Um varal solidário no bairro Dominguinhos, em Votorantim, pegou fogo na semana passada. O espaço é composto por peças de roupa e sapatos doados e funcionava no sistema “Pegue e Leve”. Por causa do incêndio, os responsáveis optaram por deixar os itens à disposição apenas aos sábados.

Em conversa com a reportagem nesta segunda-feira (24), Rose Fidencio contou que por volta das 16h do dia 18, estava dentro de casa e começou a ouvir seus cachorros latirem bem alto, até que um vizinho falou que colocaram fogo no espaço. “Foi uma sensação muito triste e me deixou com medo, por que vai que aconteça algo maior né, colocar fogo em casa, né?”, desabafou a responsável pelo varal solidário.

Ainda conforme dona Rose, ela suspeita de que o incêndio tenha sido criminoso e iniciado com um isqueiro, baseado em depoimentos de quem estaria passando no local na hora. Mesmo tendo uma ideia de quem poderia ter provocado as chamas devido a uma situação que ocorreu, não pode provar pois não há câmeras de segurança na região.

Com a labareda alta, a dona de casa de 55 anos chamou o Corpo de Bombeiros, que teria feito pouco caso da situação e respondido para Rose apagar o fogo com água. A mesma recusa de atendimento teria ocorrido com a Polícia Militar. Os policiais teriam respondido que “como não há prova, não adiantaria fazer o boletim de ocorrência”.

O Cruzeiro do Sul entrou em contato com as corporações sobre a situação. Em nota conjunta, tanto a Polícia Militar quanto o Corpo de Bombeiros disseram que não encontraram o registro dos áudios relatados. Os órgãos salientaram ainda que “a conduta descrita não condiz com os protocolos das instituições e as forças de segurança paulistas são formadas por profissionais capacitados para prestar assistência em ocorrências e garantir a segurança da comunidade”.

Em outro trecho, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) cita da importância do registro da ocorrência. "Pode ser realizado em qualquer distrito policial ou pela Delegacia Eletrônica e, além de garantir que os fatos sejam investigados, o BO também é uma ferramenta importante para que as forças de segurança possam mapear as ocorrências e reorientar as ações de policiamento", finaliza a nota. 

Só aos sábados

A perda das roupas e sapatos foi total. Por isso, no dia do incêndio cogitou parar com a ação que faz desde 2019. Mas, tão logo que os vizinhos e pessoas que doavam as peças souberam do fogo, não hesitaram em doar mais peças. A atitude fez com que Rose mudasse de ideia. “Isso que aconteceu comigo me fez refletir. Tentaram me prejudicar, fazer com que eu parasse com isso, mas as pessoas foram tão solitárias com a gente que me deu forças para me reerguer”, conta.

Apesar de se mostrar dedicada à causa, Rose e seu irmão tomaram a decisão de que só vão montar o varal solidário aos sábados. “Assim eu tenho tempo também de organizar as doações durante a semana e deixar no final de semana. Vamos colocar às 8h e tirar meio dia. Antes era todo dia, mas preferimos mudar”, explica.

O projeto

Rose e o irmão faziam doações de roupas e calçados para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Os dois saíram entregando para quem precisasse. Mas em 2019 tiveram a ideia de montar um varal solidário na rua Sorocabana, na Vila Dominguinho, o “Pegue e Leve”.

“E de lá pra cá vem sendo um projeto social que ajuda as pessoas que não podem comprar uma peça e estão precisando naquela hora. É um movimento muito bonito”, reflete dona Rose. Tudo é feito sem fins lucrativos e conta com a colaboração da população na entrega dos itens a serem doados.

Quem quiser ajudar pode entrar em contato com a Rose no número (15) 99652-0282 ou Priminho no (15) 99652-6814.

** matéria atualizada às 18h27 com a inserção do posicionamento da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros