Os principais diferenciais da uva gourmet são a aparência, com bagos grandes, brilhantes e sem sementes, além do sabor bastante adocicado. Crédito da foto: Divulgação

A cidade de Pilar do Sul, na região de Sorocaba, vem ganhando destaque no cenário nacional com a produção da uva Pilarmoscato, a primeira uva gourmet do Brasil.

A variedade começou a ser produzida em 2011, após uma década de pesquisas realizadas por integrantes da Cooperativa Agroindustrial APPC (Associação Paulista de Produtores de Caqui).

A Pilarmoscato nasceu da necessidade mercadológica de oferecer produto de excelência, qualidade e total segurança aos consumidores. Hoje, é o carro chefe dos produtos comercializados pela APPC, que oferece uma diversidade de frutas: caqui, ameixa, atemoia e dekopom, entre outras.

“Tenho orgulho de afirmar que esta variedade foi a primeira uva gourmet lançada no mercado brasileiro, produto esse norteador das fruticulturas paulista e brasileira. Com isso, paradigmas até então vigentes nesta cadeia foram quebrados: enquanto antes pensava-se apenas em quantidade, hoje há uma busca incessante pela qualidade do produto, que pode ser traduzida em sabor, coloração, tamanho e, principalmente, segurança”, conta Paulo Toyoda, vice-presidente da Cooperativa, que enaltece a importância deste trabalho para a permanência dos jovens no campo e para a geração de empregos.

Os principais diferenciais da uva gourmet são a aparência, com bagos grandes, brilhantes e sem sementes, além do sabor bastante adocicado. “Antes da colheita, analisamos cada cacho que deve estar com no mínimo 18 brix (grau de doçura da fruta) contra 14 graus brix das uvas tradicionais. Todo o processo -- do plantio à colheita -- tem acompanhamento técnico integral, proteção e cuidados especiais nas etapas de cultivo”, explica Claudio Shoiti Ito, presidente da APPC, que complementa: “Este é um produto artesanal, exige mão de obra especializada, muita técnica e bastante conhecimento.

Diferentemente de outras uvas, a Pilarmoscato é ensacada individualmente, com um saquinho de papel especial, que protege os cachos dos agentes externos (chuva, sol, ataque de insetos), auxilia na uniformidade de coloração e torna a casca mais fina e brilhante.

Outro procedimento que garante a qualidade da fruta é o raleio, que é totalmente manual, não utilizando o chamado “pente”, que pode deformar o cacho. Todo o parreiral é protegido com telas anti-granizo e anti-pássaros. Nos períodos chuvosos, o chão do parreiral também recebe uma manta plástica para impedir que as bagas de uvas “rachem”, detalha.

No término da colheita, têm início os tratos culturais para a próxima safra: adubação verde para melhor estruturar o solo, fertilização, limpeza de troncos e podas para quebra de dormência. São colocadas em prática outras ações para uniformização de brotação, florescimento e frutificação.

Por todo este processo, a Pilar Moscato tem também um preço diferenciado das demais, podendo chegar a R$ 90/kg, garantindo boa renda aos produtores.

Daniel Nakano, chefe do grupo de estudos da uva Pilarmoscato, explica que uma das missões da Cooperativa é levar produtos seguros, saborosos e de qualidade para agradar aos mais exigentes paladares e consumidores, além de atender a um nicho diferenciado de mercado.

“Estudamos constantemente para que haja segurança alimentar, respeito ao meio ambiente e inovação. Recebemos de volta com doçura, formato e qualidade toda a nossa dedicação para com a fruta”, revela Nakano, informando que todo o processo atende as normas de rastreabilidade e outras legislações exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Na região são gerados mais de 200 empregos relacionados a esta variedade de uva.

*Denis Deli jornalista especializado em agronegócio, pós graduado em Produção e Reprodução animal.