com miniaturas que não são mais fabricadas no mundo. (João Frizo - programa de estágio)

Catarina, princesas, futebol e carrinhos

Apaixonada por Barbies, princesas e carrinhos HotWheels. Essa é a pequena Catarina Roggeri Lacorte, que tem cinco anos. Ela coleciona os carrinhos desde seu primeiro aninho, e sua coleção atualmente tem 25 carrinhos de diferentes modelos, desde coloridos até carros antigos.

A mamãe da Catarina, Carol, incentivou a pequena a começar sua coleção de bonecas aos três anos. A mamãe da pequena contou que, “no aniversário de três anos dela, ganhou a Barbie Sereia e uma Barbie Pet Sitter e ficou encantada. Foi quando entreguei as minhas duas para ela, a partir daí, já era...”.

A paixão pelas bonecas cresceu mais ainda quando a madrinha da pequena, que mora em Orlando, nos Estados Unidos, mandou três princesas e um castelo, foi ali que a magia da coleção começou. “Pedi para o Papai Noel a Rapunzel, para a vovó a Branca de Neve, e ganhei a Chelsie (irmã mais nova da Barbie)”, conta a pequena.

Mesmo tão novinha, a Catarina já tem um time do coração, o Palmeiras.Ela também começou sua coleção do time com ajuda do papai Rodrigo, um palmeirense fanático. Desde pequena, ele a presenteava com camisas, bandeiras e objetos relacionados ao time de paixão. No entanto, a dinâmica familiar é um pouco diferente, a mamãe Carol é são paulina. Apesar da rivalidade esportiva, há o respeito entre eles, mostrando o amor e admiração uns com os outros.

Segundo a mamãe Carol “ela (Catarina) foi entender o que era coleção, quando encontrou uma de moedas que era do avô dela. Desde então, ela ama brincar com a coleção e gosta de saber de quais países são e de qual ano foi fabricada”. (João Frizo - programa de estágio)

Colecionar traz muitos benefícios

O Cruzeirinho conversou com a psicóloga Francine Ribeiro para entender o que as crianças aprendem fazendo coleções. “Colecionar desenvolve a organização, paciência e o senso de responsabilidade”, explica Francine. “Também é uma ótima maneira de afastar as crianças das telas, já que elas precisam se concentrar, trocar e cuidar dos itens”. A psicóloga destaca que colecionar pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades sociais, pois elas interagem com outras pessoas que têm os mesmos interesses.

O pedagogo Leandro Fonseca acrescenta: “Além de tudo isso, colecionar cria momentos especiais em família, onde pais e filhos podem compartilhar histórias e interesses. É um verdadeiro antídoto contra os impactos negativos do excesso de tempo em frente às telas”. Leandro também aponta que as coleções incentivam a pesquisa e o aprendizado. “Quando uma crian­ça coleciona algo, ela naturalmente se interessa em aprender mais sobre o tema, seja pesquisando em livros, na internet ou assistindo a algo relacionado ao tema”.

O hábito de colecionar também promove um senso de responsabilidade, à medida que as crianças aprendem a cuidar e preservar seus itens, muitas vezes raros ou com grande valor sentimental. Em um mundo onde o momentâneo e o descartável parecem prevalecer, essas crianças estão resgatando o valor da permanência e do cuidado com aquilo que se possui.

As coleções não são apenas hobbies, mas sim uma maneira divertida e educativa de aprender coisas novas e criar laços com amigos e familiares. Além de desenvolver várias habilidades importantes, as crianças que fazem coleção ficam menos tempo em frente às telas, o que é ótimo para a saúde dos pequenos. (João Frizo - programa de estágio)

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