Buscar no Cruzeiro

Buscar

Série de reportagens do Cruzeiro do Sul tratou de problemas da Raposo Tavares

21 de Setembro de 2019 às 20:03
Ana Claudia Martins [email protected]

Mortes na rodovia já superam todo ano passado Segundo levantamento da Polícia Rodoviária, em nove meses foram 255 ocorrências de acidentes no trecho. Crédito da foto: Fábio Rogério (17/9/2019)

 

Ao longo da semana, o Cruzeiro do Sul publicou uma série de reportagens sobre a Rodovia Raposo Tavares em Sorocaba. As matérias mostraram que só em 2019 o número de mortes nos 18 quilômetros da rodovia já superou todo o total registrado no ano passado. Segundo dados da Polícia Rodoviária, foram 9 mortes em 2019 contra 7 em 2018.

Os dados também contabilizam 255 acidentes na rodovia em Sorocaba este ano e mais 383 em todo o ano de 2018, o que dá uma média de pelo menos um acidente por dia praticamente.

Para a Polícia Rodoviária, as principais causas dos acidentes são de responsabilidade dos motoristas que cometem infrações como: uso de bebidas alcoólicas na condução dos veículos; excesso de velocidade; ultrapassagem em local proibido; infrações envolvendo motocicletas, e não uso do cinto de segurança.

Já duas engenheiras civis da Universidade de Sorocaba (Uniso), que acompanharam todo o trajeto da Raposo na cidade, nos dois sentidos, com a equipe de reportagem, confirmaram os vários pontos de conflito atualmente existentes ao longo da rodovia.

Os problemas são causados nos acessos aos bairros que margeiam a Raposo e nos horários de pico o excesso de veículos acaba provocando lentidão e até congestionamentos nas marginais da rodovia.

Fabíola Palinkas e Melodie Kern mostraram que para resolver os conflitos nos acessos aos bairros a responsabilidade é muito mais do poder público municipal e de empresas e comércios que estão às margens da Raposo e que não adequaram suas entradas e saídas, mesmo com a chegada das marginais.

Já a concessionária, o governo estadual e o poder público municipal, junto com a iniciativa privada, podem propor soluções em conjunto para resolver os atuais problemas e deixar o tráfego mais seguro na Raposo. Além, é claro, da parte que cabe aos motoristas, de respeitar os limites de velocidade e as leis de trânsito.

O governo estadual e a CCR ViaOeste disseram que fizeram melhorias e adaptações ao longo dos últimos anos e que novas melhorias estão sendo estudadas, mas sem data definida.

“A ARTESP disse que com  relação aos acessos em marginais, cabe ao interessado apresentar pedido de autorização junto à concessionária ou à própria ARTESP, assim como projeto e eventuais medidas mitigatórias, entre outras exigências técnicas. O órgão estadual afirma que está realizando uma vistoria geral no trecho para verificar melhorias que possam ser feitas na sinalização e acessibilidade ao novo Hospital Regional de Sorocaba, tanto de pedestres quanto de veículos que utilizam a rodovia", diz.

Já a Prefeitura de Sorocaba, que também foi questionada pelo Cruzeiro do Sul, principalmente pela responsabilidade nas vias urbanas que margeiam a Raposo Tavares, disse, somente, que não possui nenhum projeto atualmente para melhorias nos pontos de conflito apontados pelas reportagens.

Quase centenária, Raposo é uma das rodovias mais importantes do estado

A quase centenária Rodovia Raposo Tavares (SP-270), que é considerada uma das mais importantes do Estado, foi inaugurada em 26 de agosto de 1922, pelo governador na época Washington Luiz. Próxima de completar 100 anos, a rodovia era chamada “São Paulo-Paraná” e o primeiro trecho inaugurado foi entre a capital paulista e as cidades de Cotia e São Roque. Saindo de São Paulo, onde ela começa, a paisagem vai ganhando cenas típicas do interior paulista.

Em quase um século de vida, a Raposo foi crescendo junto com o desenvolvimento do Estado e de todo o interior paulista e atualmente possui mais de 650 quilômetros, chegando até a divisa com o Mato Grosso do Sul.

Como o Estado de São Paulo e todo o interior paulista cresceram bastante ao longo de quase um século, a Raposo Tavares também passou a receber um fluxo de veículos cada vez maior. Principalmente por conta das cerca de 30 cidades que são cortadas pela rodovia e que também se desenvolveram nesses quase 100 anos.

Com a expansão das cidades ao longo da Raposo e o aumento do fluxo de veículos, a rodovia passou a exigir melhorias, novos investimentos e duplicações em muitos trechos. Com o aumento de acidentes, sobretudo pela falta de duplicação em muitos trechos, a Raposo passou a ser conhecida como a “Rodovia da Morte”.

Em Sorocaba, a Raposo corta a cidade em cerca de 18 quilômetros, que compreende o km 91 ao km 109, segundo a concessionária CCR ViaOeste, que é a empresa responsável pela concessão da rodovia em Sorocaba desde 31 de março de 1998. O contrato termina em 31 de dezembro de 2022.

De acordo com a CCR ViaOeste atualmente a média diária do fluxo de veículos na Raposo em Sorocaba é de 52 mil por dia, nos dois sentidos, com base em dados apurados pela concessionária no período de janeiro a agosto de 2019.

Com a concessão vieram as melhorias, a duplicação da pista, a cobrança do pedágio e a construção das marginais no trecho urbano. Segundo a CCR ViaOeste, em mais de 20 anos de concessão da Raposo em Sorocaba, a concessionária já investiu mais de R$ 520 milhões em obras nos 18 quilômetros da rodovia que cortam a cidade. As obras de duplicação foram feitas em quatro etapas, sendo a 1ª em maio de 1999 e a última foi concluída em junho de 2007.

Já as obras de construção das marginais da Raposo, em Sorocaba, foram realizadas em duas etapas, sendo que a 1ª começou em junho de 2008 e a 2ª terminou em dezembro de 2014.

Após 21 anos de concessão da CCR ViaOeste, a Raposo Tavares em Sorocaba continua necessitando de melhorias para acompanhar o crescimento e o desenvolvimento econômico da cidade, que continua se expandindo.

O crescimento imobiliário dos últimos anos com o aumento de condomínios, principalmente horizontais, nas zonas leste, oeste e sul da cidade, trouxeram moradores da própria cidade e de outros municípios para bairros que margeiam a rodovia ou que estão bem próximos dela.

Na zona sul, na região do Campolim, por exemplo, o crescimento de condomínios, verticais e horizontais, além de ser uma área de grande movimento por conta de um dos maiores shopping centers do estado de São Paulo, que atrai visitantes de várias cidades da região, também ganhou dezenas de moradores nos últimos anos. E a região está bem próxima da Raposo Tavares, que já sofre com a lentidão e os congestionamentos nos horários de pico, sobretudo nos acessos aos bairros que margeiam a rodovia.

No km 106, próximo a zona oeste de Sorocaba, a Raposo ganhou há pouco mais de ano um novo Hospital Regional -- Dr. Adib Domingues Jatene -- que atrai dezenas de pessoas diariamente ao local, além dos funcionários da unidade. Porém, faltou planejamento e investimento para, antes do hospital ser inaugurado, o local receber um acesso adequado para quem vem do interior e uma passarela para os pedestres. (Ana Claudia Martins)