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Sorocabanos relatam a rotina no exterior diante da pandemia

21 de Março de 2020 às 00:01

Sorocabanos relatam a rotina no exterior Higor vive em Bilbao, na Espanha. Crédito da foto: Acervo Pessoal

“Foi muito rápido. Até o último dia 12 estava tudo normal por aqui”, relata o sorocabano Higor Cabral, de 40 anos, que vive em Bilbao, na Espanha, referindo-se à velocidade da propagação do novo coronavírus no país. Em uma semana, mais de mil pessoas morreram na Espanha por Covid-19, sendo 169 somente na última quinta-feira, dia 19. “A coisa é seríssima. Aprendam com nossos erros”, apela a jornalista Renata Bayarri, de 34 anos, que há três mora em Como, na região da Lombardia, Itália, epicentro da pandemia na Europa.

Os relatos revelam a dimensão e a gravidade da situação, mas também visam conscientizar os brasileiros a ajudar a reduzir o ritmo do avanço da epidemia no País, respeitando as orientações das autoridades competentes.

Higor, que vive com a esposa na Espanha há dois anos e trabalha em uma multinacional de logística, relata que mesmo diante das notícias da pandemia na Itália, o país hesitou a adotar medidas para reduzir o risco de proliferação do vírus, como a proibição de aglomerações e restrição da circulação de pessoas. O decreto de confinamento foi editado na noite de sábado, dia 14, quando o país já registrava 7.703 casos confirmados. “Estou desde este dia confinado em meu apartamento”, relata, citando que policiais estão nas ruas fazendo a fiscalização e aplicando multas a quem estiver circulando sem justificativa. “Só pode sair um da família para comprar comida no supermercado e farmácia”, conta.

Higor detalha que o acesso aos supermercados é limitado, com filas espaçadas do lado de fora e controladas pela polícia. Nas prateleiras, os principais produtos em falta são carne, papel higiênico e leite. “O abastecimento está normal, mas as pessoas com medo estão comprando exageradamente”, relata. “Sei que muitos brasileiros não estão levando a sério, mas está na hora de repensar. No Brasil está apenas no início e há tempo de reverter esse jogo. Tudo depende da consciência de cada um”, aconselha.

Na mesma linha, Renata tem redobrado os apelos a amigos e familiares do Brasil para que, desde já, evitem sair de casa para não serem infectados e adoecerem ou serem vetor da doença para pessoas com comorbidades. Ela confessa que, no final de fevereiro, no início da epidemia na Europa, foi uma das pessoas que não deu a devida importância ao avanço da doença. “Pensava que era exagero, só uma gripe”, relembra.

Sorocabanos relatam a rotina no exterior A jornalista Renata mora há 3 anos na Itália. Crédito da foto: Acervo Pessoal

A jornalista comenta que a Covid-19 também tem acometido pessoas que não fazem parte do chamado grupo de risco, como idosos e hipertensos. “Um amigo do meu marido, de 50 anos e atleta, está há três semanas preso a um respirador”, relata. Renata acrescenta que em Lipomo, cidade vizinha com cinco mil habitantes, os sinos da Igreja católica tocam quando algum membro da paróquia morre. “Só hoje o sino tocou três vezes”, conta.

Para ajudar a conter a proliferação do vírus, o governo da Lombardia pediu ao governo central da Itália que determine o fechamento das fábricas. Assim como na Espanha, relatado por Higor, o abastecimento nos mercados já começa a sentir os efeitos e o policiamento é intenso nas ruas para evitar a circulação de pessoas “Os celulares são monitorados e se a gente faz movimento recebe alerta”.

Nos EUA

Morando há 3 anos e 9 meses nos Estados Unidos, onde a pandemia avança em ritmo semelhante ao Brasil, o sorocabano Ralf Cristiano Cunha relata que começou a sentir os primeiros efeitos das restrições no início desta semana. Bares e locais que concentram grande aglomeração receberam ordem para não funcionar nas próximas duas semanas. Ralf foi dispensado do trabalho e orientado a ficar em casa de sobreaviso. Eletricista de manutenção, ele mora em Chippewa Lake, no estado de Ohio, e trabalha em uma autopeças que funciona no sistema “just in time”, isto é, por demanda da montadora e sem estoque. “Mas todo mundo aqui quer trabalhar. É aquele ditado deles, ‘no working, no pay’, se não trabalhar não ganha”, comenta, citando que, diferentemente do Brasil, o sistema de saúde não contempla toda a população e é preciso recorrer ao sistema privado. Até o momento, 119 casos de coronavírus foram confirmados em Ohio, sem óbito, e nenhum até o momento no condado de Medina, onde está Chippewa Lake. (Felipe Shikama)

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