Agronegócio: linhas de investimentos do BNDES, safra e PIB
BNDES devolverá R$ 100 bi. Crédito da foto: Vanderlei Almeida / Arquivo AFP (12/5/2017)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendeu as linhas de investimento Inovagro, Moderagro, Moderfrota, Prodecoop, PCA e Pronaf Investimento. Não há previsão de reabertura até o final do plano Safra 2020/2021.
Segundo Thiago Peroba, chefe do departamento de Operações e Canais Digitais do banco, as linhas estão quase esgotadas, com disponibilidade de só 2% a 4% do valor total repassado pelo Ministério da Agricultura.
A única chance de reabertura de crédito nestas linhas é se contratos já firmados não forem utilizados. “Nessa situação o valor comprometido para a operação retorna ao saldo e haveria mais crédito disponível” explica Peroba.
Outras linhas de crédito também já estão com boa parte dos seus recursos comprometidos e podem ser suspensas em breve, como o Moderinfra, ABC, Pronamp Investimento, Pronaf Caminhonetes e Pronaf Tratores e Colheitadeiras.
Para as cooperativas, ainda existe uma linha de crédito com recursos disponíveis. “A ProcapAgro Giro ainda foi pouco utilizada e conta mais de R$ 1 bilhão em recursos disponíveis”, disse Peroba.
Ao produtor que precisar buscar novas fontes de recursos fica o alerta: cuidado com taxas de juros e condições de pagamento. O próprio BNDES tem uma linha de capital próprio, o Finame, porém este recurso não é equalizado pelo Governo Federal e por isso não tem as mesmas condições das demais linhas de investimentos.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, o total de crédito rural contratado na Safra 2020/21, em diversas linhas, chegou a R$ 125 bilhões em seis meses. Uma alta de 18% em relação do período da safra anterior.
PIB do agronegócio deve crescer 3% em 2021
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou relatório em que prevê crescimento de 3% no PIB do agronegócio em 2021, enquanto o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deve aumentar 4,2%.
Em 2020 o setor teve um crescimento substancial, de 9% no PIB e 17,4% no VBP. Além do acréscimo na produção, o crescimento robusto do ano passado se deve à forte alta no dólar, ocorrido em função da pandemia de coronavírus pelo mundo.
Embora alguns analistas considerem que o crescimento de 2021 será menos expressivo do que 2020, o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, destacou que os resultados são significativos e demonstram a força do setor.
“Um PIB de 3% acima de 9% ainda é muita coisa, é um crescimento robusto sobre este ano, os preços não vão ter muito aumento e a produção vai crescer”, disse ele.
A CNA destaca ainda que fatores climáticos podem alterar essa projeção, em especial a intensidade do La Niña, que tem potencial de afetar, principalmente, colheita na região sul do Brasil, podendo causar impacto nos preços e oferta de produtos.
“Não vamos deixar de ter uma safra recorde, mas poderíamos ter uma safra muito maior, não fosse a questão climática. Em milho, temos preocupação, a produção vai estar muito ajustada com o
consumo”, emendou Lucchi.
MAPA tem recorde no registro defensivos de controle biológico
O último relatório do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária apontou que, em 2020, o país registrou 95 produtos de baixo impacto. “Foi o ano mais importante para o registro de biopesticidas, que são ferramentas importantes para tornar a agricultura brasileira ainda mais sustentável”, disse Bruno Breitenbach, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do MAPA.
Ao todo, o país tem 411 produtos de baixo impactos registrados e disponíveis para o produtor. Os produtos considerados de baixo impacto têm ingredientes ativos biológicos, microbiológicos, semioquímicos, bioquímicos, extratos vegetais e reguladores de crescimento, podendo ser utilizados na agricultura orgânica.
Agro representou quase metade das exportações brasileiras em 2020
Pela segunda vez na história, as exportações do agro ultrapassaram a barreira dos US$ 100 bilhões. Com esse desempenho, o setor representou quase metade de tudo o que o país exportou no ano passado.
As vendas externas fecharam o ano com US$ 100,81 bilhões, o segundo maior valor da série história, ficando atrás apenas de 2018, quando o país exportou US$ 101,17 bi. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O relatório destaca que o volume importado subiu (+9,9%), porém o desempenho financeiro foi comprometido pela queda nos preços (-5,3%).
O complexo de soja (grão, óleo e farelo) foi o principal produto de exportação, com US$ 35,24 bilhões e 101,04 milhões de toneladas. As carnes ocuparam a segunda posição no ranking, com US$ 17,16 bilhões, sendo que a carne bovina representou 49,4% do volume exportado, com aumento de 11,1% em relação a 2019.
---
Denis Deli - jornalista especializado em agronegócio, pós-graduado em Produção e Reprodução Animal