Cruzeirinho
Cruzeirinho forma novas gerações de pequenos leitores há 47 anos
Conforme nossos leitores vão crescendo, passam o hábito da leitura a seus filhos e até netos
O jornal Cruzeiro do Sul está completando 119 anos, e há 47 está mais perto das crianças. Isto porque desde 1º de junho de 1975, quando era lançada a primeira edição do Cruzeirinho, suplemento dedicado aos leitores mirins, ele vem fazendo parte da vida dos pequenos sorocabanos, incentivando a leitura e a curiosidade por meio de reportagens divertidas e atividades lúdicas.
A história do Cruzeirinho começou na década de 70. Nesta época, as páginas do jornal, ainda em preto e branco, eram produzidas pela professora Yrany Amaral Ramos. O suplemento era do mesmo tamanho que o Cruzeiro do Sul “normal”, conhecido como standard. A primeira mudança aconteceu em 1975, quando o Cruzeirinho se tornou um minitabloide (metade do tamanho que tem hoje) e só em 1978 que o jornal deixou de ser preto e branco e ganhou cores. Foi em 1981 que o Cruzeirinho passou a ter o formato tabloide, que mantém até hoje.
Quem acompanhou de perto e foi protagonista em todo esse processo de evolução do Cruzeirinho, foi a jornalista, escritora e ilustradora Selma Said, a editora que esteve por mais tempo a frente do suplemento infantil. Talvez os leitores mais novos do Cruzeirinho não tenham ouvido falar neste nome, mas Selma Said foi uma pessoa muito especial, que morreu em 2002 e marcou a sua geração. Certamente, as crianças que liam as páginas do Cruzeirinho nas décadas de 80, 90 e comecinho de 2000 devem lembrar de seus desenhos e trabalhos.
De acordo com Sérgio Said, de 57 anos, irmão da Selma, a escritora começou a carreira ainda aos 14 anos, após produzir o jornalzinho de sua escola e impressionar a redação do Cruzeiro. Ela tinha um dom natural para desenhar e levar informação à meninada. “A Selma tinha uma facilidade com crianças que era natural dela e, com o incentivo das pessoas do jornal e a receptividade dos leitores, isso se aflorou. Ela foi pioneira na forma de tratar as crianças”, relembrou Said.
Para o irmão, os trabalhos da Selma foram importantes para, ao menos, duas gerações de sorocabanos que puderam crescer aprendendo valores. “A Selma sempre procurou transmitir valores humanos. Até hoje eu escuto pessoas da minha faixa etária falando que adoravam o Cruzeirinho daquela época. Uma pessoa se torna eterna na lembrança daquilo que ela constrói em vida. Nós temos ótimas lembranças da Selma e, por isso, ela se torna eterna”, concluiu Sérgio Said.
Herança do conhecimento
Uma das leitoras daquela época era a sorocabana Lilian Cristina Manoel, de 42 anos. A sua família incentivava a leitura e, logo cedo, passou a se interessar pelo suplemento do jornal que sua mãe assinava. “Minha mãe me mostrava o jornalzinho e, com isso, eu fui gostando. Eu não via a hora de chegar domingo para eu pegar o jornalzinho e poder colorir os desenhos e ler as matérias. O jogo dos sete erros eu amava”, buscou na memória.
Com o passar do tempo, os leitores do Cruzeirinho foram crescendo, tornando-se adultos e passando o gosto adiante. Hoje, Lilian é mãe dos gêmeos, Sophia Manoel Prado Franco e Pietro Antônio Manoel Prado Franco, de 8 anos. Há algum tempo, os dois acompanham as matérias do Cruzeirinho. “Eu mostrei para eles o jornalzinho e hoje passo para os meus filhos essa importância de ler, desenhar, brincar e se manter informado”.
A Lilian, inclusive, incentivou a filha a fazer um desenho bem bonito para mandar para o jornalzinho, que divulgou dois dos seus desenhos na edição passada, do dia 5 de junho. A Sophia é uma verdadeira fã do Cruzeirinho, gosta dos textos, de ver os desenhos das outras crianças e fazer as atividades propostas. Já o Pietro gosta mais do caça-palavras.
De geração em geração
A sorocabana Liliana Alves também entrou em contato com a reportagem para revelar que ensinou o gosto pela leitura para os filhos por meio do Cruzeirinho quando eles eram jovens. Agora, Liliana já é avó e, com isso, incentiva os netos a acompanharem o jornalzinho a fim de desenvolverem esse mesmo gosto. “O jornal faz parte do nosso dia a dia por muitos anos. Sempre mandei desenhos e poesias dos meus filhos para o Cruzeirinho, agora são os netos”, contou.
A Liliana enviou a imagem de uma edição do Cruzeirinho, de 18 de fevereiro de 1996, que estampou em sua capa a poesia da sua filha, Juliana Corrêa Ferreira Alves, que na época tinha 12 anos. Quase três décadas depois, quem estampou as páginas do Cruzeirinho foi um de seus netos, o Luiz Miguel, de 4 anos, que mora em Guarulhos.
Já fazem mais de quatro décadas que esse jornalzinho leva informação, auxilia no desenvolvimento da leitura da meninada e conquista novas gerações. E você, gosta do Cruzeirinho? Escreve para a gente, vamos adorar receber seus desenhos e cartinhas. (Kally Momesso)
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