Uma frase do ambientalista peruano Joaquim Leguia que eu sempre uso é: “A natureza cria as crianças e as crianças criam a natureza”. Elas têm um interesse inato pelo mundo natural, uma grande capacidade de identificar elementos da natureza e transformá-los em coisas maravilhosas como varinhas mágicas, pedras preciosas e um sem fim de ideias extraordinárias.

Sou testemunha desse deslumbramento, desse amor inerente. Incentivar a curiosidade das crianças pelo mundo natural traz inúmeros benefícios para elas e para a humanidade. E não é preciso ter uma floresta por perto, basta olhar em volta.

Por mais concreto e asfalto que haja nas cidades, as árvores sempre resistem. Uma frestinha de chão basta para despontar uma mudinha verde. E é sobre essa potência e a energia da natureza que trata o livro “ A árvore em mim”, de Corinna Luyken.

As ilustrações são belíssimas nos tons do poente e acompanham o lirismo das palavras tão bem escolhidas. O conjunto resulta num poema profundo, que nos leva a pensar na relação que mantemos com a natureza. Ao apreciá-lo constatamos: a natureza não é recurso, a natureza é vida! A natureza somos nós! E só seremos capazes de salvá-la quando entendermos isso. Numa das páginas se lê: “A árvore em mim é semente e flor, é casca, é toco...” Tanta poesia desenhada e escrita me fez recordar de outro poema de Olavo Bilac que diz: “Envelheçamos como as árvores fortes envelhecem. (...) Agasalhando os pássaros nos ramos. Dando sombra e consolo aos que padecem!” E já que eu estou cheia de citações, aproveito para fazer mais uma: “ Professora, quando eu crescer eu quero ser árvore!” me disse uma vez uma criança de quatro anos. Se tem um livro para aprender a ser árvore, deve ser esse.

“A árvore em mim” é publicado no Brasil pela editora Pequena Zahar.

Vanessa Marconato Negrão é professora e apaixonada por literatura infantil.