Cruzeirinho
Contação de história em Libras ajuda a formar uma sociedade inclusiva
Atividade foi realizada na Biblioteca Municipal de Sorocaba no início deste mês
Aprender sobre o meio ambiente, o que o compõe, e a importância de preservá-lo, é sempre bom. Mas em uma das iniciativas da Biblioteca Municipal de Sorocaba, no comecinho desse mês, os responsáveis pelo espaço adicionaram ainda o conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para as crianças e adultos que ali estavam. E a música foi usada para amarrar tudo isso de uma forma mais legal.
“Nós acreditamos na sociedade inclusiva. Então, contamos as histórias em português e Libras simultaneamente, respeitando as duas línguas, para que todas as crianças, as surdas e as ouvintes possam entender as histórias. E através de canto, porque a música facilita o aprendizado da Libras e a música complementa as histórias. Então, a gente trabalha muito com música nas contações de história”, disse a professora Maria Ângela de Oliveira, responsável pela atividade.
A contação de história teve como base quatro enredos: “Os girassóis e as diferenças”; “O ciclo da água e a vida”; “Os animais na floresta encantada”; e “Os 3Rs do consumo Inteligente (reutilizar, reciclar, reduzir)”. A cada conto, muitos sinais foram ensinados e todos que estiveram acompanhavam a atividade reproduzia o que a Maria Ângela fazia e explicava.
Para envolver ainda mais a criançada, com uso do cenário todo colorido que encheu os olhos dos pequenos, durante a cantoria da música “Sítio do Seu Lobato” -- Canção da Galinha Pintadinha --, cada criança interpretou um animalzinho. Essa, sem dúvida, foi a parte mais legal para todos que participaram. Uma delas foi a Maria Vitória Rodrigues de Almeida, de apenas cinco anos.
Ela nos contou que amou ajudar a professora durante a música do peixinho e de participar da peça com o personagem Dálmata, um cachorrinho. “Eu amo os animais e aprender mais sobre eles. Também gostei de aprender a escrever meu nome da lingua do surdo”, disse. A pequena foi acompanhada de sua tia Andressa Gabriela de Almeida, que aproveitou para aprender, também, sobre a Libras.
“Os pais gostam muito, deu para perceber nessa contação de história e em todas que nós levamos por vários lugares. O envolvimento das crianças, dos pais, fica com aquela atenção. Todos atentos à história, porque querem aprender os sinais dos animais. A gente contou as histórias dos animais, nós vestimos as crianças de animais. Então, a gente tem feito um pouquinho isso, levando as fantasias para as crianças também poderem vestir, fazer parte da história. Então, quando a gente traz Libras, a música, a fantasia, a gente envolve aqueles que vão só para assistir, eles fazem parte da história. A história acaba se tornando bem lúdica mesmo”, contou a professora especialista em língua de sinais e educação de surdos.
Acompanhada da mamãe Abilene Stanger de Oliveira, a Alice, de oito anos, é pequena na idade, mas de grande consciência. Ela nos contou, ao final da apresentação, que nunca viu nenhum surdo. Porém, se encontrar algum na rua, já sabe falar um pouquinho com ele. “Gostei dos movimentos que tem que fazer. Acho legal saber porque aí quando crescer viou querer ajudar. E é claro que vou contar pros meus amigos da escola e pra professora que agora que sei um pouquinho”, disse a estudante. O pensamento é praticamente igual de sua mãe. “Acho muito interessante ter isso aqui e a gente aproveitar. Temos que aprender sim, é bom para a sociedade como um todo, né?”, complementou a professora de 33 anos.
Para Maria Ângela, proporcionar o ensino desde criança é um facilitador a longo prazo para a luta da comunidade surda. “As crianças, não têm preconceito, elas são uma porta de entrada para acessibilidade, com certeza. Se elas tiverem um amigo com deficiência, elas vão procurar uma maneira de envolvê -los na brincadeira. E as crianças aprendem, sim, muito facilmente a língua de sinais. Dá para ensinar desde os bebês, que estão atentos, a mamãe, na hora que fala leite, fazer o sinal de leite, falar o leite, mostrar o leite, a água. Então, as crianças aprendem.”
A atividade, promovida pela Secretaria de Cultura (Secult), também faz parte das comerações do Dia Internacional do Surdo (30 de setembro), Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro), Dia Internacional da Língua de Sinais (23 de setembro) e o Dia Nacional do Surdo (26 de setembro). E antes de encerrarmos, uma curiosidade: O Brasil tem hoje cerca de 10 milhões de surdos, você sabia disso?
Como aprender a Língua de Sinais
Se você ficou com vontade de aprender a Língua de Sinais, existem alguns aplicativos na internet que te auxiliam nesse primeiro passo. Porém, em Sorocaba, também há várias escolas que oferecem os cursos para ouvintes.
Uma delas é a Associação do Amor Inclusivo (AAI), na qual a professora Maria Ângela é diretora. E olha só que legal, lá as crianças podem ir com os pais para aprenderem juntinhos. Para saber mais, basta entrar em contato com o número (15) 99774-1042. “Os nossos alunos surdos participam também dos cursos de Libras. Então, é algo muito dinâmico, através de dramatizações, de músicas, é muito legal”, finaliza a responsável.
Por fim, olha só esse alfabeto, que é o ponto de partida para o ensino da Língua de Sinais. Já dá para ir treinando o nosso nome, né? (Thaís Marcolino)
Galeria
Confira a galeria de fotos