Buscar no Cruzeiro

Buscar

Cruzeirinho

O folclore que acontece em Sorocaba

Alunos de escola municipal conhecem mitos que misturam fatos reais e históricos com uma pitada de invenção

26 de Agosto de 2023 às 22:01
Thaís Marcolino [email protected]
Turma do 3º ano A da EM Prof. Amin Cassar estuda folclore, mitos e lendas
Turma do 3º ano A da EM Prof. Amin Cassar estuda folclore, mitos e lendas (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023))

Mula sem cabeça, curupira, boto cor-de-rosa, saci e cuca são algumas histórias que ouvimos em casa, na escola, por amigos, desde pequeninos. Muitas vezes não sabemos como surgiram, de fato, tais contos -- e nem se eles realmente aconteceram --, mas existe uma certeza: é uma história que pertence ao folclore brasileiro. E é no mês de agosto, precisamente no dia 22, que essas expressões culturais, que acabam por identificar um determinado povo são celebradas no nosso País.

Outras histórias que também são contadas por aí e que atravessam gerações são as lendas urbanas. Quem não se lembra do “homem do saco” ou da “loira do banheiro”? Essas já são classificadas como lendas urbanas por misturar fatos reais e históricos com uma pitada de imaginação ou invenção que podem, ou não, dar uma explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.

Ideia foi da professoraTatiane Reis - FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023)
Ideia foi da professoraTatiane Reis (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023))

Se tem história que acontece por esse brasilzão afora, vocês acharam mesmo que Sorocaba não teria sua parcela? Óbvio que sim! O tema é tão interessante que despertou o interesse da professora Tatiane Reis, de 40 anos. Ela levou o assunto para a turminha do 3º ano A da Escola Municipal Professor Amin Cassar, no Jardim Santa Cecília, em Sorocaba, durante os estudos do folclore, mitos e lendas.

“Pensando no mês do folclore e também do aniversário de Sorocaba, pensei numa forma de unir as coisas para um terceiro ano. Eles tem na faixa de oito, nove anos e é bem cansativo trazer só a parte histórica. Então, vir por esse lado das lendas urbanas e de suspense é uma forma deles aprenderem de uma forma mais empolgante”, disse a professora.

Para a aula, ela se baseou em uma matéria aqui do jornal Cruzeiro do Sul, sabia? Mais precisamente em uma reportagem publicada no Cruzeirinho em agosto de 2019 que explicava sobre as lendas misteriosas da cidade. O texto foi escrito pela jornalista Daniela Jacinto, na época, com base no livro “Folclore em Sorocaba”, do historiador e pesquisador Carlos Carvalho Cavalheiro. Entre as histórias contadas estão: ciclista noturno, boneca da Xuxa, barata gigante, a recepção aos extraterrestres e a história de Alzira Sucuri.

Mas se tem uma história que despertou a curiosidade real de toda a criançada, foi a da barata. O caso aconteceu em 2008 e tratava-se de um animal bem grande, encontrado na tubulação de esgoto por um funcionário. Esse trabalhador teria sido mordido na perna pelo que, no início, parecia ser uma barata tamanho GG. Por causa da mordida ele levou três pontos na perna.

Uma coisa interessante é que o animal até existe, mas não é bem uma baratona. Na verdade, ele é um crustáceo, da família dos Bathynomus giganteus. Mesmo com o caso esclarecido, a lenda foi tão curiosa que segue sendo contada por aí.

Barata gigante deixou Guilherme "em choque" - FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023)
Barata gigante deixou Guilherme "em choque" (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023))

O Guilherme Rodrigues Martins, de nove anos, até conhecia um pouco da história, mas não com tantos detalhes que aprendeu na escola. “Meus pais me contaram e achei a da barata a mais interessante porque, imagina, o cara estava no esgoto e foi mordido. Fiquei em choque, né? Vai que outro bicho desse aparece em casa? Dá medo, sim”, comentou o garoto.

Seu colega de classe, Vitor Henrique Fernandes Camargo, de nove anos, nos disse que o ciclista noturno foi outra história que chamou a sua atenção. “Encontrar o ciclista seria algo novo e estranho pra mim”. Sua história não tem nada a ver com o extraordinário, como nas outras, mas não é sempre que alguém gosta tanto do anonimato a ponto de pedalar pelas ruas totalmente coberto, sem que ninguém perceba quem é. Lá em 2013 suas “aparições” chegaram a ser vistas até como ponto turístico.

Vitor Camargo quer encontrar o ciclista noturno - FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023)
Vitor Camargo quer encontrar o ciclista noturno (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023))

Algum ET passou por aqui? Talvez em 2023, não; mas, em 1979, dúvidas surgiram. Naquele ano, milhares de carros foram até a Raposo Tavares tentar ver os extraterrestres. Tudo isso por que pessoas disseram ver, no Morro da Mariquinha, no bairro Barcelona, luzes que seriam de discos voadores dos seres de outros planetas e gerou uma comoção em Sorocaba.

Para Alyce Gomes da Silva, de nove anos, a história ficou no passado. “Não acho que vamos voltar a ver esses ET’s não, e seria bem louco se acontecesse de novo, né?”, opinou a estudante. Ela também aproveitou para agradecer a iniciativa de sua professora ao mostrar essas histórias, que chegaram até a casa dela: “Achei super legal que a tia trouxe pra gente e eu contei pra minha mãe sim e ela achou engraçado algumas coisas”, complementou.

Alyce da Silva: "não vamos voltar a ver ET’s" - FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023)
Alyce da Silva: "não vamos voltar a ver ET’s" (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/8/2023))

“Fico feliz que eles tenham gostado porque tem que ser significativo para eles, não adianta a gente passar conteúdos se eles não tem prazer, curiosidade naquilo. Então é muito bom poder proporcionar propostas diferentes, ainda mais para eles que ficam o dia inteiro na escola. O mesmo formato sempre não é legal. E sobre a relação com os pais depois, é mais uma chance e oportunidade de terem esse contato”, finaliza a professora Tatiane Reis.

Duas lendas que nossos pequenos curiosos não citaram, mas certeza que alguém da família de vocês tem conhecimento: a boneca da Xuxa que assustou muita gente por falarem que tinha relação com o diabo. O caso tem mais de 30 anos. A outra é a da Alzira Sucuri, ou Alzira Louca -- uma mulher que andava pelas ruas da cidade falando que tinha sido noiva e foi abandonada no altar. Os seus noivos eram pessoas da alta sociedade, segundo as suas histórias. Ela costumava xingar os moleques que a chamavam de sucuri.

Quanta história legal, né? E essas são apenas algumas, se conversar com alguém mais velho, apostamos que novos contos, novas lendas e momentos bem legais serão vividos. Bom papo, criançada! (Thaís Marcolino)

Galeria

Confira a galeria de fotos