Buscar no Cruzeiro

Buscar

Cruzeirinho

Inspire-se na história de superação de Malala, que arriscou a vida pelo direito à educação

Inspire-se na história de superação de Malala, que arriscou a vida pelo direito à educação

06 de Agosto de 2022 às 23:01
Thaís Marcolino [email protected]
Sua vida é contada em dois livros:
Sua vida é contada em dois livros: "Malala, a menina que queria ir para a escola", de Adriana Carranca, e a autobiografia "Eu sou Malala" (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (3/8/2022))

Você já ouviu falar na Malala? Ela é um símbolo na luta pela educação para as crianças de todo o mundo, mas principalmente entre as paquistanesas. Malala foi vítima de um atentado enquanto voltava da escola e poucos achavam que ela sobreviveria. Mas ela só não sobreviveu como usou sua força para aumentar a voz das mulheres e crianças em todo o mundo, em especial, após receber o Prêmio Nobel da Paz, em 2014. Também é autora do livro “Eu sou Malala”, em que conta toda sua história de luta, resistência e incentivo ao direito à educação. Se você ainda nunca ouviu falar dela, aproveite para conhecer sua trajetória inspiradora.

Filha de Ziauddin Yousafzai e de Tor Pekai Yousafzai, Malala Yousafzai nasceu no dia 12 de julho de 1997 no Vale do Swat, no norte do Paquistão. Diferente de muitas meninas do país, que são obrigadas a se casar cedo, Malala teve uma infância cheia de incentivo aos estudos por parte de sua família. Filha de professor e diretor de escola, foi estimulada pela família para gostar de temas como literatura, política, física e história.

Em 2007, com apenas 10 anos, Malala viu o Vale do Swat ser tomado pelo Talibã. Com um governo autoritário, as escolas foram obrigadas a fechar as portas para as meninas. Com a restrição ao ensino, no ano seguinte, aos 11 anos, Malala já defendia em um blog no site da BBC o direito das meninas de frequentar as escolas. Na época ninguém a conhecida pelo nome de nascimento. Para se proteger, usava o nome fictício Gul Makai e também descrevia o pânico que dominava a cidade que estava sob domínio dos extremistas.

Dois anos após muita destruição, o governo anunciou a saída do Talibã da região do Vale, em 2010, porém o exército continuava nos arredores. Nesse período, Malala já não usava mais o nome fictício, todos a conheciam por conta das entrevistas e palestras que dava sobre o direito das mulheres na educação. Diante da aparição cada vez mais frequente na mídia mundial, Malala passou a receber ameaças de morte.

Aos 15 anos, em 2012, Malala saiu de sua cidade para estudar em uma província, e enquanto voltava pra casa, o ônibus escolar em que estava foi parado por membros do Talibã, que subiram a bordo e perguntaram: “Quem é Malala?”, em seguida a ativista levou três tiros.

Após meses no hospital, Malala acordou na Inglaterra, onde foi levada para um hospital especializado para receber tratamento. Depois de um período de recuperação, a ativista tornou-se porta-voz da causa “o direto das meninas à educação”. Formou-se em filosofia em Oxford em 2022 e casou-se com o empresário indiano Asser Malik no ano passado. Toda a família mudou-se para a Inglaterra, onde vive até hoje.

Discurso na ONU e Prêmio Nobel

A ativista hoje tem 25 anos - ANDY BUCHANAN / AFP (28/7/2022)
A ativista hoje tem 25 anos (crédito: ANDY BUCHANAN / AFP (28/7/2022))

“Caros irmãos e irmãs, não podemos esquecer-nos que milhões de pessoas sofrem devido à pobreza, injustiça e ignorância. Não podemos esquecer-nos que milhões de crianças não frequentam a escola. Não podemos esquecer-nos que as nossas irmãs e irmãos aguardam por um futuro promissor e pacífico. Travemos, pois, uma luta global contra a iliterácia, a pobreza e o terrorismo, e peguemos em livros e canetas. Eles são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação em primeiro lugar.”, disse Malala em seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, em 2013. A data era mais do que especial, já que a ativista comemorava seu aniversário de 16 anos. O discurso de Malala repercutiu em todo o mundo como símbolo de exemplo a ser seguido.

No ano seguinte, em 2014, com 17 anos, Malala foi escolhida para dividir o Prêmio Nobel da Paz -- premiação para os que fizeram o melhor trabalho pela união entre as nações, pela liberdade, etc -- com Kailash Satyarthi, de 60 anos, que liderou missões para resgatar 80 mil crianças que trabalhavam em condições de escravidão na Índia. Malala é a mulher mais jovem do mundo a receber tal prêmio.

Fundação apoia projetos educacionais pelo mundo

  - LÍVIA NEVES / DIVULGAÇÃO
(crédito: LÍVIA NEVES / DIVULGAÇÃO)

Criada após o atentado que sofreu e com a ajuda do pai, a Malala Fund -- em português, Fundação Malala -- veio com a proposta de dar a cada menina a oportunidade de alcançar o futuro que escolher. Atuante em oito países do mundo, incluindo o Brasil e a Rede de Ativistas pela Educação, a fundação apoia as organizações a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação pública de qualidade.

Entre as instituições que recebem o apoio de Malala estão a Campanha Nacional pelo Direito a Educação (CNDE), de São Paulo, e o Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), localizado em Pernambuco. Para ambas, o suporte da Fundação Malala é fundamental para que o trabalho seja preservado.

Andressa Pellanda é coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito a Educação - DIVULGAÇÃO
Andressa Pellanda é coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito a Educação (crédito: DIVULGAÇÃO)

Andressa Pellanda, coordenadora geral da CNDE, contou que o fundo de fato tem sido coerente e firmado o compromisso ao que se propôs. “Com ele podemos avançar em termos de financiamento adequado de educação e garantir um sistema de educação com qualidade, com equidade de gênero e de raça no Brasil, que é a frente que a gente mais atua”, disse.

Rogério José Barata, educador do Centro de Cultura Luiz Freire, de Olinda (PE) - DIVULGAÇÃO
Rogério José Barata, educador do Centro de Cultura Luiz Freire, de Olinda (PE) (crédito: DIVULGAÇÃO)

“Receber o apoio do fundo Malala tem um significado muito especial muito em função de ser inspirador, no sentido da história de vida e de luta dela, além de proporcionar o fortalecimento de nossa parceria como sujeito coletivo, na qual temos uma relação histórica com as comunidades quilombolas. E isso significa fortalecer os laços e os vínculos com essa organização, tanto a nível local, estadual e nacional”, afirmou Rogério José Barata, educador do CCLF e integrante da rede de ativistas pela educação do Fundo Malala. (Thaís Marcolino)

Galeria

Confira a galeria de fotos