Os vagalumes são seres que me trazem lindas lembranças. Avistar um vagalume nas noites da minha infância no sítio era como encontrar um tesouro. E não sou só eu quem reconhece esses insetos como quase mágicos; várias lendas e contos falam sobre a sua bioluminescência e fazem analogias à origem de sua luz. No nordeste brasileiro, por exemplo, algumas crianças acreditam que se um vagalume for colocado sob um copo, na manhã seguinte uma moeda estará em seu lugar. Na Argentina, existe a crença de que o vagalume indica pela direção do seu vôo um tesouro.

Ligia Zanella, ilustradora e quadrinista sorocabana, também traz em seu primeiro título infantil autoral os vagalumes como protagonistas. “O reino dos vagalumes sem luz” conta a história de uma comunidade de pirilampos apagados. No escuro, as cores não eram visíveis, ninguém se preocupava em limpar as ruas ou se arrumar. Quando a luz reaparece, os vagalumes mais velhos não ficam muito felizes; eles já estavam acostumados à escuridão, e achavam melhor deixar tudo como sempre foi. Desse modo, a luz é expulsa do reino. E só as crianças, em sua notável sensibilidade, podem iluminar tudo novamente.

Essa e outras artes de Lígia Zanella podem ser adquiridas através do Instagram @ligia_zanella.

Vanessa Marconato Negrão, professora e sócia efetiva titular da Academia Sorocabana de Letras