Telhados e paredes verdes embelezam e refrigeram!
O edifício Seed Gamaro será lançado em março, mesclando paredes (a fachada, no caso) e telhado verdes. Crédito da foto: Divulgação
Para quem mora em cidades grandes, a presença de áreas verdes, em parques, praças e jardins residenciais, são um alívio para os olhos - e para o corpo, pois em sua proximidade a temperatura é mais baixa. Essas ilhas verdes são um refrigério!
Há uma tendência mundial, que já começa a fincar raízes no Brasil, para o uso de telhados e paredes verdes em casas e prédios, por razões estéticas e ambientais.
A bióloga, especialista em paisagismo e revitalização ambiental, Bel Harris (https://jardinsnativos.com.br/), residente em Sorocaba, lembra que “a pessoa geralmente quer um jardim para valorizar o imóvel, ficar bonito, mas o jardim é mais do que isso, é mais do que estética (...) o jardim proporciona para a gente serviços ambientais. A redução de temperatura é uma delas”.
Bel Harris é bióloga, defensora de telhados e paredes verdes como espaço de vida. Crédito da foto: Fábio Rogério (28/01/2019)
Bel defende a implantação de telhados ou paredes verdes por várias razões - e, entre elas a ideia de que uma cidade com muitos pontos verdes pode facilitar a conexão da cidade com as ilhas de vegetação existentes no seu entorno (matas ciliares, bosques, florestas nativas etc): “essas ilhas de vegetação precisam ser conectadas entre si. Hoje fala-se muito em corredores ecológicos, e esses corredores seriam muito mais eficientes se nós conseguíssemos deixar as cidades mais permeáveis à fauna, mais amigáveis para que a fauna, pássaros, pequenos insetos, possam atravessar a cidade e atingir diferentes ilhas de vegetação natural. Os jardins verticais e telhados verdes podem contribuir com isso se nós escolhermos a vegetação correta”.
Ela aconselha o uso de plantas nativas locais, da nossa região, sempre que possível. E lembra da necessidade de alguns cuidados, como “consultar um engenheiro para selecionar o melhor para impermeabilização tanto de paredes quanto telhados. É importante verificar o peso da planta, se o prédio aguenta. Tudo isso tem de ser pensado”. E há outras questões que devem ser observadas: “Têm trepadeiras, como a unha de gato, que precisam de poda. A raiz dela é muito agressiva, como a raiz de uma figueira, e a hora que ela encontra um encanamento meio ‘abertinho’, ela entra, pois está buscando água, e aí está criado um problema”.
Outra questão, a dos insetos, é rebatida por ela. “ A vegetação, ela vai atrair ninhos, insetos. Mas é um grande equívoco pensar que insetos são negativos. Existe uma cadeia, todos os seres vivos fazem parte. As pessoas esterilizam os jardins hoje em dia. (...) Colocar inseticidas num jardim é matar os polinizadores, insetos benéficos como a joaninha, que combate pragas. Pequenas vespinhas não vão picar a gente. (...) E mesmo as aranhas que por ventura existam, não vão entrar em casa”.
A técnica de cobertura presta-se ao uso de locais diferentes de um telhado clássico - como um terraço. Crédito da foto: www.getninjas.com.br
Sobre a manutenção, ela volta ao tema de telhados e paredes verdes se dão melhor com pessoas que gostam de jardins, de mexer com eles. A manutenção “depende do tamanho do jardim, da disponibilidade de tempo do morador e da afinidade que tem com plantas. Todo jardim deve ser visitado com frequência. Telhados verdes demandam sistema de irrigação, pois as plantas estão suspensas. Você precisa ter gotejamento para manter as plantas vivas e precisa checar se o gotejador não entupiu”.
Essa dinâmica deve ser mantida “pelo menos de três em três dias. Há jardins que exigem mais e menos manutenção. Tem um telhado verde que a gente chama de extensivo, que é de baixíssima manutenção. Põe grama ali, forração e só, com um sistema de uma lamina d’água embaixo. É o mínimo de manutenção, só cortar a grama. E tem os telhados intensivos, que podem ter arbustos, arvoretas, hortas, banco, um jardim de uso intenso. Esse pode exigir mais. Demanda mais atenção”.
Paredes requerem estruturas mais simples para montar
Parede verde ou jardim vertical é o resultado de uma intervenção paisagística em paredes externas e/ou internas de edifícios, que são cobertas por vegetação através de técnicas especializadas. O ideal é impermeabilizar a parede, e também revesti-la com um chapa de alumínio anodizado (mais resistente à corrosão e a riscos), ou uma placa de PVC.
Estruturas simples podem resultar em ambientes bonitos e refrescantes. Crédito da foto: Pinterest
Podem ser construído de várias maneiras, com blocos cerâmicos ou de cimento, em berços criados na própria fachada, no próprio concreto, em elementos metálicos ou treliças. Neste tipo de instalação, a vegetação pode ser trepadeiras que agarram naturalmente, ou plantas instalada diretamente na parede coberta com uma placa de feltro ou fibra natural, a fim de fixar suas raízes.
Suportes para propiciar o desenvolvimento da vegetação são de uso comum. Estas treliças podem ser feitas de madeira, ferro batido, estruturas de alumínio ou plástico.Também podem ser usadas buchas com parafusos e um cabo de aço esticado para dar suporte a vasos, por exemplo, que são mantidos afastados da parede, melhorando a circulação de ar. As treliças são muito usadas pois, com elas, temos uma fachada viva sem desgastes do tempo, que não apresenta bolhas, rachaduras e outros problemas.
Em paredes ou divisórias internas, usa-se plantas de baixa manutenção, com raízes pouco profundas e que não se desenvolvam demais, para não ocuparem espaços de passagem, etc.
Outra possibilidade, essa bem simples, é a de usar garrafas PET - ou quaisquer outras embalagens adequadas - presas à parede. Muitas hortas urbanas usam esse conceito.
Lembre-se sempre de consultar um especialista para verificar as condições de luminosidade, ventilação, incidência do sol, umidade, o substrato para plantio e principalmente quais espécies são mais adequadas ao seu projeto. Usar espécies que combinem umas as outras é o mais adequado. (Da Redação, com informações da arquiteta Cristiane Nunes)
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