Cruzeirinho
Crianças do ‘Maylasky’ mergulham no mundo da arte de rua
Elas estudaram a carreira e as obras do artista Eduardo Kobra
Muros coloridos, cheios de arte, pinturas, desenhos, mensagens e estilos. Sabe do que estamos falando? Acertou quem pensou no grafite. Bem diferente da pichação, o grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. Esse movimento começou lá em Nova Iorque, na década de 1970, quando alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade. Com o passar do tempo, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos e hoje são conhecidas no mundo todo, inclusive no Brasil.
E a parte mais legal é que vários artistas brasileiros têm se destacado ao grafitar suas obras pelas ruas do País e do mundo. Um dos artistas renomados na modalidade é o pintor Eduardo Kobra, conhecido principalmente por uma pintura de 1.000 metros quadrados na avenida 23 de Maio, em São Paulo. O artista tem deixado sua marca em dezenas de lugares, no Brasil e no exterior, inclusive aqui em Sorocaba. Em dois pontos da cidade, no Jardim Santa Rosália e no Alto da Boa Vista, é possível ver as obras de Kobra, como é mais conhecido.
Inspirados pelos trabalhos de Kobra, os alunos do 5º do Ensino Fundamental 1 da Escola Municipal Matheus Maylasky fizeram releituras de diferentes obras do artista, incluindo as artes que estão estampadas em Sorocaba. Com as atividades, ministradas pelas professoras Alice Kerche, Luciana Kerche e Valéria Russo, os estudantes trocaram as tintas em spray, material usado para fazer o grafite, por papel e lápis de cor e aprenderam sobre Arte de Rua. Durante as aulas não presenciais, os alunos tiveram contato com imagens das obras, sites para pesquisas, entrevistas, vídeos e notícias sobre o artista.
Para fazer a releitura, o Gabriel Rodrigues de Albuquerque, de 11 anos, pegou uma imagem da internet da obra de Kobra e tentou fazer igual. A obra usada por Gabriel foi pintada em Sorocaba e retrata uma criança subindo em uma escada para pegar livros. “Não consegui fazer tão bem quanto a dele, mas ficou bonito. Essa arte exige muito treino e habilidade”, conta ao dizer que aprendeu muitas coisas sobre o grafite durante a atividade. Nesta obra, inclusive, Gabriel destaca que Kobra passa a mensagem de que as pessoas precisam ler mais. “O estilo do desenho é diferente, na tela a gente usa pincel e no grafite é o spray. As cores que ele usa foi o que mais gostei. Gostaria de ver de perto uma obra do Kobra”.
Além de aprender sobre a modalidade artística, os estudantes também refletiram sobre o movimento do grafite, uma forma de expressar a realidade das ruas, muito explorada nos trabalhos de Kobra. A Julia Moraes Meyer, de 10 anos, ficou encantada com as obras e destaca que diferente do que muitos pensam o grafite é sim uma forma de arte. “Tem pessoas que pensam que é pichação e não enxergam o lado bonito. Não entendem que é uma arte. É importante valorizar porque a arte pode contar histórias”, ressalta.
Mais do que isso, a menina ainda diz que o grafite é uma maneira de se expressar. “Eu acho legal. Tem muitas coisas que podemos expressar por meio de uma arte”, conta ao dizer que suas obras preferidas do Kobra são a bailarina e a estante de livros. “Já vi alguns grafites nas paredes, mas nenhum como os do Eduardo Kobra. Os traços e desenhos dele são muito bonitos, bem coloridos”.
O Rhaony Lodi Ruas Ribeiro, de 11 anos, gostou tanto da atividade que quando crescer deseja até ensinar a técnica para outras crianças e adultos. “Quero montar tipo uma escola de grafite”. Antes das aulas, Rhaony já conhecia essa forma de manifestação artística. “Meu fazia grafite antigamente, 20 anos atrás”, conta ao dizer que também sabe fazer algumas coisas com spray. O menino até já conhecia as obras do Kobra. “Eu vi um vídeo dele fazendo o grafite da Cacau Show e do Ayrton Senna”, afirma.
Rhaony acredita que as pessoas deveriam praticar e valorizar mais essa arte, que, segundo ele, é muito bonita. “Eu gosto e acho bem legal. Essas artes me inspiram a desenhar mais. Elas são muito coloridas, faz a gente ficar alegre”. Para fazer a releitura, Rhaony usou suas habilidades com pintura e desenho. “Foi difícil fazer, mas consegui”, ressalta ao dizer que quando crescer quer fazer obras de arte tão lindas quanto as do Kobra. “É só treinar bastante”, finaliza. E você, já pensou em fazer um grafite e deixar sua marca pela cidade? (Jéssica Nascimento)
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