A dança das cadeiras nas secretarias da Prefeitura de Votorantim continua. Em sete meses de gestão, o prefeito Weber Manga (Republicanos) teve cinco titulares saindo dos cargos por diversos motivos. A mais recente movimentação divulgada pelo Executivo é de que Rosangela de Paula assume interinamente o cargo de Secretária de Educação no lugar de Anderson Oliveira Santos; e que Carlos José de Almeida, titular da Secretaria de Obras e Urbanismo, ocupará de forma interina e cumulativa o cargo de secretário de Planejamento e Desenvolvimento, após a saída de Nilton Wakabayashi.

Em março, Weber afirmou ao jornal Cruzeiro do Sul que tinha “uma equipe técnica” suficiente para repor os secretários que deixaram suas pastas desde o começo do ano. O médico Claudio Terasaka deixou a Secretaria de Saúde no começo de fevereiro; Mirian Zacareli pediu exoneração da Secretaria de Obras e Urbanismo no fim do mesmo mês; e Fábio Barroso pediu exoneração da Secretaria de Meio Ambiente no dia 12 de março. “Temos muita vontade de trabalhar neste começo de ano, e confio na minha equipe. Está tudo indo bem”, disse Weber Manga na época.

Foi pouco tempo depois disso que Anderson Oliveira Santos, ex-secretário de Educação e Cultura de Mairinque até dezembro de 2024, foi anunciado como novo secretário de Educação da Prefeitura de Votorantim. A pasta era ocupada por Luiz Carlos Correa, que passou a ser o titular da Secretaria de Meio Ambiente depois que Fábio Barroso pediu exoneração.

Na noite de terça-feira (15), Nilton Wakabayashi afirmou ao Cruzeiro do Sul que esteve com Weber desde a coordenação do plano de governo, e já havia alinhado com o prefeito um projeto de consultoria empresarial. Ele ressaltou também que deixar o cargo não era uma novidade e continua apoiando o governo, mas, que em um dado momento, teria que seguir com o projeto pessoal -- motivos particulares foram as razões dadas por todos os secretários que deixaram o cargo.

A administração municipal de Votorantim é composta por 15 secretarias: a Fundação da Seguridade Social dos Funcionários Públicos Municipais (Votoprev) está sob responsabilidade de Alessandra Silvina Aparecida Augusto de Camargo; a Secretaria de Administração é chefiada por Claudemir Aparecido Muquem; a Secretaria de Cidadania e Geração de Renda tem como titular Leda Diniz; a Secretaria de Cultura e Turismo está sob comando de Evandro Gonçalves Domingues; a Secretaria de Educação é dirigida agora interinamente por Rosangela de Paula; a Secretaria de Esportes está a cargo de Anderson Remelli; a Secretaria de Finanças é liderada por João Luis de Sousa; a Secretaria de Governo tem como responsável Roberto Bellini Martins; a Secretaria de Meio Ambiente está sob gestão de Luiz Carlos Correa; a Secretaria de Mobilidade Urbana é chefiada por Jonata Elias Mena; a Secretaria de Negócios Jurídicos está sob responsabilidade de Jean Carlos Nunes Oliveira; a Secretaria de Obras e Urbanismo é comandada por Carlos José de Almeida, e que agora também responde provisoriamente pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento; a Secretaria de Saúde é dirigida por Robertson Magalhães Jordão; e a Secretaria de Serviços Públicos está sob responsabilidade de Rodrigo Peralta. 

Advogado vê como normais as trocas na administração

O advogado Márcio Tomazela, especialista na Lei de Responsabilidade Fiscal e na defesa em ações civis de improbidade administrativa, observa que os chefes do Executivo podem trocar secretários “à medida em que a pessoa que foi escolhida não se ajustou àquele cargo, não se adaptou ou não está correspondendo à expectativa do prefeito ou da população”.

O cargo de secretário, explica Tomazela, é de confiança, que também ressalta que o próprio secretário pode não querer mais continuar. Ele explica que decisões e contratos assinados “se revestem de legalidade, são atos jurídicos legais, não têm razão de anulação”. “O novo secretário tem que prosseguir com esse contrato sem problema algum, “então o contrato assinado tem que ser respeitado, inclusive pelo novo secretário”, diz o advogado. (T.R.)

População percebe instabilidade, diz Kriguer

O presidente da Câmara de Votorantim, Rodrigo Kriguer (PSD), aponta algo incomum nas trocas constantes. “Entendemos que a rotatividade excessiva em cargos estratégicos da administração pública não é algo comum nem saudável à gestão. A continuidade administrativa e a estabilidade das equipes são fundamentais para garantir a eficiência dos serviços prestados à população”, diz. O parlamentar considera que, quando há sucessivas exonerações e nomeações, “especialmente em áreas sensíveis, cria-se um ambiente de incerteza e instabilidade”.

A Câmara Municipal, dentro de suas competências constitucionais, “tem exercido o papel de fiscalizar e cobrar explicações sempre que necessário”, afirma Kriguer. “Também buscamos o diálogo institucional, na tentativa de contribuir com propostas e soluções para que a cidade não seja penalizada por eventuais descompassos internos do Poder Executivo.”

Em sua percepção, o vereador acredita que a população acompanha e percebe essas instabilidades. “A falta de continuidade em projetos, o vai e vem de secretários e a sensação de desorganização administrativa podem abalar a confiança dos munícipes no governo.” O presidente da Câmara diz receber “essas inquietações por meio dos cidadãos e procura tratá-las com responsabilidade, buscando o equilíbrio entre a independência dos poderes e o compromisso com o interesse público”. (T.R.)