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Sem acordo com sindicato, Grupo São João alega colapso e suspende atividades

18 de Abril de 2020 às 17:13

Empresa de ônibus conta com 970 funcionários diretos. Crédito da foto: Fabio Rogerio

 

Sob a alegação de que está “à beira de um colapso” financeiro, já que o número de usuários teria caído em 90% em virtude pandemia de coronavírus, o Grupo São João, que é responsável pelo transporte urbano em Votorantim, São Miguel Arcanjo e Salto de Pirapora e de linhas metropolitanas da região, suspendeu totalmente as atividades por tempo indeterminado. Os serviços foram interrompidas na manhã deste sábado (18) e surpreendeu funcionários e usuários que atuam em serviços essenciais.

A empresa atribui a suspensão da operação é resultado à “intransigência” do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, que rejeitou acordo baseado na Medida Provisória 936/20, que autoriza a redução de jornadas e salários, que garantiria a manutenção dos empregos e a continuidade do serviço. O sindicato da categoria foi procurado, mas não quis se manifestar.

Por meio de nota, a direção da empresa afirma que “devido à intransigência do sindicato”, o Grupo São João não tem mais como manter o transporte público urbano nos três municípios, bem como as linhas metropolitanas que ligam Votorantim/Sorocaba, Porto Feliz/Sorocaba, Boituva/Sorocaba, Piedade/Sorocaba, São Miguel Arcanjo/Sorocaba, Araçoiaba da Serra/Sorocaba, Salto de Pirapora/Sorocaba, Piedade/Tapiraí e Pilar do Sul/Piedade.

A empresa defende que o acordo, como forma de minimizar os prejuízos decorrentes da pandemia, não implicaria prejuízo aos trabalhadores, “já que o salário por hora trabalhada será superior ao que ganham atualmente”. Sem o acordo, no entanto, o grupo alega que não tem condições de arcar com a folha de pagamento. A empresa afirma que a receita está em torno de 10% do normal, o que torna inviável até mesmo o custeio de insumos como óleo diesel. “No caso do Grupo São João, são 56 anos que estão indo para o túmulo junto com mais de 970 famílias – empregados diretos – que vivem e fazem a nossa empresa ser o que é”, afirma.

Paralisação da atividade surpreendeu usuários de Votorantim que trabalham em serviços essenciais. Crédito da foto: Fabio Rogério

A empresa acrescenta que a  administração pública estadual e municipal, apesar de estarem cientes das nossas dificuldades e acompanharem todo este processo, até o momento não se manifestaram no sentido de colaborar ou ao menos tentar amenizar a situação. O secretário de Governo de Votorantim, Carlos Laino, disse que que os termos do contrato de concessão não preveem repasse de subsídio à empresa concessionária e que qualquer socorro financeiro à empresa seria inviável neste momento, já que o orçamento do município deve ficar 25 % menor que em 2019 e a maior parte dos recursos disponíveis já estão sendo usados em ações de combate ao novo coronavírus.

Mais tarde, a Prefeitura de Votorantim se manifestou por meio de nota dizendo que foi "pega de surpresa" com a paralisação total no transporte coletivo urbano que "estuda, de acordo com o que prevê o contrato de concessão dos serviços, tomar as devidas atitudes, dentro da legalidade".

Frota da educação

Segundo Laino, a frota escolar do município, que estava inutilizada durante a quarentena, seja usada para transportar os trabalhadores da área da saúde. “O nosso entendimento é que o bom senso deve prevalecer. O sindicato tem que conversar com a empresa e chegarem num acordo. Não é momento de colocar profissional na rua. Estamos numa crise econômica que vai perdurar um bom tempo. É uma hora que todo mundo tem de ceder”, defendeu.

As prefeituras de São Miguel Arcanjo e Salto de Pirapora foram contactadas, mas não retornaram até o fechamento deste texto.

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