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29 de Junho de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Subramanyan foi um multiartista indiano, que se estivesse vivo, faria 100 anos este ano. Ele nasceu em 1924, foi pintor, gravurista, cenógrafo, escritor e uma das vozes que clamaram pelo movimento da independência da Índia na década de 1940. A principal característica do seu trabalho era correlacionar a arte à cultura popular da Índia, na intenção de valorizá-la. Dois de seus livros chegam agora ao Brasil “Nossos Amigos, os Ogros” e “O Rei e o Homenzinho”. Escolhi para compartilhar com vocês as minhas impressões de “Nossos Amigos, os Ogros”, publicado pela Baião, selo infantil da editora Todavia.

Nessa história, você fica sabendo que houve um tempo em que os ogros, essas criaturas conhecidas popularmente como monstruosas, viviam entre nós. Mas não sem um importante detalhe: eles eram beeeem esquisitos. A começar pelos seus hábitos alimentares: paus, pedras, panelas, parafusos e outras bizarrices faziam parte do cardápio, tudo avidamente devorado num bocado só. Imagino que a digestão de tantas bugigangas não haveria de ser tranquila, por isso os ogros aumentavam terrivelmente de tamanho, de modo que em pouco tempo eles ficavam enoooormes, e com eles também crescia sua malcriação.

Já não era mais possível que ogros e pessoas comuns vivessem em harmonia, enquanto as pessoas passeavam pelo jardim, os ogros pisoteavam as flores, assustavam a todos e causavam pânico geral.

Não havia mais remédio, o jeito era chamar os Caça-Ogros LTDA. Depois de uma longa reunião, os profissionais apresentaram a solução para aquele problema. “Vocês precisam capturá-los deitados!”

Ok, então tudo resolvido? Não, os Caça-Ogros não faziam esse tipo de trabalho, para isso era necessário chamar os Bisbilhoteiros LTDA. E de passo a passo, delegando sempre o próximo serviço a ser prestado, os ogros acabaram domesticados, aliás, os ogros e todos os outros também.

Uma analogia genial sobre as engrenagens da nossa sociedade bem explicada a adultos e crianças.

Vanessa Marconato Negrão, professora e sócia efetiva titular da Academia Sorocabana de Letras