Cruzeirinho
Tradição também é coisa para criança
A confecção dos ornamentos foi realizada por comunidades de várias igrejas católicas da cidade

As mãos pequenas e habilidosas separam materiais, os organizam, colocam cada um em seu devido lugar, arrumam os detalhes e, por fim, conferem se está tudo certo. As crianças que participaram da tradicional montagem dos tradicionais tapetes de Corpus Christi, no último dia 8 de junho, em Sorocaba, fizeram todo esse processo para garantir o melhor resultado possível. Apesar dos desafios, por conta do trabalho em equipe, elas se saíram bem, tendo conseguido transformar os mais diversos itens em imagens bonitas e carregadas de significado. O momento foi de diversão, mas, principalmente, de fé e devoção.
A confecção dos ornamentos foi realizada por comunidades de várias igrejas católicas da cidade. Felipe Benetti de Almeida Alves, de 11 anos, participou da ação na paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Jardim Paulistano, pela primeira vez. Juntamente com cerca de outras 300 pessoas, ele montou um tapete de aproximadamente 204 metros, formado por 21 imagens, na praça em frente ao templo.
Felipe trabalhou por horas para auxiliar na produção de duas figuras. Para dar vida aos símbolos característicos do catolicismo, usou serragem, borra de café, alimentos vencidos, tampas de garrafas pet e corantes. Mesmo com todo o esforço, conta que não se sentiu cansado em momento algum, pois sabia do importante propósito daquela atividade. No dia de Corpus Christi, os cristãos elaboram os tapetes, participam de missas e procissões como forma de expressar a fé, além de mostrar devoção e gratidão a Jesus Cristo. “Vale a pena, por causa de tudo o que Jesus fez por nós. Isso aqui não chega nem perto do que Ele fez por nós. É só uma amostra do que podemos fazer para retribuir”, disse o garoto.
Segundo Felipe, a experiência foi “bem legal” e, a partir de agora, quer repeti-la todos os anos. Nem mesmo os desafios que surgiram no decorrer da atividade o abalaram. De acordo com ele, a maior dificuldade ocorreu durante a criação de uma das imagens. Isso porque, como a borra de café a farinha de trigo usadas no desenho acabavam se misturando, ficou com medo de não dar certo. No final, graças à colaboração e ao apoio dos demais fiéis, conseguiu fazer o seu melhor. “Eu me levantei para ver (a figura) e tinha ficado bem bonita”, falou.
Colega de equipe de Felipe, Gabriela Masser Gusmão, 9 anos, contribuiu para a produção de três tapetes pela primeira vez. Assim como o menino, ela precisou lidar com dificuldades, pois ficou tensa ao longo da montagem da primeira figura. Quando o desenho parecia não estar tomando a forma desejada, o trabalho em equipe tornou-se ainda mais essencial para a garota. Com o suporte de outras pessoas, ela contornou os problemas, e o resultado a deixou orgulhosa de si mesma. “Eu fiquei muito feliz que a gente conseguiu montar um tapete”, comentou. A alegria foi tanta que, depois, ela decidiu confeccionar mais dois. E adorou a iniciativa. “Foi bem especial”.
Isabela Quintiliano Formaggi, 9 anos, também ficou apreensiva enquanto enfeitava os arredores da paróquia Santa Rosália, localizada no bairro com o mesmo nome. Por ser a sua primeira vez envolvida no processo, ela acreditou, inicialmente, que não daria tempo de terminá-lo. Para a sua surpresa, uma força-tarefa, formada por cerca de 100 pessoas, concluiu o tapete medindo em torno de 500 metros. Das aproximadamente 40 imagens, Isabela contribuiu para a elaboração de seis. Quando viu tudo pronto, a sua tensão se transformou em satisfação. “Fiquei feliz, porque eu ajudei, e aliviada”, brincou, com um sorriso no rosto. (Vinicius Camargo)
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