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Crianças avaliam 2020 e contam suas expectativas para o Ano Novo

27 de Dezembro de 2020 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]

Crianças avaliam 2020 e contam suas expectativas para o Ano Novo Helena Antila Biazzi levará aprendizado para toda a vida. Crédito da foto: Cortesia

Novo coronavírus, pandemia, isolamento social, aulas on-line... Depois de vivermos um ano atípico, que parecia nunca terminar, 2020 está chegando ao fim. Esse certamente será um ano que ficará marcado na história, principalmente por ser o período em que o mundo todo enfrentou situações que jamais imaginávamos viver. Mas, diferente do que muitos pensam, 2020 não foi tão ruim como parece. Isso porque fomos capazes de superar os obstáculos do caminho, de nos adaptar a uma nova realidade e de evoluir como ser humano.

Por isso, antes de realizar a troca de calendários, precisamos refletir sobre as lições importantes que 2020 nos deixou. E para fazer uma retrospectiva deste ano, o Cruzeirinho conversou com três crianças de Sorocaba. Uma delas foi a Helena Antila Biazzi, de 10 anos, que acabou de concluir o 4º ano do ensino fundamental na Escola Portal. Para Helena, esse foi um ano bastante diferente, já que ela passou praticamente o ano inteiro tendo aulas remotas, sem sair de casa. “No começo foi até legal a quarentena, parecia férias. Mas, quando percebi que não iria sair de casa pra nada, pois não podia sair, viajar, passear e encontrar os amigos, começou a ficar ruim. Fiquei muito feliz quando as aulas voltaram”, conta ao dizer que não teve mais preguiça de acordar cedo para ir à escola.

Nesse meio tempo, Helena teve a tecnologia como sua principal aliada. Além das aulas on-line, a menina passou a usar o celular e o computador para se comunicar. “Eu falei o ano inteiro com os meus avós pelo telefone”. Para driblar o distanciamento, a pequena passou até a brincar online com as amigas. “É bem diferente do que brincar cara a cara, mas foi bastante legal. A ligação era o único jeito de se comunicar e manter o contato de forma segura nesse período. Isso foi matando a saudade”, explica ao dizer que em 2020 as pessoas foram muito criativas para continuar se comunicando e se divertindo durante o isolamento social.

Com a pandemia, a gente teve mais tempo para fazer tudo que não conseguia fazer antes, conta Helena. A pequena aproveitou o tempo em casa para ler muitos livros, cozinhar com a mãe, brincar com a irmã e passar mais tempo com o cachorro, além de andar de bike e patins pelo condomínio, sempre usando máscara. O uso de máscaras, conta Helena, foi outra coisa diferente deste ano. “Antes, os médicos e os dentistas já usavam, mas nunca pensei que eu teria que usar”, confessa.

Apesar das dificuldades, Helena diz que 2020 não foi um ano chato. “Foi bem difícil, mas também tiveram coisas boas e coisas ruins. Acho que as pessoas foram muito fortes. Foi um pouco entediante algumas horas, mas tivemos mais tempo para ficar com a família”. Para ela, a palavra paciência poderia facilmente resumir 2020. “No começo do ano, minha mãe disse que a escola fechou. Eu não estava entendendo, comecei a ficar nervosa, mas aí foi melhorando. Depois a gente ficou em casa, quando precisamos ter mais paciência. Isso foi fundamental, mas bem difícil”.

Todos os aprendizados de 2020 serão levados para o resto da vida, aponta Helena. Para ela, o próximo ano será mais tranquilo. “Acho que isso vai passar logo. Ano que vem sai a vacina. Eu concordo que os profissionais da saúde devem tomar primeiro, depois os idosos, que são mais frágeis, e depois a gente. Mas, enquanto isso, os cuidados devem continuar”. Em 2021, Helena acredita que as pessoas serão mais conscientes e passarão a valorizar mais a vida. “Acho que as pessoas vão agradecer mais o que elas têm, como a família, a casa, o bicho de estimação”, afirma.

Para o Rodrigo Dias Machado, de 10 anos, que acabou de terminar o 5º ano no Colégio Politécnico, 2020 pode ser representado perfeitamente pela palavra diferente. “Não estava nos nossos planejamentos essa pandemia. Foi um ano bem diferente, mas foi legal também”. Entre todas as dificuldades enfrentadas ao longo deste ano, Rodrigo acredita que ficar longe dos avós e da família foi a parte mais difícil. “Eu senti falta de abraçar meus avós. Agora, acho que as famílias estão valorizando e aproveitando mais o tempo juntos”, conta.

Crianças avaliam 2020 e contam suas expectativas para o Ano Novo Rodrigo Dias Machado aprendeu a tocar piano em 2020. Crédito da foto: Cortesia

Para o estudante, as pessoas mudaram muito em 2020. E as crianças também se enquadram nessa nova realidade. “Depois de passar tanto tempo assistindo aulas on-line, percebemos que ficar em casa é mais chato do que ficar na escola”. Para ele, tudo que passamos esse ano foi necessário para aprendermos a valorizar mais a vida. “A gente passou a ter mais cuidado com a higiene e a ser mais responsável”, afirma. Rodrigo acredita que as pessoas ficaram melhores esse ano. “Agora elas pensam mais em ter um convívio melhor com a família, em ajudar as pessoas que necessitam e em fazer caridade. Essa é uma lição que a pandemia deixou pra gente”, reforça.

Por esse motivo, Rodrigo afirma que 2020 não foi um ano perdido. “Foi um ano de muito aprendizado”. Isso porque durante a pandemia ele começou a tocar piano, fez dois cursos online, um de agricultura e um de finanças, e passou a cultivar uma horta em um terreno do condomínio. “Isso não estava previsto, mas aproveitei o tempo que fiquei em casa. Agora estou juntando dinheiro para comprar um terreno ou um sítio para construir uma horta maior. Vou começar a vender os produtos para aumentar a produção”, ressalta ao contar que cultiva alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, como rúcula, alface, cebolinha, salsinha, tomatinho e almeirão.

No próximo ano, o menino acredita que as coisas serão bem diferentes. “Eu penso que vai ser um ano bem melhor, as pessoas vão ter um ano legal, com mais aprendizados. Não vamos ter pandemia, penso eu. As pessoas vão ser mais responsáveis, elas vão pensar mais em fazer o bem, respeitar o próximo e se cuidar para que não tenha outra pandemia”. No futuro, Rodrigo vai contar para seus filhos sobre a pandemia. “Acho importante as pessoas saberem disso para elas não passarem por isso também”.

Assim como Rodrigo, a Júlia Castro Gomes, de 10 anos, que no próximo ano ingressará no 5º ano do ensino fundamental do Colégio Anglo, acredita que 2020 foi um ano de novos aprendizados. “Mesmo sendo um ano triste, com mortes por Covid-19, eu aprendi muitas coisas. Uma delas foi que não podemos fazer planos para datas muito longas. O planejamento pode ser feito, mas pode ser alterado”, destaca ao dizer que precisou mudar sua festa de aniversário, que esse ano foi no formato drive-thru. “Eu entreguei kits com bolos, salgadinhos e doces para os meus amigos, que passaram retirar em casa usando máscaras e álcool em gel”, lembra.

Crianças avaliam 2020 e contam suas expectativas para o Ano Novo Júlia Castro Gomes viveu um ano em quatro fases. Crédito da foto: Cortesia

Para Júlia, a parte positiva da quarentena foi poder passar mais tempo com a família. “Em casa, a gente ficava junto mais a noite e, nessa época, nos vimos o dia todo. Minha mãe preparava cafés pra gente conversar, ficar com a família. Foi muito bom”, frisa. Além disso, a pequena também aproveitou o tempo livre para cozinhar bastante, fazer aulas de desenho e aprender a tocar ukulelê com aulas online. “Também fiz vários shows para minha família, porque gosto bastante de cantar. Se não tivesse ficado em casa, não teria feito tudo isso”, conta.

Para Júlia, 2020 pode ser dividido em quatro fases. “A primeira foi de adaptação. Eu fiquei estressada com as aulas online, não conseguia prestar atenção, ficava irritada com as coisas facilmente. A segunda parte foi quando fiquei mais tranquila e menos estressada. Depois disso, vem a terceira parte, quando fiquei triste. Eu chorava muito, porque achava que isso nunca ia acabar. E agora, na última parte, estou muito feliz, porque estou vendo tudo voltando aos poucos”, comemora.

Daqui pra frente, Júlia acredita que a fase da felicidade deve permanecer. “Eu acho que a alegria vem do ponto de vista da pessoa. Eu percebi que não adianta ficar triste. O ano está acabando e eu sobrevivi, minha família sobreviveu para contar essa história”. Ao olhar para trás e lembrar tudo o que passamos em 2020, Júlia se sente vitoriosa. “As coisas estão se acertando e eu fiz parte disso. Então, fico muito alegre”. Para a pequena, 2021 será um ano muito bom. “Vai ser bem melhor. A vacina já está chegando. E agora a gente já aprendeu a se cuidar. 2021 vai ser um ano de muitas mudanças. As pessoas vão valorizar tudo que aprendemos porque viram que esse ano foi difícil. Essa foi uma lição muito grande. Agora, que venha 2021”, finaliza. (Jéssica Nascimento)

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