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Arte rupestre: atividade de férias no MHS revive período da pré-história

Repetindo os gestos dos homens primitivos, crianças e adolescentes aproveitam para colocar a mão na massa

28 de Janeiro de 2023 às 22:29
Thaís Marcolino [email protected]
História de
História de "Rupi! -- O menino da caverna" inspirou a atividade (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (18/1/2023))

Com tanta tecnologia que temos hoje em dia, é até difícil imaginar que, em algum momento da história da humanidade, os habitantes criavam as próprias ferramentas para caçar os animais na natureza e davam os primeiros passos para o surgimento da escrita, por exemplo. Esse período é chamado de pré-história e aconteceu há mais de trinta mil anos a.C. (antes de Cristo). Outro fato característico dessa época foi a arte rupestre, um método com tintas naturais em que a comunidade utilizava para esboçar, principalmente em rochas, acontecimentos relacionados à caça dos bichos e hábitos.

Se hoje sabemos disso é graças aos estudos realizados ao longo dos anos pelos historiadores de todo o mundo. E um local onde são guardadas itens da época são os museus, que nos dão a oportunidade de “viajar” para outro período da história sem sair do lugar e imaginar a vida daquele povo. Entretanto, muitos estudantes só vão para os museus para fins estudantis, o que pode ser um pouco cansativo em algumas situações.

Por isso que, há oito anos, um programa de férias da Secretaria de Cultura (Secult) promove a ida de crianças e adolescentes de Sorocaba a esses espaços para aprender, de maneira divertida, um pouco dos hábitos em eras passadas ou de características de nossa região. Em um desses encontros no Museu Histórico Sorocabano (MHS), que fica no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, as crianças aprenderam a pintar um painel com pigmentos naturais, simbolizando assim a arte rupestre.

Antes de começar a produzir a tinta, os participantes ouviram a história de “Rupi! -- O menino da caverna”, acerca de um jovem que vivia na idade da pedra e não tinha muitas habilidades na caça. Depois de se aventurar na arte rupestre, ele se descobriu um grande artista. A obra trata também das mudanças pelas quais o ser humano passou, deixando de ser um caçador coletor para virar agricultor. A leitura encantou as crianças com as ilustrações.

O momento mais esperado de todos foi o de colocar a mão na massa. Para tal, a museóloga Daniela Gomes Moreira e sua equipe separaram temperos (cúrcuma e colorau), café, carvão, argila preta e branca e beterraba ralada para que as crianças fizessem misturas com cola e água para, enfim, pintar o painel.
Inspirados com os desenhos que viram antes, algumas crianças decidiram fazer desenhos de animais e homens, além de carimbar a mão no painel. O Matheus Henrique Dutra dos Santos foi um deles. Ele optou por representar o que entendeu da arte rupestre e usou carvão, beterraba e o açafrão para os desenhos. “Nunca tinha feito algo assim e gostei muito. E sem dúvidas colocar a mão toda aqui e desenhar livremente no mural foi o que mais adorei”, contou o estudante de 10 anos.

Já a pequena Helena Moreira Oliveira, de quatro anos, teve a ajuda da mãe Janete para imprimir a sua arte no painel. Com o carvão, a mãe desenhou uma árvore e a filha usou a tinta feita com beterraba e cúrcuma para colorir. “Em casa eu gosto tanto de pintar que já acabou minhas tintas, mas logo a mamãe compra outras. E adorei usar comidinhas pra pintar, não sabia que dava”, contou, surpresa.

A atividade reuniu dez crianças. Entre elas, algumas decidiram retratar personagens e animais pelos quais têm muito carinho. É o caso da Poliana Almeida Codomhoto, que optou por desenhar o elefante Sandro, que mora atualmente no Zoo. A pequena ama vê-lo sempre que vai passear por lá. “Não gosto apenas do Sandro, sempre gosto de vir no zoológico porque acho todos os animais legais, por isso quis desenhar ele, e o fiz rosa e marrom porque usei a beterraba e o café pra fazer minha tinta”, disse. A garotinha de quatro anos também contou que vai pedir para a mamãe Camila levá-la novamente ao museu porque quer ver as ferramentas que os homens daquela época usavam.

“Tem adultos que vinham na atividade de férias e retornam agora. É isso que a gente quer, formar esse público para que sempre tenha novas pessoas visitando os museus”, comemorou Daniela. “A gente só preserva aqui que a gente conhece, então acredito que o objetivo maior disso tudo seja preservar o museu, a história da cidade”, finalizou. (Thaís Marcolino)

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