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Exposição sobre Monteiro Lobato aproxima a literatura das crianças

O escritor paulista, criador do Sítio do Picapau Amarelo, é considerado o pai dos livros infantis brasileiros

24 de Abril de 2022 às 00:01
Kally Momesso [email protected]
Mariana Fernanda Paes Barreto, de 7 anos, está descobrindo o mundo de Lobato.
Mariana Fernanda Paes Barreto, de 7 anos, está descobrindo o mundo de Lobato. (Crédito: KALLY MOMESSO (18/4/2022))

Você já deve ter ouvido falar na famosa bonequinha de pano, a Emília, não é mesmo? Com uma personalidade forte, tagarela, de cabelos vermelhos e amarelos, a melhor amiga de Narizinho cativou a criançada. A boneca faz parte das histórias do Sítio do Picapau Amarelo, um dos livros mais conhecidos do autor Monteiro Lobato, e que incentivou o hábito pela leitura de diversas gerações.

Crianças e adultos podem conhecer mais sobre o autor de Emília e sua turma na exposição gratuita sobre Monteiro Lobato, na Biblioteca Infantil Municipal Renato Sêneca de Sá Fleury, em Sorocaba, até sexta-feira (29). A atividade preparada pela Secretaria da Cultura (Secult) da Prefeitura de Sorocaba iniciou-se no dia 18 de abril, o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi criada em homenagem ao escritor paulista, considerado o pai da literatura infantil brasileira.

A mostra reúne livros, imagens, reproduções e textos sobre o Monteiro Lobato. O escritor nasceu no dia 18 de abril de 1882, em Taubaté, no interior de São Paulo, e foi o criador de personagens, paisagens e um universo para as crianças, que se enxergaram nos livros e tiveram liberdade ao sonho, à criação e crítica.

A pequena Mariana Fernanda Paes Barreto, de 7 anos, contou à equipe do Cruzeirinho que já está aprendendo a ler com a ajuda de sua mãe. Ela ainda não leu o livro do Sítio do Picapau Amarelo e também não conhecia o Monteiro Lobato, mas já assistiu o filme inspirado na obra e gostou bastante, apesar de ter considerado a Emília uma menina um pouco “estranha”. “Eu assisti o primeiro filme e achei legal, só que a Emília tem um rosto esquisito”, brincou.

Flávia Tamborra, bibliotecária. - EMÍDIO MARQUES / ARQUIVO JCS
Flávia Tamborra, bibliotecária. (crédito: EMÍDIO MARQUES / ARQUIVO JCS)

A bibliotecária Flávia Tamborra explicou sobre o efeito de Monteiro Lobato para a literatura infantil brasileira. “Eu entendo ele como uma pedrinha que você joga no rio e cria muitas ondinhas. Além de produzir obras originais como o clássico Sítio do Picapau Amarelo, ele conseguiu traduzir muita coisa, adaptar muita coisa que era de fora e ele trouxe para o Brasil. Ele conseguiu disponibilizar isso”, disse.

Com os livros, as crianças aprendem a juntar letras, sílabas e palavras, que se traduzem em frases, parágrafos e capítulos. Mas não é só isso. Para a Flávia, a leitura auxilia a meninada a desenvolver outros olhares sobre a realidade. “A literatura faz com que a criança entre em contato com uma realidade diferente do que ela vive ou até uma realidade parecida. Quando ela tem o contato com outra realidade, ela pode ampliar a visão de que ela pode viver de outras formas. Quando é uma realidade parecida com a dela, pode até entender o modo, o jeito que ela vive. A literatura tem esse papel de fazer você se enxergar em outras situações, ampliar os seus horizontes e poder se desenvolver melhor”.

Saci e Visconde são alguns personagens que habitam o universo do Sítio. - KALLY MOMESSO (18/4/2022)
Saci e Visconde são alguns personagens que habitam o universo do Sítio. (crédito: KALLY MOMESSO (18/4/2022))

A Mariana também vê dessa forma. Perguntada se acredita que a leitura é importante, ela confirmou e complementou: “Eu acho que é bom, porque algumas histórias ensinam coisas para a gente”. Seu gosto por livros desde cedo não surgiu sozinho. Ela contou que a mãe sempre leva livros para elas acompanharem as histórias juntas. “A gente leu ontem a noite uma história que tem uma princesinha que se chama Irene. A gente está lendo ainda e eu gostei”, contou, se referindo ao livro “A Princesa e o Goblin”, um conto infantil de George MacDonald.

É assim que os pais podem incentivar a criançada a sair dos aparelhos eletrônicos para folhear um livro, conforme a bibliotecária Flávia. “Não existe fórmula mágica. É o acesso. A partir do momento que você tem o acesso livre, você pode escolher, levar pra casa, está aí o caminho. É disponibilizar, ler com a criança”, informou. Ela ainda lembrou que os pais que frequentam a Biblioteca Infantil junto às crianças costumam trocar os livros toda semana para sempre ler uma história nova para os seus filhos.

A exposição estará aberta à visitação até o dia 29 de abril, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A Biblioteca Infantil Municipal “Renato Sêneca de Sá Fleury” está localizada na Rua da Penha, 673, no Centro. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3231-5723.

Lobato nasceu há 140 anos

Pioneiro ao escrever para crianças. - Divulgação
Pioneiro ao escrever para crianças. (crédito: Divulgação)

José Bento Monteiro Lobato nasceu no dia 18 de abril de 1882, em Taubaté (SP). Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, trabalhou como editor de revista e de livros e abraçou campanhas públicas em favor do desenvolvimento econômico do Brasil.

Foi pioneiro em uma série de ações no País, na primeira metade do século XX, como, por exemplo, ao denunciar a miséria e o abandono da população rural, com a criação da polêmica figura do “Jeca Tatu”, retratando a realidade do campo.

Também foi o primeiro a criar uma literatura infantil brasileira, com personagens, paisagens e universo para as crianças, que se viram nos livros e tiveram plena liberdade ao sonho, à criação, crítica e liberdade, até então nunca disponibilizadas à infância. Monteiro Lobato também foi pioneiro ao utilizar elementos da cultura e do folclore brasileiro, eloquentes e vivos, ampliando o olhar do leitor para a diversidade e riqueza da cultura popular. O Sítio do Picapau Amarelo é sua obra de maior destaque na literatura infantil. (Da Redação, com Secom Sorocaba)

‘Sítio’ é um mundo mágico nas páginas dos livros

Exposição na Biblioteca Infantil vai até sexta-feira. - KALLY MOMESSO (18/4/2022)
Exposição na Biblioteca Infantil vai até sexta-feira. (crédito: KALLY MOMESSO (18/4/2022))

A Emília é uma boneca falante feita pela tia Nastácia, e se tornou a melhor amiga de Narizinho, a menina do nariz arrebitado. Ela está sempre tendo idéias maravilhosas e é crítica, tagarela e mandona, com um gênio para lá de forte que causa as maiores confusões. Nasceu muda, mas tomou as pílulas falantes do Dr. Caramujo e desandou a falar.

A bonequinha queria muito fazer parte da nobreza e, por isso, se casou com o Marquês de Rabicó e se tornou Marquesa. Junto com o Pedrinho, que nunca esquece seu estilingue, e Narizinho, que está sempre comendo jabuticaba, a Emília vive várias aventuras. Os inventos e o “pó de pirlimpimpim” do sábio Visconde de Sabugosa também ajudam o grupo a se salvar das confusões.

E você pode acompanhar as aventuras de Emília e seus amigos no Sítio do Picapau Amarelo lendo os livros: “Reinações de Narizinho”, “O Saci”, “O Marquês de Rabicó”, “A Caçada da Onça”, “Novas Reinações de Narizinho” e “O Picapau Amarelo”. (Kally Momesso)

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