Soja: colheita lenta impacta no milho
Crédito da foto: Aldo V. Silva / Arquivo JCS (20/2/2014)
O último balanço do “Progresso da Safra”, divulgado pela Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, em 5/2, mostra que a colheita de soja no país está atrasada, com apenas 3,6% do total colhido até a data. Em 2020, neste período, a colheita já estava em 17,6%. Dos 12 principais estados produtores, apenas São Paulo está adiantado, com 13% já colhido até 5/2, bem acima dos 5% colhidos até esta data em 2020.
Os estados de Rio Grande do Sul, Paraná e Piauí ainda não haviam iniciado sua colheita até a última sexta-feira.
O maior atraso está no Mato Grosso, que colheu apenas 8,9%. No mesmo período em 2020 o Estado já havia colhido 50% da lavoura. Cenário parecido acontece em Minas Gerais, que colheu apenas 5% da safra, contra 15% em 2020.
Segundo informações da Conab, a comercialização da soja, que estava bastante elevada, começou a “arrefecer”, como reflexo da falta de chuvas e do atraso na colheita. Com isso, os produtores começaram a “frear” a comercialização, com receio de não conseguir cumprir seus contratos de entrega.
O relatório da Conab aponta que os preços internacionais também devem ter influenciado os produtores a esperarem para fechar novos contratos.
Segundo a Secretaria de Comercio Exterior (Secex), as exportações de janeiro/21 foram de 49,49 mil toneladas, número bem inferior ao exportado em janeiro/20, que foi de 1,39 milhões de toneladas.
A justificativa para a queda, segundo a Secex, é o atraso na colheita, mas isso deve se estabilizar na segunda quinzena de fevereiro, ganhando forte intensidade em março.
Os valores internacionais permanecem estáveis, sem muitas oscilações. O mercado aguarda a divulgação do quadro de oferta e demanda dos Estados Unidos para se movimentar. Por enquanto, a baixa oferta e alta demanda têm mantido os preços em patamares elevados, segundo análise de especialistas da Conab.
Milho: atraso no plantio da 2ª safra
Não é apenas no preço do grão e no volume de exportações que o atraso na colheita de soja está impactando. Num sistema de produção rotativa (onde uma área precisa ser desocupada para então receber a semeadura de outro tipo de lavoura) o plantio da segunda safra de milho já apresenta atrasos.
O relatório da Conab apontou que apenas 4,1% da lavoura total de milho (segunda safra) já foi plantada. No mesmo período, em 2020, o Brasil tinha 22,5% da área cultivada.
Dos nove principais estados produtores, só três estados já iniciaram o plantio: Paraná (7% em 2020 - 1% em 2021), Mato Grosso do Sul (5% em 2020 - 0,7% em 2021) e Mato Groso (43,9% em 2020 - 9% em 2021).
Algodão
O plantio está um pouco atrasado com relação ao mesmo período do ano passado: 96,9% em 2020 contra 66,6% em 2021.
Dos sete principais estados produtores apenas Piauí, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais já haviam semeado 100% das áreas até a sexta (5). O Mato Grosso já apresentava 99,2% do total de área plantada.
Arroz
Até 5/2 de 2020, o País já tinha 99,7% das áreas cultivadas. Nesse mesmo período, em 2021, os números apresentam uma leve queda, com 98,2% de áreas já plantadas.
Entre os seis principais produtores, os estados de Tocantins, Maranhão e Mato Grosso ainda não cultivaram 100% de suas áreas.
Já a colheita apresenta um desempenho bem melhor do que no ano passado. Até esse período, o Brasil tinha colhido apenas 1,8% da safra. Em 2021 já colhemos 4,8% do total. O principal destaque é Santa Catarina (que já colheu 38%), seguido por Goiás (18,8%).
O Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz do Brasil, ainda não havia iniciado sua colheita até a sexta (5).
*Denis Deli jornalista especializado em agronegócio, pós graduado em Produção e Reprodução animal.
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