Trabalhadores contestam demissões por suspeita de atestados falsos em Sorocaba
Empresa diz que fez auditoria para apurar irregularidades. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (11/7/2019)
Os trabalhadores demitidos pela ZF do Brasil pela suposta utilização de atestados médicos falsos estudam medidas legais para reverter a situação, de acordo com Presidente da Associação dos Trabalhadores Lesionados (ATL) de Sorocaba, Sérgio Cândido Teixeira. Ele afirma que até às 17h de quinta-feira (11) já apurava a demissão de 190 funcionários e que o número poderia chegar nesta sexta-feira (12) a 300 demissões. A emissão dos supostos atestados médicos falsos seria feita por uma clínica da cidade denunciada em matéria veiculada no programa “Fantástico”, da Rede Globo, exibida no dia 23 de junho.
Segundo o presidente da ATL, os ex-funcionários estão abalados com a situação, especialmente devido a repercussão do caso nas redes sociais, onde foram alvos de ofensas. “Somos trabalhadores, temos famílias e temos filhos”, disse. Ele ainda ressaltou que os demitidos estão agora sem assistência médica.
De acordo com a entidade, a empresa está demitindo apenas os funcionários do chão de fábrica, sendo que os colaboradores de cargos mais elevados -- como supervisão e coordenação -- que também apresentaram atestados da mesma clínica receberam apenas advertências. Os ex-funcionários planejam uma manifestação em frente à fábrica na segunda-feira (15) às 5h.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) se reuniu, na manhã de sexta-feira (12), com trabalhadores demitidos para fornecer orientações. A entidade também divulgou um comunicado repudiando as demissões realizadas na quinta-feira (11) e afirmou que, além das ações sindicais, protocolou junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) uma representação requerendo as devidas apurações. A entidade afirma que, embora a reportagem televisiva narre possíveis atos ilícitos da clínica, ela não traz prova cabal de que os trabalhadores demitidos se beneficiavam dos atestados.
ZF
A ZF afirmou em nota que, após a realização de auditoria, apurou que nos últimos 18 meses, apenas do profissional médico investigado, foram encontrados quase 4 mil atestados, para mais de uma centena de empregados, abonando milhares de faltas.
A empresa afirma que procurou o Ministério Público, juntamente com outras empresas da região também vítimas da fraude e solicitou a apuração dos fatos narrados pela matéria e daqueles constatados nas empresas. A ZF diz que “renova sua fé na atuação diligente e implacável das autoridades e instituições brasileiras, seja na apuração da conduta do profissional médico, como também daqueles trabalhadores que preferiram optar pela fraude”. (Priscila Fernandes)