Tapiraí, município da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), celebrou ontem (11) a 4ª edição da Feira Nacional do Gengibre (Fenagen), evento que será encerrado amanhã (13) e que vem consolidando a cidade como referência nacional no cultivo da raiz comestível. A feira tem impulsionado a economia local, valorizado a agricultura familiar e unido tradição, ciência, empreendedorismo e solidariedade em uma programação intensa e histórica.

Realizada na Praça de Eventos Matheus Ricciardi, a Fenagen 2025 também integra a 20ª Expo Gengibre, a 40ª Feira Agrícola e, pela primeira vez, a Feira de Empreendedorismo e Inovação. A programação tem atraído produtores, pesquisadores, técnicos, autoridades e visitantes que percorrem estandes de produtos agroindustriais, acompanham palestras e avaliações técnicas e participam ativamente das decisões do evento.

Um dos destaques desta edição foi a votação popular para o prêmio de “Melhor Gengibre”. Pela primeira vez, o público do evento pôde votar no gengibre que considerava mais atraente visualmente, estreitando o vínculo entre produtores e comunidade e estimulando o sentimento de pertencimento à cultura local. Toda a renda da venda dos gengibres expostos será revertida para a Santa Casa de Tapiraí.

Em entrevista ao Cruzeiro do Sul, o prefeito Araldo Todesco (PSB) destacou a evolução da Fenagen e seu papel estratégico para o desenvolvimento do município. “Essa é a primeira edição voltada também ao empreendedorismo e inovação, com apoio do Ministério da Micro e Pequena Empresa, essencial para a realização desta festa que cresce a cada ano. Hoje, Tapiraí está se consolidando como a Capital do Gengibre”, comenta.

Todesco ressaltou que o gengibre é uma cultura valorizada por sua rentabilidade e origem na agricultura familiar. “É um produto que vem do pequeno produtor, do agricultor familiar. Ele traz renda, movimenta a economia e tem qualidade reconhecida internacionalmente.”

O prefeito também destacou o trabalho técnico desenvolvido com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e com o Instituto Federal de São Paulo, campus Boituva (IFSP). “Estamos há dois anos com esse projeto, não só para melhorar o cultivo, mas também para pesquisar plantas mais resistentes ao fusário, uma doença que ataca o gengibre e para a qual não há defensivos eficazes. O segredo está no cuidado com a terra, na escolha das sementes e nas boas práticas culturais”, explica.

Clima e identidade

Todesco informou ainda que já tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo o projeto que reconhece oficialmente Tapiraí como a Capital do Gengibre. O município também busca junto ao IFSP a certificação de identidade geográfica, o que agregaria ainda mais valor ao produto local. “Nosso gengibre tem sabor, qualidade e características únicas, resultado do clima, relevo, altitude e tipo de gengibre cultivado aqui.”

Segundo ele, o gengibre tapiraiense já alcançou os melhores preços no mercado norte-americano. “Na bolsa de commodities dos Estados Unidos, nosso gengibre tem o maior valor por causa da sua qualidade. E ele vai muito além da culinária: é usado em bebidas, corantes, cosméticos, medicamentos e outros produtos industriais.”

30% da produção nacional

O técnico em agronegócio Danilo Faria da Silva destacou a importância do evento para a região, que tem forte vocação agroindustrial. “Estamos na 20ª Expo Gengibre, na 40ª Feira Agrícola, na 4ª Fenagen e na 1ª Feira de Empreendedorismo. Tapiraí responde por cerca de 30% da produção nacional de gengibre e até 70% da produção estadual.”

Ele explicou que o gengibre, originário da Ásia, foi introduzido na região pela colônia japonesa e se adaptou perfeitamente ao clima e à topografia local. “Aqui, ele cresce naturalmente, com a umidade preservada pela vegetação nativa. Em outros estados, só se desenvolve bem com irrigação.”

Danilo também enfatizou a relevância da parceria com o IAC. “Trabalhamos juntos no campo e no laboratório, buscando plantas com maior resistência, produtividade e qualidade. Já fomos grandes exportadores nos anos 1990, mas perdemos espaço. Agora, queremos retomar esse mercado e fortalecer nossa economia.”

Ciência e novas possibilidades

Ao longo do evento, a Fenagen apresentou palestras e atividades que uniram ciência e prática no campo. Foram apresentados resultados de pesquisas do IAC, discutidos novos produtos derivados do gengibre e compartilhadas experiências com produtores do Espírito Santo, outro polo relevante da cultura. Também houve palestra sobre mercado externo, avaliação técnica dos melhores gengibres e roda de conversa entre produtores e pesquisadores.

Símbolo cultural e econômico

Com inovação, pesquisa científica, fortalecimento da agricultura familiar, geração de renda, integração comunitária e ações solidárias, a 4ª Fenagen demonstrou a força do gengibre como símbolo econômico e cultural de Tapiraí. “Nosso objetivo é melhorar cada vez mais a qualidade do gengibre e garantir que ele continue sendo orgulho para Tapiraí, fonte de renda para os produtores e símbolo de identidade para nosso município e para o Brasil”, finaliza o prefeito Araldo Todesco. (João Frizo - programa de estágio)