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Uma bola, um campo e muita boa vontade

16 de Março de 2024 às 22:00
Thaís Marcolino [email protected]
Além de aprender o esporte, as aulas também proporcionam desenvolvimento físico, emocional e social dos alunos
Além de aprender o esporte, as aulas também proporcionam desenvolvimento físico, emocional e social dos alunos (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)

Bola na trave não altera o placar / Bola na área sem ninguém para cabecear / Bola na rede para fazer o gol / Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Essas frases são da música “É uma Partida de Futebol”, da banda Skank. Talvez a melodia não seja tão familiar para as crianças de hoje, mas basta prestar atenção na letra para perceber que a identificação para muitos é grande.

Observando o interesse nessa prática esportiva tão familiar para os brasileiros e a necessidade de atividades na zona leste de Sorocaba, que mexessem nas áreas social e humanitária, o supervisor de contabilidade Roberto Fabri criou uma escolinha de futebol infantil na Vila Haro, em 2021.

Para participar, as crianças e adolescentes de 6 a 14 anos não precisam gostar apenas de futebol. É necessário ser um bom aluno na escola e não faltar com frequência. “Capacitar as crianças à prática saudável de atividades físicas e de coordenação motora, onde buscamos tirar as crianças de uma rotina sedentária, desenvolver o cérebro e o corpo, esse é nosso objetivo”, explicou o coordenador de 33 anos.

Atualmente, são 125 crianças matriculadas. Entre elas os irmãos Davi Héctor e Victor Gabriel Mattos Soares, de 10 e 12 anos, respectivamente. A dupla soube do projeto via redes sociais e não demorou muito para pedir para participar, afinal, o futebol é um dos principais assuntos dela desde os três anos de idade. Os dois integram a equipe há poucas semanas, mas já amam. “Eu gosto muito de treinar lá porque quero muito jogar com outros times e lá ensinam muito bem a jogar futebol”, disse Davi.

Apesar da ideia surgir do Roberto, é o professor Márcio Macalé, formado em educação física e com mais de 20 anos de experiência — quando o assunto é trabalhar com crianças e adolescentes — que ensina as melhores estratégias dentro de campo para a garotada. As aulas acontecem aos sábados, mas se dependesse dos alunos, a chuteira pisaria no campo todos os dias. “Podia ser mais vezes na semana mesmo, eu fico triste quando eu não treino com meus colegas da equipe de futebol”, lamentou o estudante de 12 anos, Victor Gabriel.

Em um time de futebol há, ao menos, seis posições dentro de campo. O Rayan Pietro de Souza, de 10 anos, aproveita as aulas gratuitas para se desenvolver na zaga e sonha em ser um jogador de seu time do coração, o Corinthians. “Quero ser zagueiro porque é uma posição bem legal e importante”, explicou o pequeno. Além de treinar futebol, fazer amizades é algo que ele também gosta. “As pessoas são bem legais e me ajudam”, complementou.

Mesmo sendo pequenos, os aspectos físicos e estratégicos, como qualquer escola de futebol, é trabalhado nos alunos. Por isso que, para quem ama o esporte, ir aos treinos toda semana é um misto de brincadeira com algo sério. Apesar de ser o mais jovem da turma, com apenas cinco anos, o Heitor Sabóia da Silva, sonha jogar no Barcelona, clube da Catalunha, na Espanha. “Eu gosto muito de aprender tudo que o professor ensina. Quando não vou ao projeto brinco de futebol com meu pai na pracinha, ou fico sozinho chutando a bola no quintal”, contou Heitor.

Com tantos depoimentos carregados de gratidão e emoção, Roberto Fabri tem a certeza de que a missão está sendo cumprida com maestria. “Resgatar as raízes da nossa região, onde temos uma dificuldade de recreação e lazer e transformar as crianças para um futuro mais saudável acima de tudo é fantástico”, analisa.

Família orgulhosa

Se para a criançada o projeto é um primeiro passo na realização de um sonho, para as famílias é motivo de orgulho. A camareira Claudia Sabóia, de 29 anos, tem a expectativa de o projeto crescer e beneficiar ainda mais crianças com a oportunidade de desenvolvimento. “O Heitor é a quarta geração da família que é apaixonada pelo futebol. Ele tem o pai como inspiração, acompanha os jogos do pai, quer jogar junto com os adultos. Como pais, vamos apoiar e correr atrás do sonho dele sempre”, disse a mãe do pequeno Heitor.

O sentimento é parecido para a mãe do Rayan. Ela acredita que o Betinho, como também é conhecido o Roberto Fabri, está dando a oportunidade para as crianças crescerem. “São tantas coisas para além do futebol. É uma oportunidade e tanto ver meu filho feliz”, comentou Sabrina Fernanda de Souza Costa, de 44 anos.

Mãe da dupla Davi e Victor, a Aline Mattos Ferreira Soares também observou uma mudança no comportamento dos filhos dentro de casa. “Após começarem a jogar bola foi maravilhoso para o desenvolvimento deles tanto psicológico, como físico e também na disciplina. Eles estão mais felizes, pois estão fazendo o que realmente gostam”, observou a técnica de enfermagem de 31 anos.

“O sentimento de proporcionar algo inédito em nossa comunidade e no qual era carente desse tipo de recreação e atividades, é um sentimento inexplicável e de gratidão ao ver no rosto das crianças e familiares um brilho e um sonho sendo realizado”, comenta o supervisor de contabilidade.

Você pode ajudar

Por ser um projeto social, o governo não ajuda mensalmente com verba, por exemplo. Por isso, a colaboração, sejam elas quais forem, é muito importante. “A iniciativa é uma oportunidade de continuar o desenvolvimento para atividades socioculturais em nossa comunidade”, finaliza o idealizador, Roberto Fabri.

Para saber mais do projeto, entre em contato no número (15) 99287-1807.

 

Iniciativa parecida existe na zona norte

Um projeto com aulas gratuitas de futebol acontece na zona norte da cidade, mais precisamente no Parque Vitória Régia. Em 2015 o serralheiro Francinaldo da Cruz Santos, o Naldinho, criou o Projeto Social da Paz F.C.
No início, apenas crianças e adolescentes do bairro Santa Catarina 2 participavam das aulas. Com o tempo, outros meninos e meninas de bairros da região, como Herbert de Souza e Vitória Régia 2 e 3 se juntaram às turmas. Hoje, depois de nove anos, a iniciativa contempla 150 alunos.
Os treinos e jogos oficiais acontecem, semanalmente, no campo de futebol do Parque Amedeo Franciulli, no Vitória Régia. Mas, assim como o da Vila Haro, a ajuda, seja da comunidade ou de empresários, é muito importante. Por isso, para saber mais e ajudar o projeto, entre em contato no número (15) 98803-6914 ou pelas redes sociais do “Projeto Social da Paz Futebol Club”.

 

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