Demandas por exames e consultas na Policlínica Municipal, por exemplo, são um dos problemas a serem resolvidos. Crédito da foto: Fábio Rogério (10/3/2020)

Os problemas na saúde pública devem ser o principal desafio do(a) novo(a) prefeito(a) de Sorocaba, na avaliação de especialistas. Falta de verba, longas filas de espera, terceirizações e má distribuição dos recursos são alguns dos impasses a serem encarados, apontam especialistas ouvidos pelo Cruzeiro do Sul.

Os problemas são antigos porém, em 2019, os recursos próprios da Prefeitura para a saúde chegaram a se esgotar. A Secretaria da Saúde (SES) foi alvo de denúncias de improbidades administrativas, motivando a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O relatório final apontou seis crimes. Outro problema foi a frequente troca de comando da pasta, que prejudicou o andamento de projetos. Nos últimos quatro anos, foram sete secretários.

As filas de espera para exames e consultas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e na Policlínica são mais um entrave. Em relação à saúde bucal, cinco mil pessoas aguardam atendimento odontológico. O tempo de espera pode chegar a dois anos. Essas situações mobilizaram o Ministério Público (MP). A baixa cobertura vacinal na cidade também preocupa, sobretudo para crianças. Além disso, o próprio projeto do hospital municipal ainda não saiu do papel.

A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais esse cenário. A Prefeitura precisou mudar os protocolos de atendimentos na rede pública, para enfrentar o vírus. Uma das medidas foi a ampliação do número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) nos hospitais.

O médico infectologista Alcides Poli Neto inclui a terceirização dos serviços como mais uma causa desses problemas. O principal motivo, elenca, é a falta de fiscalização da destinação das verbas e da atuação das contratadas. Para mudar esse quadro, ele aponta o planejamento adequado da distribuição dos recursos. “O gestor público deve fiscalizar, constantemente, a aplicação do dinheiro”, reforça Poli Neto.

A infectologista, professora da PUC-SP e especialista em saúde pública, Rosana Maria Paiva dos Anjos, considera o maior investimento em atenção básica, ou primária, como uma medida igualmente essencial. As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) deveriam ser melhor preparadas para todos os tipos de atendimentos e modernizadas, com a adoção de novas tecnologias e equipamentos. Assim, os pacientes não precisariam procurar auxílio nos outros níveis de saúde - secundário (ambulatórios de especialidades, como a Policlínica, Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMES), e hospitais de menor complexidade), e terciário (unidades para casos graves, a exemplo do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e do Hospital Regional Dr. Adib Domingos Jatene). Isso acarretaria na diminuição das filas de espera e das altas demandas em todos os níveis. Outro ponto é a capacitação adequada dos profissionais do nível primário.

O jornal Cruzeiro do Sul publica, a partir de hoje (3), sempre aos sábados, matérias temáticas com conteúdo eleitoral para ajudar os eleitores a conhecerem os projetos dos oito candidatos a prefeito de Sorocaba.

Carlos Péper - (Solidariedade)

Crédito da foto: Divulgação

“Conhecer as necessidades mais prementes da área da saúde e elaborar um planejamento para o atendimento das prioridades, em síntese essa minha proposta. Quero ampliar o acesso da população aos exames de diagnósticos por imagem e aos demais serviços públicos. Reestruturar as áreas estratégicas da atenção primária é um objetivo a perseguir e atender a mulher, homem, criança e idoso, focando sempre na prevenção.

Quero reduzir as internações por condições sensíveis à atenção básica e garantir a humanização do atendimento na rede de saúde pública, assegurando uma postura de atenção e cuidado que responda efetivamente à expectativa da população, regular e ampliar o acesso da população aos exames e as consultas especializadas, deslocar unidades móveis aos bairros equipadas para realização de exames preventivos, priorizando o atendimento para aqueles que têm dificuldades de locomoção e estruturar a rede de referência para ampliar o acesso à rede hospitalar também. Outra proposta de minha candidatura é remodelar a atuação e a gestão da saúde de nosso município, humanizar as relações, integrando todas as unidades UPHs, UBS e UPAS. Quero criar um programa de marcação eletrônica de consultas na rede municipal de atendimento à saúde, dando um fim às filas.”

Professor Flaviano - (Avante)

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“Entendemos que é fundamental que a Secretaria de Saúde (SES) tenha maior autonomia para exercer sua função essencial, que é propiciar uma saúde digna. Vamos iniciar uma reestruturação inédita na SES para que tenha em seus quadros equipes próprias e especializadas no campo jurídico (procuradoria própria), administrativo (licitações de materiais), orçamentário e de infraestrutura (construções e manutenções). É preciso de um plano efetivo e viável para recuperar a atual infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Policlínica e UPHs. Nossa proposta é descentralizar e potencializar essa autonomia, inclusive, para contratação de pessoal com maior rapidez, sempre respeitando os processos seletivos públicos, dando fluidez ao dinheiro público no atendimento às grandes demandas. O impacto da pandemia não tem precedentes, especialmente na rede municipal que fez todos os esforços para garantir o atendimento aos infectados, evitando o colapso do sistema. Para tanto, diminuiu os atendimentos nas UBSs, exames, cirurgias eletivas, enfim, a baixa e média complexidade, o mesmo ocorrendo na rede estadual, na alta complexidade. Logo, os impactos a serem administrados do represamento de procedimentos será dos mais complexos.”

Jaqueline Coutinho - (PSL)

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“A saúde é um dos maiores desafios de um administrador público. Precisamos melhorar os investimentos em gestão e inovação para garantir aos cidadãos serviços de qualidade. É necessário detectar demandas e estabelecer metas para que os investimentos sejam utilizados com eficácia. Uma das nossas propostas é a criação do Prontuário Eletrônico para integrar dados dos pacientes e ampliar as parcerias com hospitais e universidades. Também propomos a instalação da Nova Policlínica com especialistas e exames e melhorar a parceria com a Santa Casa e demais entidades. Vamos retomar as consultas, diminuir a fila e agilizar a realização de exames. Vamos fortalecer a atenção básica e fazer um fluxo mais rápido no atendimento. Vamos criar um programa para diminuir a fila das especialidades, de exames e consultas nas UBSs. O sistema odontológico terá uma atenção especial e vamos ampliar os programas voltados a esse setor. Vamos informatizar a rede da saúde e investir na Atenção Básica com aprofundamento do modelo da estratégia de Saúde da Família e ampliação das equipes.”

Leandro Fonseca - (Democratas)

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“O que a saúde precisa é de gestão, e ela é, sim, um desafio para os todos os administradores públicos. Eu, como médico, conheço exatamente os problemas da saúde de Sorocaba, que estão nos métodos da utilização da saúde. Por exemplo, o SUS tem os setores primário, secundário e terciário e, infelizmente, em Sorocaba, as coisas funcionam como ‘colcha de retalhos’. Coloca-se muito dinheiro num setor secundário, que seria uma emergência ou urgência, e não há investimento na saúde preventiva. Esse é um dos maiores erros em Sorocaba. Outro problema é o fluxo do sistema. Muitas pessoas entram na UBS e precisam pegar uma senha, às vezes, precisa fazer um exame e vão até a Policlínica. Daí, precisam voltar até a UBS para marcar uma nova consulta ou cirurgia e tem que pegar uma nova. E, muitas vezes, essa pessoa pode ficar até uns dois anos esperando para ser atendida de novo. Não existe uma linha reta de atendimento. Primeira coisa, instalação de prontuário eletrônico e colocar no eixo uma linha direta de atendimento. Começando pela UBS, que é a coisa mais importante e que aqui, em Sorocaba, infelizmente, não é utilizada corretamente. Começando pela saúde primária com a prevenção.”

Maria Lúcia - (PSDB)

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“A saúde de Sorocaba é o maior desafio e tem solução, mas é preciso uma gestão moderna, capaz de estimular e engajar os servidores. Por isso, vou fortalecer as políticas públicas de saúde, principalmente no atendimento primário da família, aprimorando o atendimento humanizado nas UBSs e os atendimentos emergenciais. Vou modernizar o programa Médico da Família, com a entrega de remédio de uso contínuo na casa do paciente. Vou retomar o caráter itinerante de atendimento do Ônibus da Mulher e do Ônibus do Homem. Irei implantar o atendimento médico on-line, fazer parcerias com hospitais, clínicas e laboratórios para acelerar a realização de exames e imagens. Vou implantar o Moto-Socorro, que trará mais agilidade no atendimento de emergências e utilizar a tecnologia para criar o prontuário eletrônico, gerenciando o sistema de compras, suprimentos, marcação de consultas, devolutivas de agendamento e pesquisas de satisfação. Além disso, já temos recursos garantidos para a construção de uma nova Policlínica na zona norte, aumentando a rede de atendimento de especialidades.”

Raul Marcelo - (Psol)

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“A saúde é uma das nossas principais prioridades e, ao mesmo tempo, um grande desafio para o futuro de Sorocaba. Priorizaremos a adequação das estruturas físicas, de equipamentos, de recursos humanos e a garantia de materiais de consumo e medicamentos. No agendamento de consultas, propomos um atendimento ágil, eficaz e humanizado em que os profissionais da saúde possam atender de acordo com a necessidade de cada paciente. No que diz respeito à saúde mental, iremos reforçar a Rede de Atenção Psicossocial e implementar práticas integrativas e complementares. Também vamos realizar parceria com as universidades, buscando aprimorar nossos serviços, de acordo com as diretrizes do SUS. Já no Saúde da Família, fortalecer esse programa é primordial para desenvolver ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças. Além disso, construir uma nova Policlínica na zona norte. Portanto, nós priorizaremos a saúde com seriedade, gestão eficiente, participação efetiva dos trabalhadores e da população, para trilhar o melhor caminho.”

Renan Santos - (PDT)

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“A saúde é um dos maiores desafios de Sorocaba, mas não o único. As soluções passam pela construção de uma cidade inteligente. Quero, como prefeito, lançar o programa Sorocaba Saudável, investindo na infraestrutura dos bairros, com academias ao ar livre, pistas de caminhada e ciclovias, bem como garantir atividades físicas monitoradas. As longas filas de espera para consultas e exames, que se agravaram com a pandemia, serão amenizadas com um bom planejamento, que está atrelado ao uso da tecnologia. Pretendo promover a integração digital de dados das unidades de saúde, inclusive as administradas por entidades filantrópicas e organizações sociais. Quero implantar o Agendamento Inteligente, para possibilitar a marcação das consultas nas UBSs por meio de aplicativo de celular. Precisamos reorganizar e integrar os serviços de saúde, além de viabilizar ações de saúde na escola. Defendo parcerias com instituições de ensino técnico e superior, para ampliar a formação continuada, além de fortalecer os programas de apoio à pesquisa na área de saúde pública.”

Rodrigo Manga - (Republicanos)

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“A saúde é prioridade em nosso plano de governo. É necessária uma grande mudança na gestão da saúde, a começar pela informatização de todo o sistema e marcação on-line ou presencial, se preferir, de consultas. Isso agilizará o atendimento da população e eliminará a necessidade de madrugar nas filas nas UBSs. Para acabar com as longas esperas por consultas, exames e cirurgias, estabeleceremos parcerias público privadas com hospitais particulares da cidade, para realizar mutirões. Também promoveremos uma gestão compartilhada com parcerias público privadas padrão Unimed nas 32 UBSs. Outra frente será conferir eficiência à utilização dos recursos humanos, com a realocação dos médicos das UBSs para a Policlínica, impedindo que as filas cresçam novamente e combatendo a superlotação nas UPHs. O atendimento nas UBSs será estendido até as 22h e três delas (Carandá, São Bento e Júlio de Mesquita) funcionarão 24 horas. Provaremos que é possível atender a população, sem deixar de lado os protocolos sanitários. Ainda, construiremos um Complexo Hospitalar na zona norte.”