Eu já li
Pelas lentes da empatia
Artigo escrito por Vanessa Marconato Negrão
Existem dois tipos de representatividade: uma delas é a representação de grupos de pessoas, locais, histórias, dificuldades. A outra trata de empatia e sentimentos. É aquela sensação de se sentir identificado mesmo sem saber explicar exatamente o motivo.
As crianças precisam e merecem se sentir representadas através das histórias, já que a literatura pode ser um excelente suporte para a sua formação cultural, intelectual e afetiva. E esse livro me trouxe uma experiência linda de representatividade.
Todas as semanas, mais de 200 crianças da minha escola experimentam os livros através da minha voz. Um deles, um menino, passou a usar óculos há pouco tempo, e demostrava estar muito desconfortável com essa nova condição. Embora eu soubesse disso, no dia em que eu li “Os óculos do Lucas” não o fiz com a finalidade de dar apoio ou exemplo, nem nada, a nenhuma criança. Era mais um lançamento a ser “testado” com os melhores críticos disponíveis.
Na referida história, Lucas passa a ver as coisas de outro jeito, com contornos e sentidos inéditos, e desbrava o mundo com seus óculos azuis. Um livro tocante e singelo.
Aquele menino lá da minha escola que tinha começado a usar óculos naqueles dias, ouviu cada palavra que eu li com muita atenção, admirando-se a cada página virada, e no fim da história veio pegar o livro ansioso para folheá-lo com as próprias mãos, como quem encontra um tesouro. Representatividade é isso, sem tirar, nem pôr. Escrito por Bel Tatit e Natália Timerman, e ilustrado por Veridiana Scarpelli, “Os óculos do Lucas” foi publicado pela Brinque Book.
Vanessa Marconato Negrão é professora e apaixonada por literatura infantil.