No dicionário, orbitar significa: “andar à volta de; descrever uma órbita”. A Terra orbita o Sol, sabemos disso há cerca de 450 anos, quando Nicolau Copérnico apresentou à humanidade provas convincentes deste fenômeno, e também que os dias se sucedem às noites e as noites aos dias, porque a Terra gira sobre si própria.

Já na forma figurada, orbitar tem o sentido de: “estar na esfera de ação ou de influência de alguém ou algo”.

Quem está na sua órbita? Guardadas as devidas proporções, me imagino orbitando muitas pessoas: as quais me apoiei, me inspirei, me espelhei. Do mesmo modo, vejo os seres que me orbitam, me acompanham, me olham sorvendo os meus gestos, que estão de certa forma sob minha influência. E nesse último grupo, claro, estão as crianças, meu maior propósito.

Ao estudar a primeira infância aprendemos que no, início da vida, o bebê acredita que ele e a mãe são uma coisa só. Alguns especialistas chamam isso de “exterogestação” uma teoria que sugere que a gestação humana é de 12 meses. São 9 meses ao abrigo do útero, do lado de dentro, e 3 meses do lado de fora, pele com pele. A órbita entre mãe e filho se dá nessa interação tão íntima e necessária, que irá reverberar por toda uma vida.

Nessa história, um astronauta se vê solitário, pequeno, insignificante diante do universo que habita e reflete sobre as impermanências da vida, o transbordar do amor. A partir daí os papéis se invertem, e é o criador que passa a andar em volta da criatura, enquanto ela estende sua vida para além do núcleo familiar e passa a orbitar outros mundos, numa analogia perfeita da relação de amor incondicional entre pais e filhos.

Alexandre Rampazo oferece “Orbitar” -- certamente um dos livros mais bonitos de sua carreira -- às filhas Gabriela e Giulia. Um livro tão bonito que recebeu importantes prêmios literários como o Prêmio Jabuti, o Prêmio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o Prêmio Fundación Cuatrogatos e o Troféu Monteiro Lobato. Publicado pela Editora Maralto.

Vanessa Marconato Negrão é professora e apaixonada pela literatura infantil