Sorocaba está com estoques zerados do medicamento Tamiflu
O problema na distribuição do remédio foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde. Crédito da foto: Divulgação
A cidade de Sorocaba está com os estoques zerados do medicamento Oseltamivir 75 mg, mais conhecido como Tamiflu. A medicação é utilizada no tratamento de pacientes com H1N1/Influenza, nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). O problema na distribuição do remédio foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde (SES). O desabastecimento estaria ligado ao repasse feito pelo governo federal.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a medicação é comprada e enviada pelo Ministério da Saúde ao Estado, que realiza o repasse aos municípios. “Segundo o governo federal, a perspectiva de chegada ao Estado é nesta segunda quinzena de junho. Tão logo isso ocorra, a Secretaria fará a redistribuição aos municípios”, informou a pasta.
O antiviral também desapareceu das prateleiras de farmácias particulares. Conforme apurou a reportagem, consumidores estariam em busca da composição para tratar possíveis casos do novo coronavírus. Segundo protocolo de manejo clínico da Covid-19 na atenção especializada, divulgado pelo Ministério da Saúde, o composto só é indicado em casos suspeitos de H1N1. “Em se tratando de síndrome gripal e na impossibilidade de descartar, não retardar o início do tratamento com Fosfato de Oseltamivir nos pacientes com risco aumentado de complicações, conforme protocolo de tratamento de influenza”, recomendou no documento a entidade federal.
O médico superintendente do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), Paulo Quintaes, explica que não há confirmações científicas da eficácia do antiviral no tratamento de infectados pelo Sars-Cov-2 e que o medicamento só é ministrado a pessoas hospitalizadas que aguardam o resultado laboratorial. “Para Covid-19 não há nenhuma indicação. O que existe é quando o paciente interna com uma síndrome gripal de moderada a grave e ainda não tem diagnóstico do coronavírus, se você suspeitar que possa ser H1N1, aí se usa o Tamiflu, desde que ele tenha fatores de risco para o agravamento da doença”, avaliou o profissional.
O médico ainda relembrou que pessoas que tenham testado positivo para o vírus, mas se encontram em estado leve da doença, devem realizar o tratamento domiciliar com analgésico e antitérmico, acompanhando possíveis avanços dos sintomas.
Remédios em falta
Durante a pandemia do novo coronavírus, outros medicamentos acabaram esgotando e fazendo falta no atendimento dos pacientes infectados pela Covid-19. Segundo adiantou o superintendente do CHS, neste momento o hospital enfrenta a falta de sedativos e relaxantes musculares ministrados no processo de entubação e sedação dos pacientes. “O problema é que os laboratórios privados que produzem o medicamento não estão recebendo os insumos que vêm da Índia, que é o maior fornecedor desse produto no hospital. A quantidade fornecida não está sendo suficiente para a nossa necessidade”, relatou Quintaes. (Wesley Gonsalves)