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Rio Pirajibu recebe esgoto sem tratamento de Itu

08 de Outubro de 2020 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]

Rio Pirajibu recebe esgoto sem tratamento de Itu Afluentes do Pirajibu têm água turva e odor intenso. Crédito da foto: Marcel Scinocca (6/10/2020)

Dois pontos com esgoto in natura, ou seja, sem tratamento, foram localizados pela reportagem do jornal Cruzeiro do Sul na terça-feira (6). Um dos locais é no bairro Portal do Éden, em Itu. O segundo é no quilômetro 82 da rodovia Castelo Branco, e também estaria recebendo dejetos provenientes de Itu. A cidade possui, na região dos descartes, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) inaugurada em 2018, mas que, aparentemente, está inoperante.

O primeiro ponto de descarte irregular fica nas ruas José Benedito de Moraes e Inácio Silveira de Moraes. Segundo os moradores do bairro Portal do Éden, o córrego desce sentido ETE Pirajibu e continua até atingir o rio Pirajibu. Além de muito lixo e água com coloração escura, o odor característico de esgoto é bastante forte ao longo do pequeno córrego.

Exceto pela falta de sacolas e garrafas pet, a situação no quilômetro 82 da rodovia Castelo Branco é parecida. Só que o odor é ainda mais intenso. Lá, há o curso do córrego Tapera Grande, um dos braços do rio Pirajibu, a poucos metros da rodovia. Conforme relatos, o riacho tem vários pontos de descarte de dejetos. Ali, o esgoto seria proveniente do bairro Pirapitingui.

ETE parada

Próximo do córrego do bairro Portal do Éden, há uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Ela fica próxima de uma fazenda, quase na divisa de município com Sorocaba. A reportagem apurou que nenhuma atividade relacionada ao tratamento de esgoto estava sendo realizada no local. Além de não possuir pessoal na ETE de forma efetiva, os compartimentos que deveriam estar “processando” esgoto estão vazios.

Quando a ETE foi inaugurada, no início de 2018, a promessa era de que a cidade atingiria o porcentual de 100% de esgoto tratado. A reportagem não localizou o valor da obra. A Companhia Ituana de Saneamento não comentou o despejo de esgoto e nem a falta de funcionamento da ETE até o fechamento desta edição.

Questionada sobre a situação, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que o caso está sob responsabilidade do corpo técnico do órgão, o qual deverá se manifestar hoje (8).

Esgoto é despejado em córrego Tapera Grande. Crédito da foto: Marcel Scinocca (6/10/2020)

Absurdo

“É um absurdo que ainda temos esgoto in natura sendo despejados em rios. Isto é proibido por lei estadual, porém infelizmente é muito comum”, comenta André Cordeiro, doutor em Ciências da Engenharia Ambiental e especialista em recursos hídricos. “O caso do Pirajibu, além de Itu, recebe também parte dos esgotos de Alumínio”, lembra. “Na região, todos os rios que são mananciais do rio Sorocaba, como o Pirapora, Pirajibu e Ipanema, recebem esgoto não tratado”, afirma

Ele também falou sobre os investimentos feitos para a despoluição do rio Sorocaba. “Quando se fala em despoluição do Sorocaba, está se referindo ao tratamento de esgoto de Sorocaba, que realmente avançou muito nas últimas décadas”, reconhece. “Mas a bacia ainda tem muitos problemas: tanto a montante quanto a jusante de Sorocaba.”

A reportagem teve acesso a um documento da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê (FABH-SMT). Trata-se do 3° parecer técnico referente à etapa de pré-qualificação da ETE do Pirajibu. Conforme o documento, seria necessária a construção de emissário para lançamento dos esgotos tratados da ETE para o ribeirão Pirajibu, com uma extensão total de 571 metros.

A obra teria valor global superior de R$ 1,2 milhão. Os documentos são posteriores a maio deste ano, demonstrando que a ETE não tinha ou não tem toda a capacidade de operação atingida.

Captação de água

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) pretende captar água do rio Sorocaba para consumo em uma estrutura localizada à jusante da foz do córrego Pirajibu, no rio Sorocaba. A autarquia informou ontem (7) que realiza análise da água do rio Sorocaba e “os resultados têm se mostrado ideais e adequados para o sistema de tratamento que será empregado na ETA Vitória Régia”. Sorocaba já gastou R$ 200 milhões no processo de despoluição do rio que corta a cidade. (Marcel Scinocca)

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