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O conflito entre Rússia e Ucrânia sob o olhar das nossas crianças

Estudantes condenam as mortes de inocentes e dão suas opiniões: como acabar com as guerras?

27 de Março de 2022 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]
Micael Marques, de 11 anos, lamenta as vidas perdidas.
Micael Marques, de 11 anos, lamenta as vidas perdidas. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/3/2022))

Se você gosta de ler, ver ou ouvir o noticiário, seja no jornal, no rádio, na TV ou na internet, já deve ter lido, visto ou ouvido algo sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. No último mês, os veículos de comunicação divulgaram notícias sobre o conflito entre os países, que teve início no dia 24 de fevereiro. E como informação também é coisa de criança, nesta edição o Cruzeirinho vai falar um pouco sobre os acontecimentos e mostrar qual é a visão dos pequenos sobre o conflito. Vamos nessa?

Primeiramente, é preciso destacar que apesar das vidas perdidas e dos prejuízos econômicos, as guerras, infelizmente, sempre estiveram presentes na humanidade. É o que aponta a professora de história Eliane Shimomura, da Escola Municipal Dr. Achilles de Almeida. Foi ao perceber que os estudantes estavam com um pouco de medo do conflito, que ela levou o tema à sala de aula e explicou aos alunos a origem dos acontecimentos. A professora desenhou na lousa o mapa da Europa, principalmente do leste europeu, para destacar o surgimento dos países, como Rússia e Ucrânia. “Fui explicando, com cores diferentes, esse movimento geopolítico”.

Eliane Shimomura, professora de história. - ARQUIVO PESSOAL
Eliane Shimomura, professora de história. (crédito: ARQUIVO PESSOAL)

De acordo com a professora, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia ocorre por uma questão cultural, política e geográfica. “Com a quebra da União Soviética, houve um acordo de que os países do leste europeu não se aproximariam da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Porém, a Ucrânia, um território estratégico para o governo russo, está fazendo um movimento de aproximação. E isso gerou um conflito. A Rússia está ocupando o país para impedir essa aproximação”, explica, resumidamente, ao destacar que os alunos também aprenderam sobre sanção econômica e a soberania dos países, como a liberdade de escolher se anexar a um local ou outro.

Lanna Rocha, de 14 anos, espera que a humanidade evolua. - FÁBIO ROGÉRIO (24/3/2022)
Lanna Rocha, de 14 anos, espera que a humanidade evolua. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/3/2022))

Para a aluna de Eliane, a estudante Lanna Santos Rocha, de 14 anos, que está no 9º ano do ensino fundamental, a guerra, mesmo acontecendo por esses motivos, é algo bem ruim. “Muita gente está morrendo”, lamenta. Por outro lado, a adolescente também aprende lições importantes do conflito. “A gente percebe que nós, seres humanos, temos que evoluir mais e sermos mais humanos e acolhedores. Não se deve ligar tanto para grandezas. Os países precisam parar de competir uns com os outros e querer dominar outros países. Sem isso não teríamos guerra”, destaca ao dizer que deve ser traumatizante viver em uma zona de combate.

O Micael Martins Marques, de 11 anos, matriculado no 6º ano do ensino fundamental na unidade 2 do Colégio Politécnico, acredita que há algumas formas para acabar com o conflito, desde incluir obstáculos para que os tanques de guerra não atravessem as fronteiras até a criação de uma cidade no meio da fronteira dos dois países. “A guerra é um local onde jovens e adultos que não se conhecem e não se odeiam se matam por causa de seus presidentes que se conhecem e se odeiam”, acredita, ao dizer que esse conflito não é tão simples de se resolver. Para Micael, a guerra não deveria ocorrer. “Vidas estão sendo tiradas. Não faz sentido. Isso está afetando todas as economias do mundo”.

Para Vinícius Carneiro, 10 anos, a guerra envolve egoísmo e ego. - FÁBIO ROGÉRIO (24/3/2022)
Para Vinícius Carneiro, 10 anos, a guerra envolve egoísmo e ego. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/3/2022))

Já Vinícius de Novaes Carneiro, de 11 anos, que está no 7º ano do ensino fundamental na unidade 2 do Colégio Politécnico, acredita que a guerra envolve muito egoísmo. “Isso está muito errado. Não é certo matar pessoas inocentes. Mas nem tudo são flores. Muitos fazem isso para proteger o seu país e a sua família”, afirma ao dizer que falta organização dos governos para evitar guerras. Para o menino, uma das coisas a serem feitas nesse momento é ajudar a Ucrânia por meio de doações. “Falta bondade nas pessoas. Elas deveriam ser melhores”.

Com as notícias, algumas crianças ficam com um pouco de medo e inseguras, com receio da guerra chegar ao Brasil. Mas, de acordo com especialistas em conflitos internacionais, isso é pouco provável de se acontecer. Apesar de estarmos longe do conflito, separados pelo Oceano Atlântico, o Brasil tem ajudado as vítimas da guerra por meio de doações e ações humanitárias. Além disso, Micael e Vinícius acreditam que cada país deveria fazer um manifesto para que acabem as guerras no mundo. “Isso daria segurança para todos”, completam. E você, como acha que podemos acabar com as guerras?

A guerra e os sentimentos

Desenhos são uma forma de expressar o que sentem. - REPRODUÇÃO / INSTAGRAM
Desenhos são uma forma de expressar o que sentem. (crédito: REPRODUÇÃO / INSTAGRAM)

Quando vemos notícias tristes, como as que falam sobre a guerra, é normal ficarmos chateados com a situação. Isso se chama empatia, que nada mais é do que sentir e reconhecer a dor do outro. E mesmo que essas notícias sejam tristes, a psicóloga Laís Moriyama Pereira Lima, gestora do departamento de psicologia da Unimed Sorocaba, destaca ser importante as crianças saberem o que acontece ao redor do mundo, mas sempre evitando exposições à atos de violência. Então, se você tiver alguma dúvida sobre o conflito, é importante perguntar para os pais ou professores.

Além disso, Laís diz que as crianças também precisam compartilhar com os pais ou com uma pessoa próxima, de confiança, quais são as suas preocupações, seja por meio de desenhos, histórias ou conversas. “Medo, insegurança, receio do que possa acontecer aqui. Esses são alguns dos sentimentos das crianças, e também dos adultos, quando se deparam com notícias sobre a guerra. Uma forma importante de lidar com isso é conversar sobre esses sentimentos”, destaca. E caso esses sentimentos fiquem muito intensos e comecem a atrapalhar o sono, a fome ou até a concentração, a psicóloga destaca ser preciso procurar ajuda profissional. (Jéssica Nascimento)

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