O missionário José Olímpio (PL-SP) voltou à Câmara Federal em março e sua permanência no cargo tem se estendido diante da ausência prolongada de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado titular não retornou ao Brasil após o fim da licença oficial de 120 dias.

A licença de Eduardo Bolsonaro terminou no dia 20 de julho. Desde então, ele permanece nos Estados Unidos e não retomou suas atividades legislativas. A ausência pode abrir margem para questionamentos regimentais e eventuais sanções conforme previsto nas normas da Casa.

Nesse contexto, José Olímpio continua exercendo o mandato de forma legítima, amparado pelo regimento interno. Ele ocupa uma das cadeiras do PL-SP, uma vez que o primeiro suplente, Adilson Barroso, assumiu outra função, e outros deputados da legenda estão temporariamente afastados, como Carla Zambelli.

“Meu mandato como suplente segue normalmente em Brasília”, afirmou Olímpio à reportagem do Cruzeiro do Sul. Desde que reassumiu o mandato, Olímpio fez 11 discursos no plenário e mantém apenas um servidor lotado oficialmente em seu gabinete: Eduardo Nonato de Oliveira, ex-assessor de Eduardo Bolsonaro.

Apesar da estrutura enxuta, o deputado tem participado de agendas públicas com posicionamentos próximos ao espectro conservador. Em manifestações recentes, declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou a condução institucional no País e compartilhou um vídeo no qual elogia o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, por comentários favoráveis ao cenário político brasileiro.

Natural de Itu, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), José Olímpio tem carreira consolidada tanto na política quanto no meio religioso. Foi vereador em Itu e em São Paulo, deputado federal por dois mandatos (2011 a 2019) e é ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus. Em 2022, obteve 61.938 votos, ficando como segundo suplente do PL por São Paulo.

Sua atuação no Congresso é marcada por pautas com forte conteúdo religioso. Em 2014, foi autor de um projeto de lei que propunha a proibição do uso de chips em humanos, sob o argumento de prevenir ações de uma suposta “Nova Ordem Mundial”.

A volta de Olímpio à Câmara ocorreu num momento de reorganização da bancada do PL, especialmente diante da ausência de Eduardo Bolsonaro, um dos nomes mais votados da legenda em 2022.

Normas regimentais

O deputado afirma que não há pressão para deixar o cargo e que sua permanência segue os trâmites formais da Casa. “Não há nenhum motivo para uma saída imediata”, disse. “O deputado licenciado terá as faltas anotadas e deverá justificar. É um procedimento técnico que não envolve opinião própria.”

Enquanto Eduardo Bolsonaro permanece fora do País e sem previsão de retorno oficial, José Olímpio segue como deputado federal. Até o momento, não há indicações de mudança nesse cenário. (João Frizo - programa de estágio)