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Frio fora de época surpreende moradores no fim de novembro

Temperaturas variam entre 13°C e 34°C

27 de Novembro de 2025 às 12:26
Da Redação [email protected]
 Mudança de tempo está relacionada ao fenômeno La Niña
Mudança de tempo está relacionada ao fenômeno La Niña (Crédito: Reinaldo Santos )

O fim de novembro está trazendo um frio atípico para o Estado de São Paulo e outras regiões. Mesmo com a chegada do verão marcada para 21 de dezembro, as ondas de ar frio seguem influenciando o clima. Na Região Metropolitana de Sorocaba, entre esta quinta-feira (27) e domingo (30), a previsão indica grandes variações nas temperaturas, com manhãs mais frias e tardes mais quentes.


Segundo o Climatempo, esta quinta-feira começa com mínima de 13°C e máxima de 27°C. A partir de sexta-feira (28), os termômetros voltam a subir, variando entre 14°C e 29°C.
No sábado (29), o sol ganha força durante a tarde, enquanto a nebulosidade aumenta ao longo do dia. As temperaturas devem oscilar entre 16°C e 32°C. Já o domingo (30) será o dia mais quente do período, com mínima de 18°C e máxima prevista de 34°C.


Ainda de acordo com o Climatempo, o tempo frio e seco favorece sintomas gripais e respiratórios. Moradores de Sorocaba relatam desconforto com a mudança no clima.


A professora universitária Jéssica Bastida, 43 anos, conta que o frio fora de época tem alterado sua rotina e a da família. “A gente está vendo um frio atípico, um tempo que uma hora está calor e outra hora está frio. Como mãe, minha principal preocupação agora são as crianças”, afirma.
Segundo ela, os cuidados tiveram de ser intensificados. “A hidratação aqui em casa ficou maior. A alimentação também mudou. Comecei a dar suplementação de vitaminas por orientação da pediatra, para evitar que fiquem gripados com frequência. Antes eu não fazia isso, só oferecia frutas, mas agora a suplementação tem sido necessária”.


Apesar disso, Jéssica diz que os sintomas continuam aparecendo. “Mesmo com vitaminas, ainda percebo coriza e febre nas crianças. Às vezes os sinais surgem de repente, sem aviso. Como ainda estão no período escolar, isso acontece de forma brusca”.
Ela relata que não se lembra de uma instabilidade tão grande nesta época do ano. “Anos atrás, essa fase já era mais tranquila. Agora eu saio de casa levando roupa de frio, roupa de calor, protetor solar e até uma mantinha no carro. A gente nunca sabe como vai ficar. Você sai de um jeito e volta de outro”.


A aposentada Rita Romero, 65 anos, conta que a variação de temperatura tem afetado sua saúde e sua rotina. “Estou sentindo coisas que eu não sentia, como tontura, sonolência... Tudo acontece de forma muito brusca”, relata.


Ela afirma estar preocupada também com o impacto do clima na alimentação. “A comida está sumindo e está caríssima. Eu sempre compro orgânicos. Antes eu achava cebolinha em qualquer lugar, agora não acho, é sempre com muito agrotóxico. O tempo interfere nisso também, e isso me deixa muito preocupada”.
Rita lembra que, antigamente, as estações do ano eram mais definidas. “Era tudo certinho. No fim do inverno, eu lavava e guardava as roupas e não usava mais. Agora, durmo com dois pijamas: um bem leve, para quando esquenta de repente, e outro com manguinha. Também tenho dormido com um edredom leve. Nesta noite mesmo foi assim.”


Para ela, a principal causa das mudanças está no desmatamento. “As árvores estão indo embora. Vi que no Mato Grosso já é o terceiro dia de queimadas. O pessoal coloca fogo para criar gado, temos que parar com isso. É só dinheiro, mas a gente não vai comer dinheiro, vamos comer comida, se tiver.”
A aposentada conta que sentiu o frio intenso do dia anterior. “Dormi de edredom em plena primavera. Converso com o pessoal da minha idade e ninguém lembra de algo assim. Estamos quase no verão, dia 20, 21, e o sol está fervendo. A camada de ozônio está indo embora. Dormir com edredom nessa época é inédito para mim.”


Por que a mudança brusca de tempo?


O meteorologista da Defesa Civil, William Minhoto, explica que a mudança está relacionada ao fenômeno La Niña, um padrão climático natural marcado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, que altera a circulação dos ventos e afeta o clima em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil.
Segundo Minhoto, no Estado de São Paulo as temperaturas tendem a ficar mais baixas durante a transição da La Niña, que deve permanecer ativa até abril de 2026, quando o padrão começa a se normalizar. Ele destaca que o inverno também pode ser mais rigoroso devido à persistência do fenômeno em 2025. Para o meteorologista, a sensação de “frio fora de época” está ligada ao histórico recente de anos muito quentes: “Como tivemos anos seguidos de temperaturas elevadas, esse frio moderado já parece algo muito diferente.” (Maria Clara Campos - Programa de estágio)

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