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Viva o cordel

Artigo escrito por Vanessa Marconato Negrão

21 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Divulgação)

A literatura de cordel é um gênero literário popular escrito de forma rimada, com dez, oito ou seis versos e depois impresso em folhetos. Sempre colhidos das narrativas orais, as histórias são sempre recitadas de forma melodiosa e cadenciada. Uma prática muito antiga, que começou no século XVI. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, uma técnica de impressão também muito antiga, onde os desenhos são entalhados na madeira e depois carimbados no papel.

O nome cordel tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes.

O cordel é um gênero típico do Brasil e muito valorizado, tanto que em 1988 fundou-se a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro. Bem mais tarde, exatos 30 anos depois, em 2018, a literatura de cordel foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Tamanha riqueza cultural não passa despercebida no gosto dos mais variados públicos. O cordel, tal qual os contos de fadas, apresenta arquétipos humanos que reconhecemos de longe: o fora da lei, o herói, o inocente, o sábio, etc. Eu mesma, que imaginava não gostar muito do cordel, devorei o livro num único dia. Fiz até uma leitura em voz alta para a minha família enquanto ainda ocupávamos a mesa depois do jantar. Minha toada não foi interrompida nenhuma vez, tamanha avidez pelos próximos versos.

“Heróis e heroínas do cordel” é organizado pela escritora e pesquisadora Januária Alves, ilustrado por Salmo Dansa, com posfácio de Antonio Nóbrega e editado pela Companhia das Letrinhas. O livro traz cinco narrativas assinadas por grandes nomes da literatura de cordel: “A história de João Valente e o dragão de três cabeças”, “História de Roberto do Diabo”, “História da imperatriz Porcina”, “História da donzela Teodora” e “O verdadeiro romance do herói João de Calais”. Não consigo dizer de qual gostamos mais, todas nos prenderam do início ao fim.

Quando você terminar a leitura poderá comprovar o que se lê na quarta capa: “Nada é mais poderoso do que uma boa história”.

E viva a cultura popular brasileira!

Vanessa Marconato Negrão é professora e apaixonada por literatura infantil.