O Brasil é hoje um país de pessoas mais experientes, o Censo de 2022, apontou que a população idosa alcançou o número de 31,2 milhões, sendo que 14,7% dos brasileiros hoje têm mais de 60 anos. E a projeção é de que esse número cresça ainda mais, segundo o IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2060, espera-se que a expectativa de vida chegue aos 81 anos.

No imaginário coletivo, pessoas idosas são constantemente vistas como referência histórica, percebidas como pessoas sábias, alicerçadas nas suas memórias e experiências de vida, fazendo o papel de guardiões dos valores e das tradições.

Nas histórias, na maioria das vezes, o idoso representa o conselheiro e cumpre a missão de interpretar para a criança o mundo dos adultos. E muito embora estejam com certa frequência nas histórias infantis, dificilmente ocupam o lugar de protagonistas, mas a história que eu trago hoje é uma feliz exceção.

Manuel, Rita, Flor, Hermínia, Roberto... não são apenas nomes, mas diferentes velhices cheias de bom humor, poesia e muitas memórias. São dezenove personalidades diferentes, cada qual com seus traços, predicados, manias, vivências...

Flor, por exemplo: “Adora gatos e flores. Gatos livres e flores no campo, nunca em vasos. Num dia especial, visitou um parque cheio de tulipas na Holanda. Flor se veste com roupas floridas em dias normais. Aos 73 anos, ela guarda muitos segredos, tem um olhar misterioso e ainda sonha em ser atriz. A neta de Flor se chama Margarida e, quando sorri para a avó, Flor parece abrir suas pétalas.”

A minha conclusão ao encerrar a leitura foi a de que a infância e a velhice são fases da vida muito parecidas: ambas rogam por paciência, contemplação e cuidados, cada uma na preciosidade de seu tempo.

Uma publicação da Companhia das Letrinhas, escrita e ilustrada pela artista Renata Bueno.

Vanessa Marconato Negrão, professora e sócia efetiva titular da Academia Sorocabana de Letras