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Em Araçoiba da Serra

Centro de Conservação é refúgio seguro para espécies ameaçadas

Espaço conta com mico-leão-preto, sagui-da-serra-escuro, tamanduá-bandeira, perereca-pintada e as arara-azul-de-lear

02 de Junho de 2025 às 21:30
Thaís Verderamis [email protected]
Local completa 10 anos de atividade no próximo dia 19 de junho
Local completa 10 anos de atividade no próximo dia 19 de junho (Crédito: ALISSON ZANELLA)

Estrada de terra, muito verde e o som que revela onde ficam os viveiros destinados aos animais. O Centro de Conservação da Fauna Silvestre (Cecfau) completa dez anos no dia 19 de junho. Localizado em Araçoiaba da Serra, na estrada de Jundiaquara, 33b, o local é referência nacional na reprodução de espécies ameaçadas, sob jurisdição do Governo do Estado.

O Cecfau trabalha com seis espécies em extinção com requerimento de conservação ex situ (conservação sob cuidados humanos), ou seja, animais que necessitam do auxílio dos profissionais para o aumento populacional e como meio de segurança, em caso de perda dos animais que vivem soltos na natureza.

Atualmente, o espaço conta com duas espécies de primatas, o mico-leão-preto, que concentra uma das maiores populações de animal no País — patrimônio ambiental do estado de São Paulo —, e os saguis-da-serra-escuro, além de tamanduás-bandeira, a perereca-pintada e as araras-azul-de-lear.

Atualmente, há quatro casais de araras-azul-de-lear reprodutivos no mundo, dois deles estão no Cecfau, um no Zoológico de São Paulo e outro na Espanha. A espécie endêmica do sertão da Bahia, já foi considerada uma das mais raras do mundo.

Nos quase dez anos de atuação, o local já contabilizou 458 animais, mais de 370 nascidos no próprio Centro, sendo os anfíbios os maiores reprodutores. Foram 24 animais, entre os primatas e as araras, resgatados ou apreendidos do tráfico ilegal de animais silvestres.

Há três categorias de risco de extinção: vulnerável; em perigo; e criticamente em perigo de extinção. Os tamanduás-bandeira, que estão no nível mais baixo, como vulneráveis, sofrem na natureza com atropelamentos, queimadas e perda do habitat natural por invasão do espaço, como por exemplo, por construções, sendo atendidos no Cecfau desde 2015. Já as pererecas, foram descobertas em 2013, como uma nova espécie, nativas de Minas Gerais, e são consideradas criticamente em perigo, assim como as araras-azul-de-lear.

Segundo o coordenador do Cecfau, Cauê Monticelli, de 39 anos, o trabalho realizado não se resume apenas ao de reprodução das espécies. “O Cecfau atua em uma linha de frente também vinculada a conservação. Nós trabalhamos com animais sob cuidados humanos e esse trabalho funciona como uma ferramenta das ações de conservação como um todo, na linha de frente a reprodução dos animais e a pesquisa, em questões de fisiologia, anatomia, comportamento e até o sucesso reprodutivo. Então, o objetivo do Centro é trabalhar na reprodução dessas espécies ameaçadas, em especial, que vão desde vulneráveis a criticamente em perigo de extinção para aumentar a população desses animais sob cuidados humanos e subsidiar também programas de reforço populacional na natureza ou reintrodução”, explica.

O espaço recebe R$ 3.5 milhões anuais do Estado. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) de São Paulo o trabalho realizado no Cecfau é motivo de orgulho para o nosso Estado. Ele traduz em ações concretas o nosso empenho em proteger a biodiversidade brasileira com base na ciência, na inovação e em parcerias qualificada.

Futuramente, o plano é expandir o atendimento do Cecfau até o ano de 2026, com recintos versáteis para múltiplas espécies-alvo. Com 30 hectares de área total, oito estão em uso. Segundo Monticelli, “temos condições de expandir a atuação do Cecfau, fortalecendo as ações de conservação de um número maior de espécies que exigem manutenção sob cuidados humanos e iniciativas colaborativas. O centro vem se estruturando continuamente para responder a novas demandas e apoiar propostas diversas de conservação, incluindo ações de refaunação, atualmente em debate no âmbito do Estado de São Paulo.”

 

 

 

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