Cruzeirinho
Museu Ettore Marangoni conserva a história de Votorantim
Dos povos originários à emancipação, passando pela indústria e pelo futebol, visita proporciona uma viagem pelo tempo
O museu não é apenas o local onde encontramos coisas “velhas”. Ele nos oferece a chance de entender e visualizar, ao menos um pouco, da história que ele busca contar. O Museu Histórico Ettore Marangoni, em Votorantim, por exemplo, é um espaço onde o público encontra informações sobre a formação da cidade e materiais que geram muita curiosidade por ser completamente diferente dos que temos hoje, como um projetor de cinema e moedas e cédulas desde muito antes do Real.
Quem teve o prazer de vivenciar tudo isso foi a turma do 5º ano A do Colégio Cristão Antenor Thomazi, que fica na avenida São João, do ladinho do museu. Eles visitaram o espaço no comecinho de outubro e ficaram animados com tantas descobertas.
O museu é dividido em três salas. Primeiro eles aprenderam sobre a cachoeira da Chave. Ela, inclusive, tem relação com a escolha do nome do município. Os povos originários a descobriram e deram o nome de “Boturati”, mas que, com o tempo, foi se transformando em Ibirantim, Voturaty até chegar ao que conhecemos: Votorantim. Também há um espaço dedicado aos bondinhos, em homenagem à antiga ferrovia construída pelas Indústrias Votorantim.
Em seguida, conheceram um pouco sobre a história da Fábrica de Tecidos - a construção mais antiga da cidade - e por que Votorantim ganhou a fama de “capital do cimento”. Esse título tem a ver com a Vila de Santa Helena, construída em 1936, para que os trabalhadores da fábrica pudessem morar ali e formar família. Por lá havia tudo: comércio, escola, igreja e transporte próprio. Porém, como a vila era bem perto da fábrica, as pessoas que ali viviam passaram a ter problemas de saúde com o pó do cimento e, em 1990, a fábrica pediu a saída dos operários. Eles puderam levar tudo que quisessem. No local restou, apenas, a capela Santa Helena.
Outro ponto também explicado é sobre a emancipação de Votorantim de Sorocaba em 1963. Há imagens que mostram a marcha dos votorantinenses favoráveis à mudança. Entretanto, foi apenas em março de 1965 que Pedro Augusto Rangel se torna o primeiro prefeito da cidade.
Alguém gosta de futebol por aí? Antes mesmo de Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos, Votorantim já tinha seu time, o Sport Club Savoia. Ele foi fundado em 1900 e era formado pelos trabalhadores da fábrica de tecidos. O Marino Sueiro dos Santos, de 11 anos, achou um máximo essa curiosidade. Mesmo morando na cidade há apenas quatro anos, amou dar um passeio pela história através dos documentos, imagens e artigos antigos. “Adorei tudo, mas o que mais gostei mesmo foi o dinheiro, não imaginava que antes do real era assim, é bem diferente”, contou o estudante que nasceu em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Além do Savoia, os estudantes puderam aprender mais sobre o brasão do município, tocar na mesa que o primeiro prefeito usava, entre outros. Mas, como o Marino citou, o museu Ettore Marangoni também é um local para explorar coisas do passado. Além das moedas utilizadas, os alunos encontraram máquina de costura, garrafas de água, pratos de porcelana, chaves, cadernos, rádios, chuveiro elétrico, câmera fotográfica, telefone, entre outros.
A Amanda Pereira da Silva Costa, nasceu em Guarulhos. Ela nos contou que essa foi a primeira vez que foi a um museu e gostou bastante. “Achei tudo legal, mas a estátua da Anita Garibaldi foi mais interessante porque não conhecia a história dela e adorei”, opinou a estudante de 10 anos.
Depois de passear mais a fundo pela história de Votorantim, a experiência termina em uma sala que retrata a vida e obra de Ettore Marangoni, o artista que dá nome ao museu. A “mineirinha” Letícia Lester Boari, de 10 anos, adora artes e achou esse espaço o mais legal. “Como é um museu histórico, achei bem divertido. E eu amo isso. Uma das partes que mais gostei foi a das pinturas porque adoro arte e é uma maneira diferente de ver a visão de quem a fez”, analisou a aluna do 5º ano.
A visita ao Museu Histórico de Votorantim Ettore Marangoni é gratuita. Os horários são esses: de terça à sexta-feira, das 9h às 16h e sábado, das 9h às 13h. Para outras informações, basta ligar para o número (15) 3243-5814. O Museu fica na avenida São João, 649, no Jardim Icatu.
Quem foi Ettore Marangoni?
Ettore Marangoni nasceu na SuÍça, mas chegou ao Brasil aos 8 anos junto de sua família. Em 1919, passou a residir no então Distrito de Votorantim, onde já pintava pequenos quadros. Após o falecimento de seus pais, Marangoni começou a trabalhar na Fábrica de Tecidos Votorantim. O dom artístico levou a ocupar o cargo de Técnico em Fotogravura na Companhia Nacional de Estamparia (CNE, depois Cianê), o maior conglomerado têxtil de Sorocaba, onde criava desenhos para os tecidos.
Na década de 1930 começou a expor seus trabalhos e, em 1934, sua obra “Samba no Morro” venceu um concurso no Rio de Janeiro. A consagração de Marangoni aconteceu nos anos 50, quando através da arte passou a retratar a história de Sorocaba e Votorantim.
O artista tinha como característica o uso, na maioria das vezes, de placas de fibra de madeira como tela e sempre imprimia animais nas pinturas, em especial, os cães. Além de desenhar, pintar, esculpir e escrever, Marangoni ainda produzia pequenas máquinas.
Testemunha ocular da história de Votorantim, do desenvolvimento de pequeno distrito à cidade emancipada e em pleno desenvolvimento, Marangoni acabou tornando sua vida ligada ao município. Não por acaso, foi a localidade mais retratada em suas obras, por isso é considerado um grande contribuidor para a preservação do patrimônio histórico-cultural de Votorantim. O artista faleceu em 7 de dezembro de 1992. (Thaís Marcolino)
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