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Vizinhos da área da Saturnia estão apreensivos com contaminação

22 de Agosto de 2018 às 07:01
Marcel Scinocca [email protected]

Vizinhos da área estão apreensivos com contaminação Na terça-feira (21), o monitoramento da área da Saturnia era feito por dois policiais militares em motocicletas. Crédito da foto: Erick Pinheiro

O clima é de apreensão entre os moradores do bairro Iporanga I, na região do Éden, após as informações de que um garimpo clandestino funcionava no local e que produtos perigosos podem estar expostos no terreno que pertence à massa falida da Satúrnia. Várias pessoas relataram à reportagem que há algum tempo sentem um cheiro estranho vindo da área da empresa.

Os relatos aumentam entre as casas que ficam em frente à propriedade, onde há um caminho usado pelos “garimpeiros” que dá acesso ao terreno onde as atividades ilegais eram desenvolvidas. “Às vezes a gente sente um cheiro forte, mas não sabemos do que é”, diz o soldador José Lenildo. “Não acho que seja de longe. Só pode ser daí”, afirma Lenildo, que mora a cerca de 500 metros do local onde ocorria o garimpo. “Falam que contamina e adoece, então dá medo, um pouco, ainda mais a gente que mora mais perto”, diz, sobre o garimpo.

“A noite vem aquele cheiro e a gente não sabe o que é”, relata Maria Célia Gonçalves. Segundo ela, que reside no bairro há três anos, algumas pessoas estiveram no local há cerca de um ano, coletaram poeira, mas nunca mais voltaram. Ela não soube dizer de onde eram as pessoas.

Preocupação

Vizinhos da área estão apreensivos com contaminação Vanadir reside no bairro há 20 anos e destaca o odor que vem do terreno. Crédito da foto: Erick Pinheiro

“Quando eu vi as pessoas trabalhando ali, não sabia que era algo de risco. A gente não sabe exatamente o que está circulando no ar, ficou muita coisa exposta”, afirma a comerciante Joseli Cardalis. “A preocupação é pelas crianças e pela gente também”, diz.

“O ideal é que nada tivesse exposto como está hoje”, diz Antônio Cesar, que mora no bairro há 25 anos e que também reclama do cheiro estranho no local. Vanadir Oliveira, que mora no bairro há pelo menos 20 anos, diz que não tem receio quanto a sua saúde, mas diz que já sentiu o cheiro forte. “Eu só sinto quando vou mais perto. Dizem que é do garimpo”, afirma.

Vizinhos da área estão apreensivos com contaminação José mora a 500 metros do local e afirma que sente o cheiro forte. Crédito da foto: Erick Pinheiro

Quanto à água, os moradores dizem que só consomem a que é fornecida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae).

O que dizem as autoridades

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi questionada sobre o monitoramento da área, nível de contaminação e se acompanha a questão com relação aos moradores do entorno. Em nota, informou que constatou em março deste ano a existência de algumas bombonas contendo ácido ou solução ácida, bem como caixas de ebonite vazias (para uso em baterias de submarinos).

“Na oportunidade, a Cetesb noticiou o fato ao juízo da 2ª Vara da Comarca de Sorocaba, sendo indicadas as medidas que deveriam ser adotadas, bem como foi solicitada a continuidade das ações de gerenciamento da área contaminada. Tais fatos foram também notificados à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), solicitando que fossem adotadas as ações no âmbito de competência municipal para equacionamento dos problemas constatados”, cita.

 

A Cetesb diz ainda que a Câmara Municipal também foi informada. “Em vistoria feita em 17 de agosto deste ano, foi constatado que populares estavam promovendo a remoção de escórias visando sua comercialização. Em razão desta constatação, a Cetesb impôs à massa falida da empresa a multa de R$ 257 mil e foram enviados ofícios à Prefeitura Municipal de Sorocaba e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, notificando-os para a adoção das providências necessárias visando impedir o acesso de populares na área, devido ao risco iminente à exposição aos resíduos”, argumenta. “A Cetesb aguarda a adoção dessas providências”, acrescenta a nota.

A Prefeitura de Sorocaba foi questionada sobre de que forma está acompanhando a situação e que medidas tomou com relação ao caso. O Executivo disse que “trata-se de área de responsabilidade da massa falida da empresa Satúrnia, que deve zelar pela contenção de riscos. A Prefeitura acompanha o tratamento que será dado”.

O promotor Jorge Alberto Marum, da Promotoria do Meio Ambiente, afirmou ontem que prentende realizar hoje uma visita no local. Ainda conforme ele, amanhã, às 14h, haverá uma reunião na Prefeitura com diversos secretários, a Cetesb e a Polícia Ambiental.

Policiamento

No terreno com dezenas de hectares, que já abrigou um dos maiores complexos industriais da América do Sul, além da área de mata atingida por um incêndio ontem e das ruinas dos prédios da empresa, a paisagem é de vários grupos de crateras, algumas feitas no braço, outras por máquinas em busca do mineral. Exceto três pessoas que tentaram entrar no local para escavar, mas que foram impedidas pela Polícia Militar, o local estava deserto. Diferente das atividades intensas registradas nos últimos dias, inclusive na segunda-feira (20). O monitoramento da área era feito por dois policiais militares em motocicletas

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