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História natural: um resumo do mundo em um só espaço

Acervo do museu Irmã Lydia Rens, no Colégio Santa Escolástica, vai de animais a corpos celestes

18 de Dezembro de 2022 às 00:01
Thaís Marcolino [email protected]
São três mil itens de zoologia, botânica, paleontologia, mineralogia, etnografia, arte popular e educação científica
São três mil itens de zoologia, botânica, paleontologia, mineralogia, etnografia, arte popular e educação científica (Crédito: CEZAR RIBEIRO (6/12/2022))

Você já foi ao museu? E não estamos falando apenas daqueles museus clássicos formados por quadros pendurados na parede ou peças antigas em uma redoma de vidro. Diversos outros estilos de museus mexem com nossa criatividade e abordam temas que fazem parte do nosso dia a dia e da história. A história natural é um dos temas mais explorados pelos museus -- como o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, mais antiga instituição científica do Brasil, criada em 1818. Mas você sabia que temos um museu de história natural bem pertinho da gente, e que faz, acima de tudo, uma reflexão do quão importante é a preservação da vida animal para que biomas típicos do Brasil não sejam destruídos? Seja bem-vindo ao Museu de História Natural Irmã Lydia Rens, localizado no Colégio Santa Escolástica, em Sorocaba.

Ele foi aberto há pouco tempo na cidade, mas possui uma história de quase 90 anos, desde quando começou a ser montado em 1935 no antigo Colégio Santo Amaro -- instituição de ensino das Irmãs Beneditinas Missionárias de Tutzing na cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente foi criada a Sala de História Natural para o ensino de ciências e biologias no então recém-inaugurado “Ginásio”. Com o trabalho pessoal da irmã Lydia e a colaboração de alunos e ex-alunos da época, além de amigos e instituições como o Museu Nacional, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e o Instituto de Minerologia, entre outros, o acervo foi sendo ampliado e alcançando maior diversidade e importância científica e pedagógica.

Itens expostos complementam o aprendizado dos alunos da escola - CEZAR RIBEIRO (6/12/2022)
Itens expostos complementam o aprendizado dos alunos da escola (crédito: CEZAR RIBEIRO (6/12/2022))

Há dois anos, o colégio no Rio de Janeiro fechou e grande parte do acervo foi trazida para Sorocaba, ficando a cargo da bióloga e professora Adelina Antunes -- agora, curadora do museu. Os visitantes podem encontrar, entre os três mil itens, peças de zoologia, botânica, paleontologia, mineralogia, etnografia, arte popular e educação científica. Apesar de alguns nomes parecerem complicados, eles representam o estudo dos animais, do corpo humano, plantas, minerais, corpos celestes e biomas brasileiros (característica climatológica de um determinado lugar), entre outros.

Por se tratar de um museu que está dentro de uma escola, os alunos que ali estão acabam usufruindo do espaço como complemento ao ensino que recebem na sala de aula. A professora Letícia Segato dos Santos, do 4º ano, acredita que o museu ajuda no entendimento dos alunos. “É muito mais significativo para o aprendizado deles porque podem ver, de fato, itens que estudaram através de vídeos e livros, e o espaço cria memórias para uma vida toda”, explicou.

Bárbara de Genaro, 9 anos, gosta de estudar o corpo humano  - CEZAR RIBEIRO (6/12/2022)
Bárbara de Genaro, 9 anos, gosta de estudar o corpo humano (crédito: CEZAR RIBEIRO (6/12/2022))

E por falar dos alunos, eles adoram visitar o espaço e, para cada um, a vivência e os aprendizados são diferentes. A estudante Bárbara de Genaro, de 9 anos, é muito curiosa e fica atenta a cada explicação de Adelina. Ela disse que as partes do corpo humano são a seção do museu que mais a impressiona. “Eu achava que era de mentira, mas a tia me explicou que tudo é de verdade, porém com alguns produtos que conservam pra não quebrar ou estragar. Gosto muito de vir aqui e olhar com calma”.

Já para o Leonardo Fusco Nogueira da Gama, os animais -- sejam vertebrados, invertebrados, aves, anfíbios, répteis, mamíferos ou aquáticos -- são os preferidos. Ele gosta tanto que acha maravilhoso os filmes que falam da temática animal. Entre as aves, a arara é a sua paixão e, apesar de já ter ido ao Zoológico Municipal Quinzinho de Barros e ter visto a ave de perto, foi no museu que observou detalhes no olhar, penas, garras e estrutura óssea. “Isso é o que mais me encanta”, disse o aluno de 10 anos.

Vitor Macello, de 10 anos, se encanta com minérios e meteoros - CEZAR RIBEIRO (6/12/2022)
Vitor Macello, de 10 anos, se encanta com minérios e meteoros (crédito: CEZAR RIBEIRO (6/12/2022))

No final da mostra, os alunos também encontram exemplares de minérios (ferro, ouro, nióbio, cobre, etc) e “pedacinhos do céu” -- os meteoritos, que parecem pedras, mas não são. As curiosidades sobre o tema impactam o Vitor Castellano Macello, de 10 anos. Segundo ele, os registros de acontecimentos antigos são muito legais. “Quando vejo na aula e desço aqui (no museu), adoro ter a chance de ver de pertinho o que aprendi no livro com a professora”.

“A gente trabalha muito aqui com a biodiversidade brasileira para que todos possam ter consciência das características naturais do nosso País e, assim, possam trabalhar na preservação do nosso espaço”, conclui Adelina, citando que Sorocaba é uma cidade privilegiada por contar com um museu tão rico. Aliás, não só um museu: outros espaços, como o Zoo, também possuem animais empalhados, e juntos, todos agregam ainda mais para o conhecimento de quem os visita. “É muito fácil você ver em figura ou ver em filme, ou até pela internet, mas é outra coisa quando se vê ao vivo. Ter a documentação, saber de onde eles vieram e eles (alunos) conhecerem os animais”, finaliza a curadora.

Museu recebe o público por agendamento

Visitas acontecem durante a semana, à tarde, e aos sábados - CEZAR RIBEIRO (6/12/2022)
Visitas acontecem durante a semana, à tarde, e aos sábados (crédito: CEZAR RIBEIRO (6/12/2022))

Infelizmente a gente não consegue colocar tudo que há no museu aqui no jornal. Por isso, você pode ter uma experiência ainda melhor indo lá! E não precisa ir apenas com a escola, pode ir sozinho ou com a família. No momento, é necessário agendar para conhecer o espaço.

As visitas acontecem de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, e aos sábados, tanto para escolas como público geral. O agendamento deve ser feito através do e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp (15) 98111-1847. O Colégio Santa Escolástica fica na rua Padre José Manoel de Oliveira Libório, nº 77, no Centro. (Thaís Marcolino)

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