Quando pensamos em Corpo de Bombeiros, uma das primeiras coisas que vem à cabeça é o combate a incêndio, certo? Vocês não estão errados, afinal eles são treinados e reconhecidos para isso. Mas, no final do dia, esses profissionais acabam atendendo outros tipos de chamados e dos mais diferentes motivos. Para se ter uma ideia, em média, as equipes dos bombeiros atendem diariamente a oito acidentes envolvendo motos e cerca de seis atropelamentos.

Grande parte desses acidentes poderiam ter sido evitados com uma pequena mudança de atitude. O cabo da Polícia Militar e bombeiro educador Marcelo Rodrigues Paes nos contou que, em Sorocaba, o número de ocorrências no trânsito aumentou -- principalmente por motoristas que não respeitam o sinal vermelho do semáforo, passam correndo no cruzamento e acabam sofrendo (ou provocando) acidentes mais à frente, ou atropelando alguém. Sem falar nos que insistem em mexer no celular enquanto dirigem e ficam sem foco, por exemplo. Além dessas situações, há outras em que um cuidado a mais também pode ser tomado, como não colocar fogo em mato, não soltar pipa perto de rede elétrica e evitar mergulhar em rios e cachoeiras, por exemplo.

Esses episódios têm em comum que são coisas que ocorrem fora de casa. Mas você sabia que dentro de casa também há muitos riscos? O cabo explica. “O maior número de ocorrências acontecem dentro de casa porque a gente pensa que o nosso lar é um lugar seguro e muitas vezes não é, a gente diminui a nossa guarda e aí acontece esses acidentes. Alguns exemplos são queimaduras advindas de fogão, explosão de gás, vários aparelhos ligados em uma mesma tomada e brinquedos com rodinhas na escada.”

Para conscientizar os pequenos sobre todos os riscos - dentro e fora de casa --, o projeto “Bombeiro Educador”, da Prefeitura de Sorocaba, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e o Corpo de Bombeiros, vai até as escolas para levar, de maneira lúdica, os ensinamentos sobre a importância de não passar trotes e de como lidar em casos de emergências. Quem teve a chance de viver a experiência e ainda terminar com um certificado de conclusão de curso foi a turminha de cerca de 40 alunos da E.M. Tereza Ciambelli Gianini, na Vila Nova Sorocaba, no dia 22 de maio.

Por dois dias eles tiveram uma conversa muito proveitosa com o cabo Marcelo e aprenderam como é produzido o fogo (ele é resultado da presença de calor, combustível e oxigênio que, quando unidos, provocam uma reação em cadeia, liberando luz e calor), as rotas de fuga dentro de casa, como andar por baixo da fumaça - posição de cachorrinho - para não inalar os gases tóxicos, como evitar afogamentos, acidentes de trânsito e no lazer.

A Lavínia Furlan Carvalho, de 10 anos, participou da atividade pela primeira vez e adorou saber de tudo aquilo, principalmente em como o fogo é produzido. “Achei muito legal porque realmente não sabia que era uma junção de gases. Prestei atenção em tudo que o bombeiro passou e fiquei feliz em poder ajudar sempre que puder”, contou a garota.

Assim como ela, o Wallyson Hales de Oliveira, de 10 anos, também prestou bastante atenção nas orientações e até se lembrou de um acidente na oficina de sua tia. “Um motorista bateu com o carro lá e ficou muito machucado, eu vi e não foi muito legal não, então é bem importante pra ajudar se precisar, né? E também sempre conto o que aprendo na escola para meus pais pra eles também saberem o que certo ou não”, explicou o aluno do 5º ano.

“Uma das intenções é essa mesmo, que eles contem para os pais, os familiares dessas regras e dicas para que assim, quem sabe, possa ajudar na diminuição no número de ocorrências em casa, no trânsito, etc. Além disso, as crianças interagem muito com a gente, até porque algumas tem o sonho de ser bombeiro e queremos passar a todas também que seja o bombeiro ou o policial, estamos aqui para ajudar, no sentido de trazer o melhor para a sociedade e que só cobramos quando se tem algo errado ”, concluiu Marcelo.

A ação também contou com a animação da mascote dos Bombeiros -- um simpático cãozinho dálmata chamado Faísca --, personagem que chamou a atenção das crianças.

Livreto ensina o comportamento correto

Além das aulas presenciais, a garotada ainda tem a chance de praticar e consultar o que é certo ou não em casa. Todos recebem um livro de atividades com muitas ilustrações e dicas. O livreto “Bombeiro na escola” tem sete etapas explicativas.

A primeira dica é que o número do Corpo de Bombeiros é o 193. Mas lembre-se, ele deve ser acionado apenas em caso de emergência e nunca pense em passar trote para a corporação. Além de colocar a vida de outra pessoa em risco porque a linha fica ocupada, essa atitude nada legal é crime.

No lazer, alguns equipamentos de segurança são preciosos, como capacete, munhequeira, joelheira e cotoveleira, e devemos usá-los para nos proteger ao brincar com bicicletas, skates e patins. Não esqueça de fazer tudo isso em um lugar seguro, tá?

Já no trânsito, todo cuidado é pouco. No carro, não esqueça de usar o cinto de segurança; na hora de atravessar, use a faixa de pedestre e olhe para os dois lados. Caminhe somente na calçada e um pouco longe da rua. (Thaís Marcolino)