Buscar no Cruzeiro

Buscar

Cruzeirinho

O que fazer para driblar a ansiedade?

Ser paciente não é uma tarefa tão simples, ainda mais quando se é criança

20 de Junho de 2021 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]
João Correa Belo, 10 anos, tenta se acalmar respirando fundo.
João Correa Belo, 10 anos, tenta se acalmar respirando fundo. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)

Diferente do mundo virtual, em que tudo se resolve com um clique, no mundo real, ou melhor, na vida, precisamos aprender a esperar. Isso porque as coisas não acontecem no tempo em que queremos ou planejamos. E, por isso, é preciso ter paciência. Porém, ser paciente não é uma tarefa tão simples, ainda mais quando se é criança. Mas não precisa se desesperar, pois ter paciência se aprende aos poucos, dia após dia. Enquanto aprendemos a esperar, muitas situações podem nos deixar eufóricos, angustiados e ansiosos. Sim, a ansiedade também faz parte da vida das crianças. Você já se sentiu ansioso?

Não deixe isso te atrapalhar

As crianças podem se sentir ansiosas em várias situações ao longo da vida. Seja apresentando um trabalho para toda a classe, aguardando os pais buscá-las na escola ou ainda enquanto esperam chegar a data de um evento importante ou da viagem de férias em família. E tudo isso é normal, é o que diz a psicóloga especialista em crianças e adolescentes, Ana Laura Schliemann. “A ansiedade é um sentimento e uma reação no nosso corpo, que ocorre quando existe alguma coisa no nosso futuro e a gente não sabe o que é. A ansiedade pode ser um pensamento, um medo, pode ser roer a unha ou comer demais”, exemplifica.

Quando uma pessoa, ou uma criança, está ansiosa, a psicóloga explica que ela pode sentir qualquer coisa, como medo e angústia. “A criança ansiosa fica o tempo todo distraída, inquieta e pode não saber o que está acontecendo”, diz.

Apesar de ser uma coisa normal, a psicóloga destaca que a ansiedade pode se tornar negativa quando ela atrapalha ou impede alguém de fazer determinadas coisas. “A pessoa não consegue focar no presente. Ela não consegue estar aqui, agora, para aproveitar o momento”, frisa. Por isso, a especialista destaca ser muito importante conversar com os pais ou responsáveis sobre o que está sentindo.

Foi o que fez o João Correa Belo, de 10 anos, que quando era mais novo ficava muito ansioso nos dias em que chovia forte, com raios e trovões. “Eu sentia muito medo. E por causa da ansiedade da chuva eu parei de fazer muitas coisas quando estava chovendo forte”, conta. Depois de conversar com os seus pais, ele cuidou disso e hoje não enfrenta mais esse problema. “Não tenho mais esse bloqueio quando chove. Fiquei muito feliz.”

João, que está no 5º ano do ensino fundamental 1, ainda se sente ansioso em algumas situações, como todas as crianças, principalmente quando precisa apresentar trabalho na sala de aula. “Eu fico preocupado se vou apresentar bem. Mas depois que apresento, a ansiedade passa rapidinho”, afirma. Isso porque com o tempo, João aprendeu a controlar sua ansiedade. Hoje, o garoto tenta se distrair e se acalmar respirando fundo, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. “Quando faço isso, a ansiedade passa bem mais rápido. As crianças podem enfrentar a ansiedade, como eu fiz”, encoraja.

Valentina Frota Rodrigues, 9 anos, evita ficar andando de um lado para o outro. - FÁBIO ROGÉRIO
Valentina Frota Rodrigues, 9 anos, evita ficar andando de um lado para o outro. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO)

A Valentina Frota Rodrigues, de 9 anos, que está no 4º ano do ensino fundamental 1, também fica ansiosa em algumas situações. Quando os pais demoram um pouquinho para buscá-la na escola, por exemplo, ela fica andando de um lado para o outro, esperando impaciente. Já quando vai realizar uma viagem, ela gosta de arrumar a mala com muita antecedência, para se certificar de que não vai esquecer de nada. E quando precisa apresentar trabalho na sala de aula, a ansiedade de Valentina é em dose dupla. Isso porque ela tem vergonha de falar na frente de toda a classe e também por ficar esperando a sua vez. “Dá um frio na barriga. Sempre sou a última, porque meu nome começa com a letra V. Eu fico com medo de errar, preocupada para não atrapalhar a nota”, afirma.

Quando está muito ansiosa, Valentina para tudo o que está fazendo e fica quieta, sentada, pensando no que pode fazer para melhorar. “Eu fico respirando e evito ficar andando de um lado para o outro.”

A Isadora Martins Rainha Silva, 9 anos, tenta esquecer. - ACERVO PESSOAL
A Isadora Martins Rainha Silva, 9 anos, tenta esquecer. (crédito: ACERVO PESSOAL)

Já a Isadora Martins Rainha Silva, de 9 anos, que também está no 4º ano do ensino fundamental 1, tenta esquecer a ansiedade. “Eu brinco e tento não pensar muito nisso. Deixo para quando tiver que acontecer. Aí eu esqueço da ansiedade e me sinto bem”. Mas, quando ela lembra... “Meu coração já bate mais forte, sinto um frio na barriga. Eu gosto muito de dançar, aí eu danço para esquecer ou saio passear na rua”, conta.

Isadora ficava muito ansiosa para as suas apresentações de balé. “Sentia um frio na barriga, um pouco de timidez”, descreve.

Quando tinha apresentação, antes da pandemia, Isadora contava os dias para a chegada do evento. E para ficar menos ansiosa, a pequena costumava se distrair, fazendo coisas diferentes. “Então, eu meio que esquecia”, diz. Hoje, Isadora fica ansiosa quando compra alguma coisa pela internet e o produto demora chegar.

Segundo ela, na pandemia, as pessoas estão ainda mais ansiosas do que antes. “Porque todos estão muito dentro de casa. Não dá para sair muito, ver os amigos e nem ir para a escola”. Mas, aos poucos, todos aprendem a lidar com a ansiedade. “Eu recomendo que as pessoas respirem fundo e façam o que gostam para se distrair”, indica. E você, o que faz para ficar menos ansioso?

Siga essas dicas

A psicóloga Ana Laura Schliemann, que é especialista em crianças e adolescentes, diz que os pequenos, e também os grandinhos, podem controlar a ansiedade com algumas dicas simples, que podem ser adotadas no dia a dia. Confira:

- Converse: fale com as pessoas sobre as coisas que gosta e também das que não gosta. Conte para os pais o que está sentindo.

- Estabeleça uma rotina saudável: isso inclui a prática de exercícios físicos, alimentação balanceada, com frutas, legumes e verduras, momentos para brincar e se divertir, momentos para estudar e também para ficar em silêncio.

- Mantenha a calma: Pare tudo o que está fazendo e respire fundo, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.

- Desconecte-se das telas e dos celulares: aproveite o momento para jogar e brincar com as pessoas que estão a sua volta. (Jéssica Nascimento)

Galeria

Confira a galeria de fotos