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Vendas de motos aumentam na cidade

13 de Setembro de 2020 às 00:01

Vendas de motos aumentam na cidade Fenabrave aponta que em Sorocaba alta nas vendas de motos foi de 13%. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (11/9/2020)

Angélica Teixeira Penha Rodrigues Lima é hipertensa e, por isso, integrante do grupo de risco para o novo coronavírus. A pandemia fez com que ela tomasse uma decisão que vinha sendo adiada há muito tempo: comprar uma moto.

Antes utilizando ônibus para ir ao trabalho, ela, agora, se locomove sobre duas rodas. “Optei pela moto para não precisar usar transporte público por conta da lotação e da pandemia. Sou do grupo de risco, pensei em mim e na minha família”, conta Angélica, que também ponderou os gastos reduzidos e a rapidez da nova forma de locomoção.

Angélica não foi a única que, nos últimos meses, esteve em uma concessionária de motos pensando em precauções de saúde. Especialistas do setor afirmam que a necessidade de evitar aglomerações estimulou muitas pessoas a trocar o meio de transporte. Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) apontam que, em agosto, houve 423 emplacamentos de novas motocicletas em Sorocaba. No mesmo período de 2019, esse número foi de 365, o que corresponde a um aumento de 13,7%.

Motivos variados

Vendas de motos aumentam na cidade Clayton Reis cita que clientes querem um transporte alternativo. Crédito da foto: Erick Pinheiro / Arquivo JCS (11/7/2019)

Clayton Reis, gerente do grupo Jet Balbek, afirma que a média de emplacamentos reflete a realidade das vendas do segmento, que aumentaram nesse período. “Foi uma surpresa, não esperávamos esse movimento. Um dos fatores que pode explicar a procura maior é o medo de aglomerações, o que fez pessoas procurarem alternativas de transporte”, destaca.

Esse, no entanto, não é o único fator que pode explicar o aumento na procura por motos. Para Cássio Caproni, gerente comercial da Walk Motos, em conversas com clientes, foi perceptível o interesse deles por motocicletas de 160 a 250 cilindradas, geralmente utilizadas em serviços de entrega. “O isolamento fez a demanda por delivery aumentar e, por isso, mais pessoas passaram a ter interesse em trabalhar com entregas para ter uma renda extra”, diz.

A situação econômica das pessoas também afeta diretamente esse aumento. “Famílias que tinham dois carros decidiram vender um deles e investir em uma moto, pensando nos gastos mais baixos com a aquisição, combustível e estacionamento, por exemplo”, explica Caproni, que vê essa procura influenciar, inclusive, a área dos veículos seminovos.

Vendas de motos aumentam na cidade Caproni: aumento do serviço de entrega impactou positivamente o setor. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (10/9/2020)

A baixa rentabilidade de alguns investimentos, como a poupança, e o desejo de aplicar dinheiro proveniente de casos de demissão, por exemplo, são outros fatores a ser considerados. “Demissões acabam injetando dinheiro no mercado e fazem pessoas pensarem em formas de investir. Do total de vendas, 30% são feitas à vista”, pontua Reis. A baixa nas taxas de juros de financiamentos e a procura crescente por consórcios também devem ser levados em conta, segundo Caproni.

Estoques

Com a demanda por motos crescendo na pandemia, as concessionárias tiveram que enfrentar um desafio para atender aos clientes. Durante um período, as fábricas ficaram fechadas e as lojas tiveram os estoques afetados. “Considerando o fechamento das fábricas e o prazo de até 30 dias para que os veículos cheguem às concessionárias, tivemos que criar listas de espera para atender essa demanda crescente. Isso está sendo normalizado”, frisa o gerente da Walk Motos.

O aumento registrado nas vendas de motos ainda pode continuar pelos próximos meses. “A tendência é que siga assim. Setembro já começou bem e é um momento propício para financiamentos”, finaliza o gerente do grupo Jet Balbek.

Números

A situação de Sorocaba é a mesma dos números de emplacamentos nacionais, que subiram no último mês. Em agosto, conforme dados da Fenabrave, houve um aumento de 12,7% em relação a julho e de 8,29%, na comparação com o mesmo mês de 2019. (Erick Rodrigues)

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