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Crianças escrevem os próprios livros e viram ‘super autores’

Alunos das associações Crianças de Belém e Oficina Céu Azul mostram "a primeira publicação de suas vidas"

03 de Dezembro de 2022 às 23:01
Thaís Marcolino [email protected]
Uma noite de autógrafos super especial foi preparada para os 74 alunos do projeto Super Autor
Uma noite de autógrafos super especial foi preparada para os alunos do projeto Super Autor (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022))

Já imaginou escrever e ilustrar um livro, e seu nome constar como autor na capa também produzida por você? Talvez enquanto criança essa possibilidade lhe pareça um pouco distante. Mas não para 74 alunos da Associação Crianças de Belém (ACB) e Associação Oficina Céu Azul, de Sorocaba, que tiveram uma noite de autógrafos super especial há algumas semanas no auditório do Centro Universário Facens, e lá puderam mostrar a todos “a primeira publicação de suas vidas” no projeto Super Autor, em parceria com a Fundação Nacime Miguel Sophia Cheda.

Mirella Venâncio de Oliveira, de cinco anos, foi uma das crianças da ACB que vivenciaram essa experiência. Ela optou por escrever sobre as fadas e a importância de cuidar e separar o lixo corretamente -- dois temas que a estudante gosta bastante. “Adorei fazer o livro. As professoras me ajudaram e agora quero mostrar para todo mundo”.

Mirella Oliveira tem cinco anos e escreveu sobre as fadas e a importância de cuidar e separar o lixo - FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022)
Mirella Oliveira tem cinco anos e escreveu sobre as fadas e a importância de cuidar e separar o lixo (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022))

Para a mãe dela, Renata Venâncio, o projeto tem ajudado a filha a desenvolver ainda mais o hábito pela escrita, leitura e criatividade, e agora o orgulho só aumenta. “Em casa ela já tem esse incentivo, mas a iniciativa da escola com o projeto aumenta ainda mais a parte da escrita. Aos cinco anos ela tem tido desenvolvimento muito bom quanto a isso”, contou. Renata disse ainda que, apesar de ficar ansiosa, decidiu não interferir no processo e que só viu o livro da filha quando realmente ficou pronto e sem surpresa nenhuma: amou o resultado.

E a participação dos pais no processo tem um papel muito legal. Antes da história começar, o autor tem uma breve biografia e, para essa parte, a conversa com a mamãe e o papai (ou outro responsável) foi essencial, pois era necessário saber detalhes do nascimento, os primeiros anos de vida, entre outros, para inserir no relato. Esse ponto, inclusive, foi destacado pela Christiane Jordão, presidente da ACB e da Fundação Cheda, como agregador para o vínculo familiar. “As famílias ficaram mais integradas, pois puderam conversar com os filhos sobre os primeiros anos de vida deles, por exemplo. Isso despertou um olhar para reviver memórias de algo que estava de certa forma ‘perdida’”, explicou.

Além dos papais, o projeto também acrescenta outros valores à vivência dos alunos, como a escrita, leitura, criatividade, desenho, respeito às diferenças. E, principalmente, trabalha a função social da escrita e a importância de saber se comunicar corretamente. As crianças aprendem, de acordo com cada etapa de ensino, os diversos tipos de textos: revista, bula de remédio, receita, etc.

"Essa é minha vida", livro do Gabriel Diniz, de 10 anos - FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022)
"Essa é minha vida", livro do Gabriel Diniz, de 10 anos (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022))

O Gabriel Diniz de Oliveira tem 10 anos e escolheu falar sobre a própria vida -- citando pessoas e práticas importantes para ele: futebol, família, amigos e a relação com o irmão mais novo. “Já gostava de desenhar e escrever, e quando a professora me disse do livro passei a gostar mais ainda. Este é meu primeiro livro, já quero fazer outro no ano que vem e assim como eu, acredito que meus amigos também adoram produzi-lo”, disse o estudante.

“Que esse livro possa ser o primeiro da história deles, porque é algo tão mágico em ter a chance de tocar as pessoas através da leitura, para que assim elas sejam do bem, mais empáticas, e criem a consciência na proteção ao meio ambiente. Afinal, são as crianças de hoje que serão o futuro e é na educação infantil que começa. A gente colhe o que planta e estamos criando crianças conscientes para enfrentar os novos desafios da sociedade atual”, analisou a coordenadora pedagógica da ACD, Ana Flávia Hidalgo Moreno.

Além do livro físico, que é cheio de desenhos -- criados pelos próprios alunos --, cada exemplar tem um código em QR Code para que a publicação seja vista por quem quiser e de qualquer lugar do mundo. E no ano que vem, esses mesmos autores poderão escrever mais livros e aperfeiçoar ainda mais sua vivência dentro da literatura e escrita.

Você pode começar em casa

  - FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022)
(crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/11/2022))

É sempre legal quando escolas ou instituições promovem esse tipo de iniciativa que, com certeza, fará parte da memória e vivência da criança. Mas a gente sempre fala por aqui que muitas medidas e atitudes podem partir de nós mesmos. Que tal separar um tempinho para ler um livro? E depois que terminar, porque não conversar com os papais sobre a história, reproduzir alguns desenhos?

A leitura é uma das ferramentas mais poderosas que temos para a interação com o ambiente e também para a nossa compreensão do mundo. Nesse sentido, é preciso que a criança se acostume com os livros desde o seu primeiro ano de vida. Seja em casa ou na escola, por meio da contação de histórias e, depois, da alfabetização infantil, a literatura estimula diferentes habilidades.

Essa é só uma ideia, mas a gente tem certeza que no decorrer da atividade sua cabecinha cheia de criatividade vai descobrir outras coisas tão ou mais legais. Bora? (Thaís Marcolino)

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